Construindo pontes para a inovação: a importância da colaboração entre cientistas e empreendedores

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Construindo pontes para a inovação: a importância da colaboração entre cientistas e empreendedores

logo do Prêmio Inventores nas cores verde claro e azul. O desenho são duas cabeças que formam uma lâmpada e embaixo o texto Prêmio Inventores Unicamp

Este artigo compõe a série Prêmio Inventores 2024 | Texto: Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S | Foto: Isaque Martins

O Brasil é considerado o país mais inovador da América Latina e ocupa a 49ª posição no mundo, segundo o Global Innovation Index 2023, publicado pela World Intellectual Property Organization (WIPO). Este resultado reflete nosso compromisso e potencial na busca pela inovação. Mas como podemos realmente compreender e aplicar este conceito?

Foi só durante o meu mestrado que descobri a definição formal, em um tal Manual de Oslo, da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). De acordo com o documento, inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço), processo, método de marketing ou método organizacional novo ou significativamente melhorado. A dúvida surge em torno do termo “significativamente melhorado”; será que o “método Virgilio” de gestão organizacional se encaixa nesta definição?

Virgilio Marques

O manual especifica que algo é considerado inovação se for novo (ou significativamente melhorado) para a empresa, mesmo que já exista em outras organizações ou setores. Portanto, caros leitores, meu “método” se encaixaria na definição, pois em minha startup ele foi criado por meio de pequenas adaptações no método organizacional proposto por Edwards Deming e ajustado pela Toyota. Mesmo que outras organizações pelo mundo já tenham feito alterações nesse método, iguais ou até melhores do que a que fiz, elas não estão implementadas em minha empresa. Portanto, posso afirmar que é uma inovação.

Agora, será que essa definição é compartilhada por todos – cientistas, centros de pesquisa ou até mesmo empresas? Pela minha experiência em transferência de tecnologias da universidade para as empresas, não.

Cada ator na cadeia de inovação desempenha um papel distinto: pesquisadores criam invenções passíveis de proteção por meio de patentes, modelos de utilidade, programas de computador ou cultivares; já as empresas transformam essas invenções em soluções que agregam valor ao mercado. Muitas vezes, há um descompasso entre academia e indústria. No ambiente acadêmico, uma invenção é valorizada pela sua originalidade. Na indústria, ela pode ser considerada inviável até ser adaptada para o mercado.

O Desafio Unicamp ilustra a importância da colaboração entre pesquisadores e profissionais da indústria. O sucesso ocorre quando cientistas desenvolvem conceitos inovadores e profissionais ajustam esses conceitos para o mercado. Ajustes podem incluir aplicações práticas, embalagens, marketing e desenvolvimento do produto. Sem uma equipe dedicada a adaptar o conceito ao mercado, mesmo as melhores invenções podem falhar.

Os setores têm seus próprios caminhos para transformar invenções em inovações de mercado. Na indústria farmacêutica, o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) é maior devido ao potencial de retorno, como em fármacos oncológicos. Em contraste, o setor de software inova de forma mais rápida e econômica.

Por fim, para a inovação prosperar, é crucial construir uma colaboração eficaz entre cientistas e empreendedores. A compreensão mútua de suas habilidades complementares é essencial para transformar ideias em soluções úteis e eficazes. A construção de pontes entre esses dois mundos sabiamente acelera o avanço tecnológico e garante que as inovações realmente beneficiem a sociedade. Portanto, se você é um inventor, pesquisador ou empreendedor, considere como pode colaborar com outros setores para transformar suas ideias em inovações que façam a diferença.

PRÊMIO INVENTORES 2024

Este artigo integra a série de reportagens especiais em celebração ao Prêmio Inventores 2024, que abordam algumas das tecnologias licenciadas, absorvidas pelo mercado e empresas spin-offs acadêmicas da Universidade Estadual de Campinas. Você pode acessar esses conteúdos pelo site da Inova  ou em formato de ebook na Revista Prêmio Inventores 2024 com lançamento previsto para este mês. A programação do Prêmio Inventores também incluiu o webinar sobre os 20 anos da Lei de Incentivo à Inovação e casos de sucesso de tecnologias da Unicamp absorvidas no mercado, que aconteceu no dia 10 de setembro. A gravação do webinar está disponível neste link.

Confira todos os premiados e homenageados no site Prêmio Inventores da Unicamp.

Os patrocinadores do Prêmio Inventores 2024 são: ClarkeModet e FM2S.