6 de dezembro de 2022 Unicamp, Fapesp e Ericsson inauguram Centro de Pesquisa em Engenharia SMARTNESS 2030
Recursos de R$56 milhões serão investidos em dez anos. O objetivo é acelerar inovações baseadas em C&T para desenvolvimento de serviços avançados de conectividade.
Texto: Ana Paula Palazi | Foto: Pedro Amatuzzi-Inova Unicamp
A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e a Ericsson inauguraram, nesta segunda-feira (05/11), o Centro de Pesquisa em Engenharia em Redes e Serviços Inteligentes para 2030 (SMARTNESS). O lançamento aconteceu no auditório do Prédio Anexo, no Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, com a participação de representantes da Unicamp, da FAPESP e da Ericsson global.
O objetivo do novo centro de excelência é explorar soluções inovadoras em telecomunicações, que auxiliem na projeção e construção de infraestruturas de computação em nuvem e redes cognitivas orientadas por aprendizado de máquina e inteligência artificial, para o desenvolvimento da próxima geração de serviços de conectividade 5G e 6G.
“O nosso desafio é olhar para o futuro e pensar quais são os serviços e as aplicações que vão demandar um conjunto de novas tecnologias nos próximos dez anos. As aplicações que se falam, hoje, com a chegada do 5G, mas que a quinta geração de Internet não vai atender completamente”, diz Christian Esteve Rothenberg, professor da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC-Unicamp) e pesquisador responsável pelo SMARTNESS.
O Centro SMARTNESS (abreviação do inglês, Smart Networks and Services) está sediado no campus da Unicamp, em Campinas, com a participação de professores e pesquisadores da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC-Unicamp) e do Instituto de Computação (IC-Unicamp).
A Master Researcher da Ericsson, Maria Valéria Marquezini, será a vice-diretora do centro de pesquisas. No total, mais de cinquenta especialistas em engenharia elétrica, computação, telecomunicações ou áreas correlatas participarão de pesquisas que vão explorar a programabilidade, elasticidade, escalabilidade e automação esperadas das redes e serviços inteligentes da próxima geração.
Além da Unicamp e da Ericsson Research, o hub conta com a participação de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), e do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), além das federais de São Carlos (UFSCar), do ABC (UFABC), do Amazonas (UFAM), do Espírito Santo (UFES), de Goiás (UFG), do Pará (UFPA), do Rio Grande do Norte (UFRN), de Campina Grande (UFCG), do Ceará (UECE), de Uberlândia (UFU), da Bahia (UFBA), de Minas Gerais (UFMG), do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Pampa (Unipampa).
Polo de pesquisa 6G
O SMARTNESS faz parte do Programa FAPESP Centros de Pesquisa em Engenharia, que associa a criação de núcleos de pesquisa em parceria de universidades com empresas para fomentar a inovação tecnológica. O convênio anunciado no primeiro semestre teve negociações intermediadas com apoio da Agência de Inovação Inova Unicamp, que também dará o suporte em atividades de estímulo à inovação, ao empreendedorismo e à gestão da propriedade intelectual.
“O centro SMARTNESS é uma iniciativa inédita no Brasil e na América Latina. Um polo de pesquisa de última geração na área de telecomunicações e redes de computadores, com foco no desenvolvimento de serviços avançados de conectividade móvel sob diferentes perspectivas da indústria, academia e sociedade, fortalecendo o protagonismo do Brasil e ampliando seu poder de competitividade”, explica Mateus Santos, Head de Pesquisa da Ericsson no Brasil.
A iniciativa cria um ambiente desafiador intelectualmente e favorável para pesquisas em ciência e tecnologia, voltadas para a inovação e o desenvolvimento das redes 5G, em implantação no Brasil, e a preparação para o 6G. A missão do SMARTNESS será produzir pesquisas na fronteira do conhecimento, para o desenvolvimento de tecnologias, com potencial para criar impacto e inovação tecnológica.
O SMARTNESS irá desenvolver tecnologias de processamento de tráfego para acelerar a comunicação de forma distribuída elevando a interconexão de objetos cotidianos e permitindo usos da internet que não seriam possíveis com a infraestrutura atual. Avanços, que serão aproveitados em braços robóticos para aplicações industriais e de saúde, sensores, carros, salas educacionais e de treinamento com óculos na realidade aumentada, só para citar alguns exemplos.
Financiamento de longo prazo
Diante da complexidade dos problemas abordados, o SMARTNESS terá financiamento de longo prazo com autonomia no uso dos recursos. Os investimentos financeiros e não-financeiros serão da ordem de R$56 milhões, distribuídos ao longo de dez anos. A Fapesp aportará um total de R$14 milhões no novo centro, mesmo valor reservado em investimento pela co-financiadora Ericsson. A empresa sueca implementará a infraestrutura tecnológica para os novos trabalhos de pesquisa. Outra parcela, de R$28 milhões, virá da Unicamp, como contrapartida econômica, na forma de salários de pesquisadores e de pessoal de apoio, infraestrutura e instalações.
Os resultados gerados produzirão publicações de impacto internacional e poderão ser usados pela Ericsson em seus produtos ou serviços, para firmar parcerias com outras empresas ou ainda fomentar o empreendedorismo e a inovação de base tecnológica no país, com a formação de pequenas empresas e spin-offs acadêmicas. Em paralelo, o centro também ajudará a formar mão de obra altamente qualificada para os desafios futuros da internet.
“Temos uma grande oportunidade com o lançamento do Centro SMARTNESS e esperamos captar talentos que se engajem com a visão do centro. Poucos programas oferecem financiamentos sustentáveis de tão longo prazo. Vemos também como uma forma de fixar esses profissionais no Brasil, diante de um mercado tão aquecido na área”, destaca Rothenberg.
O professor Renato Lopes, diretor-executivo associado da Inova Unicamp, lembra que o histórico de projetos de cooperação entre a Unicamp e a Ericsson é de longa data, com impactos científicos, sociais e econômicos destacados.
“Nas últimas duas décadas, foram executados ao menos 25 projetos de pesquisa entre a Unicamp e a Ericsson, que resultaram na formação de dezenas de alunos de mestrado e doutorado e uma centena de publicações. Projetos que geraram novos conhecimentos, fomentaram a transferência de tecnologias e certamente contribuíram para a inovação em telecomunicações no país”.
A Unicamp já sedia outros quatro Centros de Pesquisa no mesmo modelo: o Centro de Inovação em Produção de Energia (Epic), que busca soluções inovadoras para otimizar a produção de energia com a eficiência de poços de petróleo; o Centro em Pesquisa em Engenharia Prof. Urbano Ernesto Stumpf, dedicado ao desenvolvimento de pesquisas em motores a biocombustíveis; o Centro de Inovação em Novas Energias (CINE), na divisão Armazenamento Avançado de Energia e Portadores Densos de Energia; e o Centro de Pesquisa em Genômica Aplicada às Mudanças Climáticas (GCCRC), com missão de gerar ativos biotecnológicos que aumentem a resistência de plantas à seca e ao calor.