Inovação em Humanidades e Artes é foco em workshop realizado na Unicamp

Presentes na mesa de debates Ana carolina Maciel (Cocen), Newton Frateschi ao centro (Inova Unicamp) e Rangel Arthur (Inova Unicamp)

Por Kátia Kishi

A última quinta-feira (27) foi marcada com o primeiro “Workshop de Inovação Cocen e Inova” no auditório da Educorp da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O evento foi realizado em parceria da Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa (Cocen) com a Agência de Inovação Inova Unicamp com o objetivo de explicar algumas atividades e processos dentro da agência para que os pesquisadores e docentes dos centros e núcleos de pesquisas saibam como buscar ajuda em questões de proteção da propriedade intelectual e de parcerias.

A atividade aberta para todos os pesquisadores dos 21 centros e núcleos da Cocen focou em estimular, principalmente, a inovação e empreendedorismo na área de Humanidades e Artes. Nessa intenção, foram convidados para apresentação o Newton Frateschi, diretor-executivo da Inova Unicamp, que trouxe conceitos e dados gerais sobre inovação e o trabalho da agência

Após o Coffee Break, teve voz a gerente de User eXperience (UX) da Samsung, Renata Borges, que contou a experiência no mercado em utilizar o Design Antropológico para oferecer melhores serviços tecnológicas, ou seja, apresentando um dos modelos que as Humanidades e Artes podem se inserir com suas inovações.

 

O Design Antropológico na Samsung

A exemplo de diversas outras grandes empresas, a Samsung Brasil investe em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) no país em um espaço chamado Samsung Research Institute Brazil, localizado em Campinas.

Entre as linhas de pesquisa investida, também há espaço para as Humanidades e Artes, como é o caso do grupo de pesquisa User eXperience (UX), que é gerenciado pela mestra em Ergonomia e Interação Humano-Máquina, Renata Borges.

Em sua palestra, ela exemplificou diversos casos em que as pessoas ressignificam as tecnologias para a forma que elas melhor se adequam em suas vidas, sendo interessante utilizar metodologias de análise antropológica para oferecer os melhores serviços.

Nesse raciocínio, surgiu o Design Antropológico que, segundo a gerente,
“veio para juntar a antropologia (que tem esse olhar das pessoas) ao design (que é a solução de problemas). Então, ao unir as áreas se torna possível entender a necessidade das pessoas, às vezes com tecnologias já existentes, para as inovações propostas façam sentido para os usuários de forma significativa”.

Renata Borges da Samsung está palestrando sobre Design Antropológico

O grupo User eXperience no Brasil vem tendo sucesso em suas atividades e já conquistou sete patentes. Borges apresentou que na Samsung há divisão entre as patentes para definir onde elas serão depositadas, sendo que uma delas puramente de design foi premiada internamente com uma quantia em dinheiro aos pesquisadores e registrada nos Estados Unidos, devido a seu grau de inovação internacional.

No caso, a patente envolveu uma dinâmica para entender como as pessoas organizariam em seus celulares as filmagens 360º, já que não faria sentido uma galeria chapada com as das fotos e vídeos tradicionais. A resposta foi uma galeria formada com bolhas (Bubble 360 Gallery), sendo que o comportamento do grupo analisado definiu a arquitetura da informação nessa estrutura tridimensional no celular.

 

Por que inovar e proteger o conhecimento nas Humanidades e Artes?

Segundo a coordenadora da Cocen, Ana Carolina Maciel, dentro do sistema Coordenadoria há uma diversidade rica de pesquisas que vão da nanotecnologia ao teatro. Nessa abrangência, a Cocen detectou que alguns centros interdisciplinares já mantinham contato com a Inova Unicamp com o andamento de parcerias e proteção de propriedade intelectual, como patentes registradas.

No entanto, ainda não são todos os centros e núcleos que estão engajados no universo da inovação e empreendedorismo, principalmente em grupos com disciplinas mais focadas nas Humanidades e Artes, sendo importante conhecer possibilidades e caminhos com apoio de órgãos dentro da Unicamp.

A coordenadora explica que ao trabalhar a questão de inovação, não se está pensando apenas em parcerias econômicas, mas também sociais que possam colaborar na transmissão de conhecimento e melhorias para mais pessoas, como se propõe muitas pesquisas:

“Não adianta termos pesquisas e ações importantíssimas acontecendo somente no microcosmo universitário. Por isso, precisamos ter uma teia mais ampla de contatos para que as nossas pesquisas possam sair dos muros da universidade. Para que isso aconteça, precisamos da Inova Unicamp como um motor do processo porque, muitas vezes, um pesquisador ou docente não consegue atravessar essa fronteira sozinho. E a Inova Unicamp é um caso mundial muito bem-sucedido sobre essa interface entre a sociedade e a universidade.”

Newton Frateschi (Inova Unicamp) em pé palestrando sobre as atividades da agência de inovação

A mesma visão é compartilhada por Newton Frasteschi, diretor-executivo da Inova Unicamp. Ele explicou em sua fala durante o workshop que a experiência de inovação com base tecnológica já é bem consolidada na Unicamp, mas ainda é preciso fortalecer essa parceria na área de Humanidades e Artes, em que a interação é mais complexa.

Sobre os caminhos nessa interação dos centros de núcleos com a Inova, Frastechi exemplificou que há a possibilidades de as Humanidades colaborarem diretamente com o desenvolvimento de tecnologias, como se observa hoje no desenvolvimento da Inteligência Artificial, além de também desenvolverem novos processos de criação em diferentes setores que auxiliam na estruturação das sociedades.

Entre os modelos possíveis que as Humanidades e Artes podem se envolver, estão as propostas com impacto social ligadas à educação, influência no primeiro e terceiro setores, empoderamento social, entre outras articulações, argumenta o diretor-científico da Inova Unicamp:

“Em todos esses casos, é importante que haja consciência que novas ideias, novos métodos, novas criações ou novos designs devem ser protegidos. Mas nenhum trabalho é feito sozinho. Então, através do contato que a Agência de Inovação, os pesquisadores podem encontrar parceiros que complementem suas ideias e pesquisas, inclusive, com tecnologias mais específicas, para que possam viabilizar as suas propostas.”

Sobre os motivos de se proteger intelectualmente os novos processos, metodologias e ideias nas Humanidades e Artes, em que podem ser incluídos o registro de direito autoral de produções artísticas, Frateschi explica que é uma forma de defender a produção dentro da universidade e também de buscar novos recursos ao licenciar essa propriedade intelectual:

“Ideias, métodos e criações devem ser protegidos porque isso acaba se tornando um patrimônio da universidade. Por que é importante proteger? Porque você protege o conhecimento e, eventualmente, pode licenciar aquilo para outras entidades e empresas que vão trazer recursos para fomentar ainda mais o desenvolvimento de mais novas ideias dentro da universidade.”

 

Um pontapé para novas parcerias entre a Cocen e Inova Unicamp

Os debates e esclarecimentos de algumas dúvidas entre os centros e núcleos interdisciplinares da Unicamp sobre inovação, proteção da propriedade intelectual e empreendedorismo não terminaram com o fim da mesa, composta no final pelos palestrantes Newton Frateschi, Renata Borges e pelo assessor da Inova Unicamp Rangel Arthur, mediado pela coordenadora Ana Carolina Maciel da Cocen.

Isso porque o encontro terminou com o interesse de novas reuniões fechadas para debater possíveis demandas na área de Humanidades e Artes com a Inova Unicamp, conforme comemora Maciel sobre os resultados do evento:

“Eu acho que foi extremamente produtivo o workshop porque, primeiro, as pessoas puderam entender melhor como a Inova Unicamp se coloca com essa apresentação mais detalhada das atividades e ações. Foi um momento importante para que os pesquisadores e docentes dos centros e núcleos possam se conectar e levantar potenciais projetos. […] Foi um primeiro workshop. Um marco que, seguramente, não vai acabar aqui. O encontro foi o primeiro de muitos desdobramentos, com certeza!”

Pessoas no auditório aplaudindo

O diretor-executivo da Inova Unicamp também celebra a parceria iniciada, com expectativas para os próximos passos em todas as áreas acadêmicas pesquisadas na universidade:

“Vejo com muito bons olhos essa aproximação entre a Cocen e a Inova, uma vez que os 21 centros e núcleos interdisciplinares da universidade formam um leque muito interessante nas áreas envolvendo pesquisas que vão desde as muito tecnológicas até as Humanidades e Artes. E a inovação e o empreendedorismo dependem muito de uma formação e de atividades interdisciplinares e multidisciplinares como essa.”

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