19 de fevereiro de 2016 Astro 34 (2014)
MAIOR PRECISÃO NA MEDIDA DE ROTAÇÕES ÓPTICAS
Pesquisadores do Instituto de Química (IQ) da Unicamp desenvolveram um polarímetro, instrumento empregado na medida de rotações ópticas em feixes de luz polarizados, que traz à polarimetria consideráveis melhoras tanto na precisão das medidas quanto na abrangência da sua utilização, com aplicação diversificada, podendo ser utilizada em pesquisa básica pelas universidades e também em controle de qualidade na indústria. Os responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia, que foi licenciada para a empresa Astro 34 em 2014, são os professores Célio Pasquini e Jarbas José Rodrigues Rohwedder, além da aluna de doutorado Lívia Paulia Dias Ribeiro e do aluno de Iniciação Científica Matheus Angeluzzi Jardim.
O instrumento, que incorpora diversas características inovadoras em relação aos equipamentos comerciais e protótipos existentes e descritos na literatura, possibilita caracterizar os componentes químicos a partir da radiação eletromagnética polarizada. “A função deste equipamento é obter informações relativas à rotação do plano da radiação eletromagnética (luz) polarizada, também denominada medida de ´rotação óptica´. Este tipo de radiação interage com substâncias químicas que apresentam certas características estruturais, permitindo a sua identificação e quantificação de acordo com o sentido e intensidade da rotação óptica”, afirma o professor Pasquini.
“A tecnologia desenvolvida pela Unicamp e patenteada se refere a uma forma inovadora de se construir um polarímetro, de forma mais simples e prática, resultando em um aparelho estável, preciso e repetivo”, avalia Felipe Aquino, da empresa licenciada Astro 34. De acordo com Pasquini, as principais inovações do aparelho – que teve sua patente depositada em 2012 – estão em dois de seus componentes. “Os dois principais itens de inovação contidos nesta tecnologia referem-se ao uso de um laser contínuo de baixo custo, empregado como fonte de radiação, e de um dispositivo analisador que permite determinar a rotação do plano de polarização com base na medida das intensidades registradas por dois sensores ópticos”, conta.
Outro diferencial do polarímetro desenvolvido pela Unicamp é que ele não necessita de partes mecânicas móveis. “Isso permite a construção de um instrumento que se diferencia pela excelente robustez e durabilidade e diminui o tempo necessário para realizar as medidas polarimétricas”, defende Pasquini. Dentre os segmentos de indústrias que mais demandam este tipo de tecnologia estão o setor sucroalcooleiro – que emprega o polarímetro na medição de teor de sacarose do caldo da cana, possibilitando a determinação do valor a ser pago ao produtor – e empresas farmacêuticas – no qual é empregado para determinar a pureza dos princípios ativos presentes nos medicamentos.
Vale salientar que a tecnologia licenciada está em fase de testes pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a partir de um protótipo de bancada para a unidade Milho e Sorgo, localizada na cidade de Sete Lagoas, em Minas Gerais, onde está sendo utilizada para determinar o açúcar em caldo de sorgo, tido como substituto da cana-de-açúcar na produção do bioetanol combustível e que pode ser empregado no período de entressafra da cana.
O professor responsável pelo desenvolvimento do polarímetro conta que a tecnologia foi desenvolvida a partir da análise de necessidade do mercado. “A identificação das demandas analíticas reais do setor produtivo brasileiro, que está sendo sempre prospectado – por força do Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas (INCTAA), sediado no IQ – apontou a necessidade de tecnologia nacional para realizar as medidas polarimétricas. O INCTAA é um projeto financiado pelo CNPq e Fapesp, que tem como objetivo suprir a demanda nacional por tecnologias e métodos analíticos de última geração”, revela.
Pasquini avalia todo o processo de licenciamento, facilitado pela Inova, como tranquilo. “Creio que tanto a comunidade de pesquisadores da Unicamp, como as empresas interessadas em licenciar as tecnologias estão se acostumando com o processo e suas etapas”, avalia. Ele reitera que a Inova detectou as empresas interessadas e com condições de comercializar a tecnologia desenvolvida, além de fazer a intermediação entre os responsáveis pelo seu desenvolvimento e a empresa licenciada. “Na negociação, dos termos do contrato de licenciamento, houve também um auxílio muito grande da Inova”, completa. Aquino ressalta o papel da Agência no licenciamento do aparelho: “a Inova se colocou sempre à disposição, facilitando todo processo de licenciamento, em todas as fases de negociação e da assinatura do contrato. Nossa avaliação é de alto grau de profissionalismo e comprometimento por parte da equipe da Inova”, aponta.
SOBRE A ASTRO 34
Fundada em 2003, a empresa tem o intuito de licenciar marcas de alta tecnologia. Logo após sua fundação, assinou contratos de representação exclusiva com líderes mundiais fabricantes de aparelhos científicos. A Astro 34 é líder no fornecimento de equipamentos científicos em suas diversas áreas de atuação. Hoje, conta com 25 colaboradores – químicos, físicos, engenheiros e técnicos que atuam no aconselhamento, configuração, precificação, comercialização, instalação, assistência técnica e garantia de equipamentos científicos. Os produtos da empresa são empregados na melhoria de eficiência, pesquisa e desenvolvimento e controle de qualidade em Indústrias, Centros de Pesquisas e Universidades.