20 mar Realidade virtual aplicada à neuroreabilitação
Startup busca levar ao mercado tecnologia para recuperação motora de pacientes
Por Kátia Kishi
Incubada na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp, a startup Bioxthica é um dos exemplos de um novo conjunto de empresas, criadas a partir da pesquisa realizada na Universidade em prol de levar ao mercado soluções tecnológicas para problemas de grande impacto na sociedade. A empresa é uma spin-off do BRAINN (Brazilian Institute of Neuroscience and Nanotechnology), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da Fapesp na Unicamp, e seu sócio-fundador é Alexandre Brandão, pesquisador de pós- -doutorado do BRAINN.
A empresa desenvolve junto ao BRAINN soluções na área de informática em saúde com interfaces de realidade virtual e dispositivos vestíveis para Interação Humano-Computador. Ou seja, atividades de interatividade com ambientes virtuais a partir de estímulos motores e cognitivos que podem contribuir na recuperação motora de pacientes em processo de reabilitação.
Entre os resultados da solução em desenvolvimento, o grupo já desenvolveu seis softwares, sendo que quatro estão em testes no Hospital de Clínicas da Unicamp e dois, registrados pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), estão em processo de licenciamento pela empresa, cujas marcas dos programas de computador já foram licenciadas pela Bioxthica. Trata- -se do e-House e e-Street, que a empresa pretende fundir em uma mesma plataforma a fi m de simular ambientes urbano e residencial reais e reproduzir atividades de vida diária, como marcha estacionária para simular travessia de ruas e carros circulando na cidade virtual e-Street. A intenção é que os pacientes controlem os ambientes virtuais a partir de movimentos relacionados com a reabilitação e sob orientação de um fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional (especialista em cinesiologia).
“Por exemplo, se a expectativa é reabilitar o movimento de marcha para o paciente reaprender os movimentos relativos à caminhada e ele não consegue fazer esse movimento completo, o movimento parcial que ele consegue fazer é associado ao caminhar nesse ambiente virtual (e-Street). Isso faz com que o paciente experimente a sensação de deslocamento do corpo para frente”, detalha o pesquisador. A estimativa é que o produto chegue ao mercado já no próximo ano com público-alvo focado nos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais especializados na neurorreabilitação.
Brandão relembra que sua trajetória no BRAINN começou com uma bolsa FAEPEX (Fundo de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão) de Jovem Pesquisador, continuou com uma bolsa de Treinamento Técnico da Fapesp e hoje ele é um pesquisador empreendedor, motivado pela necessidade de transferência da tecnologia para a sociedade: “A tecnologia está em desenvolvimento, na fase de testes, mas como recebemos demandas de pessoas que querem utilizar a tecnologia, optamos por submeter um projeto de incubação na Incamp para criar uma empresa spin-off do BRAINN e começar a estudar como captar recursos para transformar a tecnologia em um produto final, levá-la para o mercado e continuar as pesquisas e o desenvolvimento de novas soluções de uma forma sustentável”.
Brainn, um CEPID Fapesp na Unicamp
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) mantém um programa especial que fomenta, por até 11 anos, os Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDS) em diferentes campos de atuação. Ao todo, são 17 centros com a missão de elevar o patamar da pesquisa multidisciplinar, seja em pesquisa básica ou aplicada, a fi m de transformar o ecossistema econômico e social no estado de São Paulo por meio de transferência de tecnologia e atividades de extensão.
Entre os 17 CEPIDS, encontra-se o BRAINN, sediado na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, que tem como meta desenvolver novos métodos e técnicas voltadas na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças cerebrais debilitantes, especialmente a epilepsia e o acidente vascular cerebral (AVC).
Atualmente, o BRAINN mantém 63 pesquisadores de diferentes áreas conduzindo 137 subprojetos que já geraram 5 patentes e 14 registros de softwares. Além da Bioxthica, a Hoobox é outra empresa spin-off do BRAINN, também incubada na Incamp.