20 de junho de 2024 Aproximação da ciência e tecnologia com empresas belgas abre portas para a inovação na Unicamp
Seminário sobre inovação aberta realizado em parceria entre a Inova Unicamp, DERI Unicamp e o Consulado da Bélgica no Brasil apresentou experiências de cooperação universidade-empresas com foco em inovação
Texto: Ana Paula Palazi | Foto de capa: João Marques – Cerimonial GR
A aproximação da ciência e da tecnologia produzida na universidade impacta o resultado das empresas ao estimular a criatividade, a troca de conhecimentos e as práticas de inovação. A análise foi feita durante o Seminário “Inovação Aberta: experiências universidade-empresas”, realizado nesta terça-feira (18) no Centro de Convenções da Unicamp, pela Agência de Inovação da Universidade Estadual de Campinas (Inova Unicamp) em parceria com a Diretoria de Relações Internacionais (DERI) da Unicamp e o Consulado Geral da Bélgica no Brasil.
“Sem aproximar a ciência e a tecnologia do mundo dos negócios não temos inovação”, destacou o reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, durante a abertura do evento. O encontro reuniu professores, pesquisadores, empresas e startups para compartilhar experiências e desafios para a inovação no ecossistema de Campinas e região, destacando especialmente a relação diplomática, econômica e acadêmica entre o Brasil e a Bélgica.
O seminário contou ainda com a presença da Secretária de Desenvolvimento Econômico de Campinas, Adriana Flosi, representando o prefeito de Campinas, Dário Saadi; do embaixador do reino da Bélgica no Brasil, Peter Claes; e da cônsul geral da Bélgica no Brasil, Valentine Mangez. Além dos diretores-executivo da Inova Unicamp e da DERI, respectivamente Renato Lopes e Osvaldir Taranto.
A abertura à inovação é vital para uma sociedade próspera, afirmou o embaixador da Bélgica. “A cooperação entre a diplomacia, o mundo acadêmico e a atividade econômica, constitui a base para o progresso da pesquisa e para a produção e comercialização eficiente de seus resultados”, disse Claes.
“Os desafios que enfrentamos são vários e são iguais”, acrescentou a cônsul geral da Bélgica no Brasil, citando alguns deles em sua fala. “Saúde, crescimento populacional e, acima de tudo, o aquecimento global exigem respostas, e a inovação é fundamental para todas elas”, sintetizou Mangez.
O conceito de inovação aberta não é algo novo, recordou Taranto, sublinhando a relevância do seminário para a criação de relações colaborativas. “Estamos numa localização estratégica para trocar experiências e promover desenvolvimentos conjuntos”, observou o diretor-executivo da DERI.
Flosi lembrou que a Unicamp tem se destacado mundialmente entre as universidades mais inovadoras. “Temos um ecossistema de ciência, tecnologia e inovação muito pujante em Campinas e essa relação com as empresas é um grande diferencial da Unicamp”, disse a Secretária de Desenvolvimento Econômico de Campinas.
O professor Renato Lopes, diretor-executivo da Inova Unicamp, acrescentou que trata-se de um ecossistema integrado: “Temos a tripla-hélice em atuação plena em Campinas: academia, governo e empresas, gerando desenvolvimento econômico sustentável e de alta qualidade”.
Inovação aberta e oportunidades de cooperação
O primeiro painel temático apresentou o conceito de inovação aberta a partir dos exemplos bem-sucedidos de cooperação entre a Universidade e o mundo dos negócios para o desenvolvimento socioeconômico sustentável, com moderação de Kátia Kishi, supervisora de comunicação da Inova Unicamp.
Renato Lopes apresentou as formas de interação universidade-empresas fomentadas pela Agência de Inovação da Unicamp, destacando a atuação da Inova como facilitadora no processo desde a busca por grupos de pesquisa, negociação e formatação dos convênios até a proteção da propriedade intelectual que porventura seja desenvolvida na parceria.
Marcelo Perracini, diretor de assuntos governamentais da Rhodia, que desde 2011 faz parte do grupo belga Solvay, e Kelly Bertucci, gerente de inovação aberta e financiamento de negócios globais da companhia, apresentaram como a diversidade de ideias aumenta as perspectivas de solução em uma corporação e destacaram a gestão colaborativa como desafio.
Por fim, Jonas Hipólito, da Biotrop, comprada em 2023 pela belga Biobest, comentou sobre a desburocratização de processos. Hipólito usou a analogia de um tapete vermelho para falar sobre as relações encontradas em outros países no processo de internacionalização da empresa, que trabalha com soluções biológicas para a agricultura, e comparou a facilidade de acesso à infraestrutura e talentos com a realidade brasileira.
Colaborações Brasil-Bélgica na área de semicondutores
O desenvolvimento do setor de semicondutores no Brasil foi o tema central do segundo painel, destacando sua crescente relevância estratégica e potencial de expansão. Jacobus Swart, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Microeletrônica e ex-professor da Unicamp, enfatizou que a sociedade é sensorial.
José Antonio Scodiero, do IMEC Brasil, ressaltou a importância das colaborações internacionais para o avanço do setor. O Interuniversity Microelectronics Centre, sediado na Bélgica, estabelece parcerias com universidades, empresas e outras organizações de pesquisa para fomentar a inovação em áreas como saúde, energia, mobilidade e telecomunicações.
José Alexandre Diniz, professor da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp, expôs a relevância dessas colaborações para a formação de talentos, mencionando que a Universidade se sobressai na formação de alunos altamente capacitados e em pesquisas avançadas, que se beneficiam dessa troca de conhecimentos com outros países, como a Bélgica.
José Bertuzzo, do Instituto de Pesquisa Eldorado, apresentou serviços tecnológicos que otimizam processos para diversos setores, acelerando a inovação. Ele destacou casos de sucesso e parcerias em tecnologias emergentes, como Inteligência Artificial, reduzindo riscos associados à inovação e custos operacionais.
Oportunidades de internacionalização na Bélgica
Encerrando o seminário, o terceiro painel focou nas oportunidades de internacionalização na Bélgica. Sob a mediação de Rafael Brito Dias, assessor da DERI e professor da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp, os especialistas apresentaram os diferenciais do país europeu que atraem colaborações internacionais com a Bélgica, tanto para pesquisas acadêmicas, como as apresentadas no segundo painel, quanto no relacionamento com empresas belgas ou estrangeiras, como discutido no primeiro painel.
Além do setor de semicondutores, a Bélgica também se destaca como líder em áreas da Ciência da Vida, sendo a segunda maior exportadora e a terceira maior produtora de medicamentos e vacinas da União Europeia, além de ser a primeira no mundo em ensaios clínicos per capita.
Laurent Bernard, gerente de investimentos estrangeiros da Wallonia Export-Investment Agency, comentou que apesar da Bélgica ser um país pequeno, com uma população de 11 milhões de pessoas, ele é multilíngue (francês, holandês e alemão são os idiomas oficiais) e com encontro de diversas culturas no “coração da Europa” e um eficaz sistema de transporte, o que motiva muitas empresas a se interessam pelos talentos belgas e por parcerias. A Bélgica também atrai profissionais de outros países que decidem fixar residência devido ao custo de vida competitivo em relação a outros lugares e com alta qualidade de vida, destacou Dieter Poleyn, conselheiro econômico e comercial da hub.brussels.
Esse ecossistema efervescente e tecnológico vem trazendo conquistas no setor de empreendedorismo e inovação, como quatro empresas “unicórnios” (startups que ultrapassam valor de mercado de US$ 1 bilhão), que são a Odoo, Collibra, Automotive Cells Company e Deliverect, e diversas empresas em crescimento.
Segundo Cláudia Rolim, head office da Flanders Investment & Trade (FIT), as empresas do ecossistema belga recebem incentivos fiscais e apoio público para facilitar processos de inovação para testar e estruturar startups, o que vem colocando a Bélgica nos últimos anos entre os três países mais inovadores. De acordo com o Innovation Indicator de 2020, publicado para a Federação de Indústria Alemã que compara a orientação e a capacidade inovadora de 35 líderes em economia, a Bélgica é o terceiro país mais inovador, atrás apenas da Suíça e da Singapura. Ambas instituições se mostraram abertas a novas parcerias de empresas.
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