28 de setembro de 2023 O maracujá, uma rica fonte de bioativos naturais para a indústria de alimentos e cosméticos
Pesquisadores da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, liderados pelo professor Julian Martínez e em parceria com a Rubian Extratos, extraíram da semente do maracujá bioativos ricos em propriedades que previnem o envelhecimento da pele usando um novo método, mais eficaz e sustentável, para a obtenção dos extratos.
Esta reportagem compõe a série Prêmio Inventores 2023 Texto: Christian Marra | Fotos: Divulgação Rubian Extratos e Thais Oliveira
Substituir ingredientes com aditivos químicos ou industrializados por insumos naturais é um dos principais caminhos que buscam hoje as indústrias alimentícia, cosmética e nutracêutica (fabricante de suplementos alimentares e de substâncias que previnem doenças). O consumidor está mais exigente e tem dado preferência a produtos constituídos de ingredientes naturais e com menos riscos de danos à sua saúde. Melhor ainda se esses ingredientes forem amigáveis ao ambiente. Nessa corrida por insumos mais saudáveis e ambientalmente sustentáveis, o maracujá tem se destacado como uma valiosa fonte de bioativos benéficos ao organismo e, ao mesmo tempo, viável ao seu aproveitamento comercial. Estes foram os resultados de pesquisas desenvolvidas em parceria entre especialistas da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (FEA Unicamp) e da Rubian Extratos, uma empresa-filha da Unicamp que já oferece no mercado, com sucesso, os extratos de bioativos do maracujá, completando assim o ciclo da inovação.
As ricas propriedades do maracujá
As pesquisas foram conduzidas na FEA Unicamp por um grupo liderado pelo professor Julian Martínez, que constatou que o maracujá reserva em suas sementes compostos bioativos com potencial de prevenir o envelhecimento da pele. “Isso se deve às suas propriedades que estimulam a renovação celular e a produção de colágeno”, explica o professor Martínez. Atuando como parceira nessas pesquisas, a Rubian Extratos licenciou a patente, depositada com o apoio da Agência de Inovação Inova Unicamp, para oferecer os extratos de bioativos do maracujá no mercado. Hoje, a Rubian fornece esses extratos sobretudo a empresas do setor de cosméticos, que usam os bioativos do maracujá como componentes de produtos como séruns e de loções hidratantes ou de limpeza da pele. As pesquisas a partir de um complexo antioxidante contendo bioativos naturais recombinados da semente do maracujá, que constatou as suas propriedades antienvelhecimento, começaram há alguns anos. Além de propriedades antioxidantes e de prevenção ao envelhecimento da pele, a emulsão desenvolvida apresentou características sensoriais adequadas ao seu uso pela indústria cosmética. Segundo o professor Martínez, os extratos combinados na forma de miniemulsões concentram num único produto as propriedades bioativas da parte lipídica e hidroetanólica do maracujá (Passiflora edulis). Outras pesquisas já demonstram que esses extratos obtidos possuem capacidade de inibição das enzimas responsáveis pela degradação da elastina e do colágeno, além de promover a proliferação de queratinócitos, que atuam na renovação celular.
Um novo método para a obtenção dos extratos
Outros importantes resultados das pesquisas conduzidas pela equipe do professor Martínez não se limitaram às propriedades benéficas do maracujá, mas se estenderam ao seu método de extração. Esta é também uma importante questão para a indústria, pois além de priorizar o uso de extratos vegetais ricos em bioativos, os fabricantes também procuram servir-se de métodos de obtenção dos extratos que sejam eficazes e não agressivos ao ambiente. As técnicas convencionais apresentam problemas relacionados ao seu rendimento, ao tempo de obtenção e ao uso de solventes, ou seja, podem comprometer a qualidade dos extratos e ainda causar danos ambientais. A nova tecnologia desenvolvida para o processo de extração utiliza fluidos pressurizados para obter os compostos bioativos do maracujá. Através de um método de extração contínuo, que permite que o solvente isento de soluto permeie os poros das partículas da matéria-prima, torna-se possível intensificar a extração, ou seja, permite-se aumentar a produtividade do extrato. Além disso, o método desenvolvido facilita o escalonamento do processo, algo vital para a indústria, que pode produzir o extrato em larga escala para seu aproveitamento em alimentos, fármacos, nutracêuticos e cosméticos.
A Rubian Extratos, uma parceira estratégica nas pesquisas
O avanço das pesquisas com base no maracujá, entre outras fontes naturais, pela equipe da FEA Unicamp tem contado, há alguns anos, com uma importante parceria com a Rubian Extratos, uma empresa-filha da Unicamp. O professor Martínez explica que “o trabalho do nosso grupo de pesquisa com a Rubian Extratos começou há alguns anos, a partir do interesse da empresa no que vínhamos desenvolvendo, como a extração de bioativos a partir do bagaço de maracujá, que gerou um pedido de patente e um licenciamento de tecnologia pela Rubian”.
O engenheiro químico Eduardo Aledo, gerente-geral e um dos sócios da Rubian Extratos, destaca a importância dessa parceria com os pesquisadores da FEA no desenvolvimento da empresa: “trabalhamos em parceria contínua com a Unicamp. Fazemos a ponte entre o conhecimento técnico e científico com o mercado. O desenvolvimento dos nossos bioativos passa sempre pela academia, e esse é um dos nossos principais diferenciais competitivos”, afirma.
A Rubian desenvolve e produz extratos vegetais ricos em bioativos, usados como insumos na fabricação de produtos da indústria cosmética, de alimentos e de suplementos alimentares.
A empresa teve seu início na Unicamp em 2014, quando os sócios participaram da competição Desafio Unicamp, organizada pela Inova, e isso despertada a ideia de criar uma startup usando como base de seus negócios as tecnologias da Unicamp. Na sequência, a startup ingressou no programa de incubação da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp) e, desde então, passou a licenciar patentes de novos processos de extração e de aplicação de bioativos naturais, desenvolvidos em parceria com pesquisadores da FEA. A Rubian Extratos atua sobretudo no ramo B2B como fornecedora desses insumos, que se destacam pela sua qualidade superior. Segundo Eduardo Aledo, um dos sócios fundadores da Rubian e que foi mentor empresarial da equipe que competiu no Desafio Unicamp, a razão desse nível são os contínuos investimentos em pesquisa, em parceria com a Unicamp e com outras instituições, que resultam em bioativos com um patamar de qualidade incomum no mercado:
“Os produtos que oferecemos são desenvolvidos após muita pesquisa científica e exaustivos testes. E essa base em dados científicos atesta a nossa credibilidade e garante mais segurança aos nossos clientes. No mercado, existem empresas de extratos com uma variedade enorme em seu menu de produtos. Mas estão longe de ter a mesma profundidade científica nós buscamos alcançar. Assim trabalhamos com bioativos mais seletivos e que conseguem preservar melhor as propriedades originais das matrizes e sementes, o que garante um desempenho superior”, explica Aledo.
PRÊMIO INVENTORES 2023
INVENTORES PREMIADOS NESTE LICENCIAMENTO:
Juliane Viganó, Julian Martinez, Márcio Lopes e Philipe dos Santos (FEA Unicamp) foram premiados na categoria Tecnologia Absorvida pelo Mercado no Prêmio Inventores 2023.
PROGRAMAÇÃO DE HOMENAGENS
Esta reportagem integra a série de matérias elaboradas pela Inova Unicamp a respeito de algumas das tecnologias da Unicamp licenciadas. Você pode acessar esses conteúdos tanto através do site da Inova quanto em formato de ebook na Revista Prêmio Inventores. Assista ao Webinar “Negócios de base científica: Tecnologias da Unicamp na sociedade”, realizado em 13 de setembro.
Além disso, confira todos os premiados no site Prêmio Inventores 2023 da Unicamp.
Os patrocinadores do Prêmio Inventores 2023 são: ClarkeModet; FM2S; Interfarma; e Antoniense