17 jun Antienvelhecimento guardado nas sementes do maracujá
Texto por Karen Canto
Foto por Thais Oliveira
A fruta que possui uma das flores mais belas da natureza, o maracujá, guarda em suas sementes compostos bioativos com potencial de prevenir o envelhecimento da pele, através de propriedades que ajudam na renovação celular e na produção de colágeno. A novidade vem da Rubian Extratos, uma startup que, segundo seu sócio-fundador Eduardo Aledo, tem a Unicamp em seu DNA. Incubada na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp) entre os anos de 2015 e 2018, a empresa já realizou quatro licenciamentos de tecnologia com o apoio da Agência de Inovação Inova Unicamp.
A formulação da emulsão de maracujá com propriedades antienvelhecimento começou quando, após o licenciamento de uma tecnologia de extração sequencial de bioativos a partir das sementes do maracujá em 2016, a empresa firmou uma parceria de pesquisa com o grupo liderado pelo professor Julian Martínez, da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp. Além de propriedades antioxidantes e de antienvelhecimento, a emulsão desenvolvida apresentou características sensoriais muito interessantes para a indústria cosmética.
“A novidade do produto levou a Inova, em parceria com a empresa, a requerer, além da patente nacional em cotitularidade, também a proteção internacional via PCT (Patent Cooperation Treaty), que licenciamos, com exclusividade, para a Rubian, pois acreditamos na possibilidade de alcance de outros mercados, além do brasileiro ”, afirma Iara Ferreira, diretora de parcerias da Inova Unicamp.
Martínez explica que os extratos combinados, produto do desenvolvimento, são conhecidos como miniemulsões. Elas concentram, num único produto, as propriedades bioativas da parte lipídica e hidroetanólica do maracujá (Passiflora edulis). Estudos já realizados demonstram que os extratos obtidos possuem capacidade de inibição das enzimas responsáveis pela degradação da elastina e do colágeno e também revelam a capacidade de promover a proliferação de queratinócitos, que atuam na renovação celular.
Aledo conta que a empresa ficou muito confiante sobre as diversas possibilidades de aplicação da emulsão e que a segurança comprovada em testes de citotoxicidade, aliada a propriedades antioxidantes e de antienvelhecimento, levaram o time a empregá-la em produtos cosméticos, como séruns, loções de limpeza e de hidratação. “A previsão de lançamento destes produtos no mercado é até o final de 2021”, antecipa o empreendedor.
Pesquisa em parceria com a Unicamp
Entre as motivações para o trabalho conjunto com a Unicamp no desenvolvimento de novos produtos, Aledo destaca a qualidade da tecnologia, “são produtos limpos por design, não apenas retirados da natureza e colocados no mercado” e também o caráter de sustentabilidade dos processos empregados, já que os extratos são obtidos por extração supercrítica, sem utilização de solventes tóxicos e a partir da reutilização de resíduos de maracujá produzidos pela indústria de alimentos na produção de sucos.
“Vamos aproveitar o que a natureza nos oferece, sem desperdício. Na economia circular você dá valor a um produto que seria descartado e, nesse caso, há um alto valor agregado a algo que iria para o lixo.”, avalia Aledo.
Além do professor Martínez, o desenvolvimento da tecnologia teve a participação da pesquisadora Juliane Viganó, de Philipe dos Santos e Márcio Lopes. O projeto contou com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Sobre a Rubian Extratos
A Rubian Extratos atua na área de saúde e bem-estar desde 2015, com foco em tecnologias que permitam a extração de bioativos com funcionalidade a partir de matrizes vegetais. Além da extração sequencial das sementes de maracujá, a startup também obteve outros licenciamentos de tecnologias desenvolvidas na Unicamp, como a obtenção de óleo de urucum e sementes desengorduradas e a aplicação dos extratos da casca de jabuticaba no controle da obesidade, diabetes e outras comorbidades. A Rubian tem o apoio da Fapesp através do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), que no momento está em Fase 2, sendo que Fase 1 foi relativa ao desenvolvimento da patente em cotitularidade com a Universidade, direcionada à exploração do produto.
Karen Canto é graduada e mestre em química pela UFRGS, doutora em Ciências pela Unicamp, aluna do curso de especialização em jornalismo científico Labjor/Unicamp e bolsista Mídia Ciência (Fapesp).