1 de abril de 2016 Com foco em segurança, sistema monitora conforto no transporte público
Texto: Carolina Octaviano
Foto: Thomaz Marostegan
Pesquisadores da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp desenvolveram um sistema que possui três algoritmos especialmente aplicados para a avaliação de conforto de veículos. Por meio de sensores que colhem em tempo real dados sobre o acontecimento de trancos e acelerações bruscas, a nova tecnologia fornece uma avaliação objetiva da experiência dos passageiros e pode ser aplicada para monitorar o quão confortáveis são os veículos que fazem parte da frota do transporte público, com foco na segurança dos usuários de ônibus e coletivos.
Protegida por patente, depositada em abril de 2012 junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), a tecnologia foi licenciada sem exclusividade para a empresa Seal Confort, criada em 2015. Os fundadores da empresa atuam no mercado de monitoramento de segurança veicular há mais de vinte anos.
O professor Fabiano Fruett, da FEEC, que desenvolveu o método com o apoio do então aluno de mestrado Juan Camilo Castellanos Rodriguez, explica que as informações são organizadas em um relatório que pode ser visualizado em um mapa (por exemplo, o Google Maps) e incluem, além da posição geográfica, o tempo de ocorrência, a direção e magnitude de cada evento. ”O sistema permite distinguir um evento resultante de uma curva feita bruscamente de outro gerado por uma freada ou até mesmo buracos no pavimento”, conta.
Já Júlio Nóbrega Júnior, presidente da empresa licenciada, observa que a tecnologia também armazena as informações coletadas ao longo do trajeto percorrido pelos veículos, permitindo que elas sejam processadas e compartilhadas. “Os dados são armazenados em um dispositivo de memória e transmitidos do sistema instalado no veículo, através de comunicação sem fio, para um módulo de recepção instalado no computador. Os dados são processados e apresentados graficamente, podendo ser compartilhados com qualquer usuário conectado à internet”, explica.
Fruett afirma também que o sistema utiliza métricas de uma norma internacional, a ISO2631-1, para aferir o conforto dos passageiros que são transportados. O resultado é uma nota atribuída para cada viagem e que pode variar de 0 a 5, sendo 0 desconfortável e 5 confortável para o corpo humano. O método também leva em consideração o aspecto da segurança. “Na maioria dos casos, os acidentes são causados por grandes acelerações ou desacelerações que fazem com que os passageiros sofram lesões. O nosso equipamento mede aceleração tridimensional a uma taxa de 400 amostras por segundo e é capaz de identificar qualquer evento que os GPSs, tacógrafos ou outros equipamentos convencionais não registram”, completa o professor, sobre os diferenciais do sistema.
O professor Fruett frisa que o laboratório do qual faz parte é especialista no desenvolvimento de sensores microeletrônicos e que, por este motivo, a ideia era colocá-los no mercado. “Nosso objetivo inicial era dar alguma aplicação nobre aos sensores”, comenta. Já o responsável pela empresa revela que o viés social da tecnologia foi determinante para gerar o interesse em licenciá-la. “Chegamos até o sistema através do contato e de reuniões entre a Seal Confort e o professor Fabiano Fruett. Nosso interesse na tecnologia se deu por entendermos que ela tem um enorme alcance social, a partir da medição do grau de conforto para os passageiros, notadamente em veículos de transporte público”, defende.
Na visão de Fruett, a Agência de Inovação Inova Unicamp foi determinante tanto para o processo de proteção do sistema, como para o de transferência de tecnologia. E, segundo Nóbrega, a Inova prestou o auxílio necessário para que o licenciamento da tecnologia, que está atualmente em fase de testes em campo, ocorresse. “A Inova oferece todo o suporte para a compreensão dos trâmites de licenciamento até a efetiva conclusão dos contratos”, conclui.
Patente licenciada: Sistema para monitoramento de conforto em veículos – BR 10 2012 011513 1
Tipo de licenciamento: não exclusivo