31 de outubro de 2014 Projeto, com patente da Unicamp, conquistou 1º lugar em prêmio do ENIFarMed
Texto: Juliana Ewers
O trabalho de reconstrução de pele artificial em estrutura 3D para aplicação em medicina regenerativa, da doutoranda da Engenharia Química Ana Luiza Garcia Millás, conquistou o primeiro lugar no prêmio de reconhecimento em inovação do 8º ENIFarMed (Encontro Nacional de Fármacos e Medicamentos).
O projeto conta com a colaboração do orientador professor Edison Bittencourt, da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp; da coorientadora Dra. Maria Beatriz Puzzi, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e dermatologista do Hospital das Clínicas; do professor Benedicto de Campos Vidal, do Instituto de Biologia da Unicamp e especialista em colágeno; João Silveira, um dos responsáveis pela primeira patente envolvida no projeto; Ann Kramer, CEO da empresa The Electrospinning Company em que Ana Luiza atuou na Inglaterra; e do professor Juan P. Hinestroza, professor da Universidade de Cornell nos Estados Unidos, que também supervisionou parte do trabalho. O estudo foi realizado, em maior parte, no Brasil, no entanto, o desenvolvimento se deu também nos Estados Unidos e na Inglaterra.
Nomeado “Óleo-resina de Copaíba Promovendo a Produção de Colágeno a partir de Fibroblastos da Pele Humana em Scaffolds de PLGA para o Tratamento de Queimaduras de Pele”, o projeto consiste em uma evolução da patente “Microfibra Polimérica Incorporada com Óleo de Copaifera Langsdorffii e seu Uso para Regeneração Tecidual”, registrada pela Inova Unicamp em 2012.
“Essa foi uma patente na qual continuamos trabalhando e aperfeiçoando. Temos obtido resultados muito bons”, afirma Prof. Bittencourt.
O objetivo dos envolvidos no estudo é o de conseguir reconstruir uma pele artificial em uma estrutura 3D, a partir de um scaffold fibroso polimérico (arcabouço celular). Para isso, é feita a produção de fibra polimérica através da tecnologia de eletrofiação, utilizando células primárias da pele do paciente. As células são cultivadas sobre esse material – as fibras – e, posteriormente, essa estrutura será implantada no paciente.
Testes pré-clínicos ou in vivo ainda não foram realizados e os pesquisadores estão estudando a possibilidade de produzir o material em escala maior, utilizando impressoras 3D digitais em combinação com a técnica de eletrofiação. No entanto, os resultados in vitro, cultivando as células sobre o material são promissores e permitiram chegar à principal constatação até agora – que certifica a aplicação da tecnologia –; as células estão sim, produzindo colágeno, proteína primordial para a cicatrização. “Esse foi sem dúvida um dos passos mais importantes dessa pesquisa”, afirma Ana Luiza.
O trabalho faz parte do mestrado e do doutorado de Ana Millás, realizados no Departamento de Engenharia de Materiais e Bioprocessos, da Faculdade de Engenharia Química da UNICAMP.