7 de outubro de 2019 Metodologia desenvolvida na Unicamp permite transmitir o sinal de TV Digital com menor custo
Por Kátia Kishi
Foi-se o tempo que era comum entrar nas casas de qualquer brasileiro e encontrar uma televisão de tubo, muitas vezes até com um pedaço de palha de aço preso na antena para “melhorar” a recepção do sinal. Isso porque a transmissão de sinal de televisão passou de analógica para a digital, o que permite uma alta definição de tela – HD (High Definition), além de outras melhorias no áudio, transcrições e interatividade com o telespectador.
A principal diferença entre o sinal analógico e o digital é que antigamente cada pixel era transmitido através de ondas de rádio, enquanto a transmissão digital é similar à transferência de dados feita pelo computador, o que capta mais informações para melhorar a experiência do telespectador.
No Brasil, a TV digital começou a ter transmissão desde 2007, utilizando uma tecnologia nacional baseada no sistema japonês. Apesar de tantas adaptações para se ter essa qualidade no conteúdo televisivo, o custo ainda é um problema a ser enfrentado para a expansão do Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre.
Isso ocorre porque a emissora gera um código de sinal chamado BTS (Broadcast Transport Streaming) no conteúdo, que é transmitido para o satélite com o sistema DVB (Digital Video Broadcasting)-S/S2. O problema é que o sinal BTS tem capacidade de 32.5079 megabits (dígito binário) de tráfego de dados e a emissora deve “alugar no satélite” a mesma capacidade no transponder (aparelho que recebe e emite o sinal) com uma alta taxa mensal de, em média, U$ 2 mil por megabit, conforme explica Yuzo Iano, docente na Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação da Universidade Estadual de Campinas (FEEC Unicamp).
Nesse contexto, o custo para transmissão de TV digital se torna muito elevado pela grandeza do tamanho de BTS, motivo para os pesquisadores Iano e Cristiano Akamine, na época aluno de doutorado na FEEC e hoje professor e coordenador do Laboratório de TV Digital da Universidade Presbiteriana Mackenzie, desenvolveram uma metodologia, patenteada pela Unicamp, de um compressor e descompressor automático de BTS para a transmissão de sinal para TV digital.
Além da metodologia proposta de redução da taxa de bits ser compatível com os equipamentos de transmissão usados no Brasil, como satélites e fibras, ela também “Permite a operação em SFN (Single Frequency Network), ou seja, Redes de Frequência Única onde o sinal da TV digital de um radiodifusor pode ser transmitido em um único canal de TV melhorando a qualidade de recepção”, detalha Iano.
Recentemente, a tecnologia foi licenciada pela Teletronix, empresa que fornece equipamentos para emissoras de rádios e televisão. Um dos sócios-diretores, o engenheiro Rogério Correa, explica que o mercado é dominado por companhia estrangeiras, por isso que é importante fechar parcerias com alta tecnologia para continuar inovando e se destacando no mercado.
O engenheiro ainda fez uma analogia simples para compreensão da importância da tecnologia: “Seria algo parecido quando se tenta enviar um ‘arquivo pesado’ por e-mail ou outro mensageiro e não há capacidade, sendo necessário compactar esse arquivo através de um software para o envio, em seguida, o remetente deverá descompactar para acessar o conteúdo”.
Atualmente, a Teletronix está realizando validação final do software utilizando a metodologia patenteada pela Unicamp, em parceria com a Mackenzie a fim de colocar o produto no mercado e disputar os editais de transmissões públicas.