25 de maio de 2017 Internacionalização de startups é tema do peer group da Incamp
Texto: Vanessa Fujihira
Ter seus produtos e serviços presentes no mercado internacional e elevar sua marca a um patamar global passa a ser uma possibilidade viável no mundo das startups – não estando restrita apenas ao contexto das grandes corporações- , mas que apresenta seus desafios particulares por se tratar de um processo altamente competitivo e com a necessidade de investimento.
Mas, a quais aspectos de seu negócio uma startup deve estar atenta para poder explorar este promissor mercado? Visando desmistificar o processo de internacionalização de empresas inovadoras e revelar alguns processos que irão facilitar a jornada do empreendedor, a Incamp – Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp – recebeu, nesta última terça-feira (23) durante o Peer Group, o empreendedor Kleber Teraoka para tratar de internacionalização. Ex-presidente da ACS (Associação Campinas Startups), Teraoka trouxe aos incubados um pouco de sua experiência com executor do programa Go Global da ANPEI.
O programa Go Global é uma iniciativa da Anpei em parceria com o Programa InovAtiva Brasil – UK Chapter, que seleciona e capacita startups brasileiras para apresentar seus negócios a investidores britânicos e participar de missões no país, para conhecer o ecossistema de inovação do Reino Unido.
Neste contexto, foi criado um comitê de empreendedores que identificaram alguns perfis de comportamento daqueles que querem internacionalizar o seu negócio e, a partir dos casos de sucesso e também de insucesso no mercado internacional, traçaram 30 processos-chave que visam auxiliar o empreendedor a entrar no país desejado de forma planejada e segura, o que chamamos de Soft Landing. Destes processos, Teraoka destaca que 27 estão diretamente ligados a relacionamento. “É preciso mapear os investidores, compreender como pensa este agente e prospectar como é o novo ambiente. Programas de pitch e meeting, rodadas de negócios, feiras, congressos e missões internacionais são muitas vezes um bom caminho para a formação de redes de contato valiosas”, explica.
Destacando alguns pontos deste estudo, Teraoka afirma que é necessário fazer uma escolha cautelosa do ecossistema do local, mapeando de modo estratégico os clientes, parceiros de negócios, investidores e também instituições governamentais que possam auxiliar nesta trajetória.
Já pensando na consolidação da empresa, é preciso também se ater às questões jurídicas, burocráticas e regulatórias do novo lugar, além de apurar quem são seus competidores globais e entender quais são seus diferenciais. “Ao escolher o país destino, é preciso pensar o novo local não só como mercado, mas também como plataforma para o mundo. No Reino Unido, por exemplo, é comum a presença de especialistas e mentores de várias partes do mundo, além de ser um mercado cheio de investidores-anjos”, esclarece o empreendedor.
Para saber se a startups está pronta para os desafios de expansão globais, o palestrante elenca alguns chamados “Indicadores de prontidão” para a internacionalização. O primeiro deles engloba o perfil e habilidades do empreendedor e de sua equipe, que devem possuir uma mentalidade global e, preferencialmente, experiência internacional. Um segundo fator relaciona-se ao modelo de negócio da empresa, sendo necessário fazer uma profunda análise se o seu produto atende a reais demandas de mercado global e avaliar quais são as adaptações necessárias e canais de distribuição. Neste aspecto, ressalta Teraoka, missões para desbravar o mercado destino e construir são essenciais. Por fim, é preciso avaliar o progresso da empresa no país de origem, tendo clareza do mercado que a startup quer acessar, quais são os investimentos disponíveis e os parceiros essenciais.
Questionado sobre uma linha em comum das empresas do programa Go Global, Teraoka aponta que todas tinham um “grau de inovação elevados, uma vez que para competir internacionalmente você precisa ter um diferencial “ e disse ainda “que estavam em um nível de maturidade de receita e seus produtos tinham apelo em um mercado global”.
Na segunda parte do evento, com foco na troca de experiências entre as empresas incubadas na Incamp, a Hoobox Robotics – startup da área de robótica e inteligência artificial aplicadas à área da saúde, transporte e segurança – compartilhou um pouco sobre seu processo de internacionalização, revelando detalhes sobre a escolha do país destino, os desafios enfrentados e as soluções utilizadas para testar o mercado e validar hipóteses.
“Um primeiro passo para levar sua empresa para o mercado lá fora é você realmente conhecer o seu mercado, seu modelo de negócio, quem são os seus parceiros e seus influenciadores; mapear quem pode te ajudar neste primeiro momento para dar tração ao seu negócio. Além disso, é essencial validar o seu produto, realmente ir a campo”, indica Cláudio Gurgel Pinheiro, diretor de operações de empresa.