2 de maio de 2016 OptoLink (2015)
MÉTODO MONITORA EM TEMPO REAL FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA
[h4a]Texto: Carolina Octaviano / Foto: Antonio Scarpinetti[/h4a]
Tecnologia é voltada para a indústria sucroalcooleira, mas indústria de bebidas também pode ser beneficiada
Pesquisadores da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp em parceria com profissionais do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) desenvolveram um método que possibilita monitorar em tempo real a conversão de açúcares no processo de fermentação alcoólica. Voltado para o aumento da eficiência em usinas alcooleiras, os sensores são instalados nas dornas de fermentação, o que permite acompanhar de maneira online e simultânea o andamento da conversão dos açúcares, possibilitando, assim, conhecer o melhor momento para interrupção desta etapa e a otimização do processo.
A tecnologia foi protegida em cotitularidade (Unicamp e CNPEM) junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e licenciada em caráter não exclusivo para a empresa Optolink, fabricante de componentes para comunicação óptica, de equipamentos óptico-eletrônicos e provedora de serviços especializados.
De acordo com o professor Carlos Kenichi Suzuki, responsável pelos estudos na Unicamp, o sistema resolve um dos grandes gargalos do setor: a dificuldade de se monitorar os processos de fermentação em tempo real, que pode afetar a produtividade do processo, além da perda do fermento utilizado. “Os prejuízos gerados são bastante significativos, podendo chegar a cerca de 19% da produção do etanol”, afirma o docente. Vale lembrar que o mesmo fermento é reutilizado em etapas posteriores do ciclo de processamento.
O docente explica que a prática usual sem o sistema é a de monitorar o processo de fermentação de forma manual, para fazer a coleta do material e depois analisá-la em laboratório. “Este tipo de análise – sem um sistema automatizado – torna o processo menos eficiente”, avalia o professor.
Com a nova tecnologia, os sensores instalados nas dornas monitoram o processo de fermentação por meio de uma fibra óptica em contato com o líquido. Francisco Smolka, diretor técnico da Optolink, explica que várias fibras podem ser monitoradas, ao mesmo tempo e em diversas posições dentro dos equipamentos de fermentação, de modo a permitir o acompanhamento e ajuste de parâmetros como temperatura, pressão e vazão.
“Não conheço nenhuma tecnologia parecida no mercado. Existem vários sensores que podem ser colocados para fazer medidas em tempo real, mas de parâmetros independentes – capazes de medir a temperatura, o PH, a umidade, etc. Não existe outra tecnologia que integre esses dados”, revela Eduardo Ono, pesquisador da FEM que participou do desenvolvimento do sistema de monitoramento de fermentação. Além de Ono, também atuaram no desenvolvimento da tecnologia: Eric Fujiwara, também pesquisador da FEM; Carlos Eduardo Vaz Rossel, Celina Kiyomi Yamakawa e Jaciane Lutz Ienczak, os três do Centro de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, do CNPEM.
Os envolvidos com a tecnologia contam que, desde o início, já se visualizava uma oportunidade real de mercado para o sistema em questão. “Já imaginávamos uma possibilidade de aplicação no mercado, não somente nas usinas sucroalcooleiras, mas em todo os segmentos da indústria que envolvem a produção do etanol, como a indústria de bebidas, as cervejarias, a indústria de vinhos e de combustível”, aponta o professor responsável. Smolka diz que a empresa tem interesse na fabricação e comercialização de produtos relacionados ao sistema de monitoramento.
Suzuki defende o papel primordial da Agência de Inovação Inova Unicamp na etapa de proteção da tecnologia licenciada. “A Inova evoluiu muito nestes últimos anos. Hoje, a equipe da Inova está mais especializada e, enquanto estamos elaborando o pedido de patente, há uma interação muito grande, que nos ajuda no depósito do pedido. A equipe também é bem exigente e já encaminha o pedido dentro dos moldes do INPI”, elogia. Já Smolka destaca que o apoio da Inova Unicamp foi importante tanto na etapa de interação entre a empresa e a Unicamp, como na formalização do contrato de transferência de tecnologia.
Patente licenciada: Sistema e processo para monitoramento de processos de fermentação BR 10 2013 006864 0
Tipo de licenciamento: não exclusivo