Excelência na educação e inovação israelense foi debate na Unicamp

Publicado originalmente no Portal Unicamp

Como uma nação, cuja história é repleta adversidades e desafios, se torna a nação mais conhecida globalmente por seu modelo de criação de startups? Esta foi a pergunta que permeou a “Jornada de Inovação Brasil-Israel”, evento promovido pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) na última segunda (11/02) e que trouxe para o debate, mediado pelo reitor da Unicamp, Prof. Marcelo Knobel, o cônsul-geral de Israel em São Paulo, Dori Goren e Prof. Peretz Lavie, presidente do Instituto de Tecnologia de Israel (Technion) em Haifa.

Em sua primeira visita ao Brasil em 30 anos, Lavie está à frente de uma das universidades mais importantes no cenário da tecnologia global. A universidade acumula nove Prêmios Nobel e destaca-se pelos resultados em transferência de tecnologias e criação de empresas startups. São mais de 1600 empresas fundadas por ex-alunos.

Lavie credita o patamar israelense de desenvolvimento econômico e tecnológico a cinco fatores. O primeiro, destacado pelo docente, é o DNA israelense, que ele descreve como um perfil questionador e de pessoas que acreditam em tomar riscos em prol da busca pelo sucesso. “O segundo fator é a necessidade”, afirmou, descrevendo o país como uma região de extrema adversidade ambiental, permeada por grandes desertos e por conflitos armados. A qualidade dos recursos humanos foi o terceiro fator destacado. Lavie contou sobre o treinamento militar obrigatório a todos os israelenses e de como este período auxilia na maturidade dos jovens, sem tirar seu perfil questionador. O docente também falou sobre os fluxos imigratórios em Israel, marcados por ondas de imigração de pessoas altamente qualificadas, que auxiliam a promover um perfil diverso de recursos humanos, importante para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia.

Segundo o presidente da Technion, o quarto fator, de grande importância, é o apoio do Governo, criando políticas públicas para facilitar a prática científica e o empreendedorismo. Israel investe 4,5% de seu PIB em pesquisa e desenvolvimento. Já o último fator, ele chamou de fator Technion: o papel diferenciado que a universidade mantém na promoção educação para a inovação e o empreendedorismo.

Sobre a aproximação Brasil-Israel

O evento começou com a abertura do recém-empossado secretário de Políticas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Comunicação (MCTIC), Marcelo Marcos Morales, que apresentou a proposta do governo federal para o estímulo ao estudo da ciência nas escolas e para a aproximação das universidades do ensino básico. O secretário foi muito enfático em dizer que acredita que não há inovação sem ciência básica e que, por isso, ambas seriam estimuladas neste governo. Morales fez parte da missão do ministro Marcos Pontes à Israel e vê com bons olhos a aproximação das universidades e institutos de pesquisa brasileiros com seus pares de Israel.

Em sua palestra, o cônsul-geral de Israel em São Paulo, Dori Goren, também aposta no estreitamento das relações. “Brasil e Israel não são países que competem, mas sim países que se complementam. Já existem projetos de cooperação entre os dois países, mas é possível ampliar esse cenário”, afirmou o cônsul israelense.

Na Unicamp, a cultura israelense já é uma das culturas presentes e cujas relações de troca e pesquisa em conjunto são estimuladas. O reitor Marcelo Knobel lembrou que a universidade oferece cursos de hebraico. Knobel acredita na possibilidade de estreitamento dessas relações, principalmente para a ciência, inovação e empreendedorismo. “A Unicamp também tem excelentes resultados na promoção da cultura empreendedora. Temos mais de 600 empresas-filhas, criadas por nossos ex-alunos. Uma parceria nesta área com a Technion certamente trará benefícios para ambos”, avaliou.

 

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