Texto e foto: Juliana Ewers

“Trabalho em conjunto é o que fortalece Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação nesse país”, enfatizou o diretor-executivo da Agência de Inovação Inova Unicamp, professor Milton Mori durante sua palestra, realizada nesta quinta-feira, dia 26, no IAC (Instituto Agronômico de Campinas). O encontro, norteado pelo tema “Transferência de Tecnologia e Inovação para a Sustentabilidade da Agricultura Brasileira”, marcou as comemorações do aniversário de 127 anos do instituto.

Durante sua fala, Mori explanou sobre o papel assumido pela Inova Unicamp dentro deste cenário. Em relação à propriedade intelectual e transferência de tecnologia, a agência acumula mais de 800 pedidos de patentes e 54 licenciamentos vigentes. Em 2013, a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) executou 86 serviços e projetos de P&D, direcionados ao setor industrial e que somaram o montante de R$ 36,7 milhões. Só a Inova Unicamp foi a responsável por captar 15, dos 22 projetos de P&D.

Os licenciamentos geraram ganhos na ordem de R$ 567.737,04 para a agência no ano anterior. E a perspectiva é de que 2014 bata a casa de R$ 1,5 milhão com a formalização de um novo convênio.

“É claro que dentro deste cenário existem gargalos. E não são poucos. Um deles é o fato da Unicamp não ter um fundo para a chamada ‘prova-conceito’ para que a tecnologia seja testada em escala industrial. Esse é um passo a ser dado. A burocracia, a carga tributária e a Legislação também são inimigas, pois acabam atravancando os processos. A dificuldade está no fato dessas mudanças serem lentas. Se eu for pensar muito na forma com que isso é gerido no exterior, eu não consigo trabalhar no Brasil”, criticou Mori, ressaltando que os personagens da inovação no país só a fazem por serem o que ele chama de “empreendedores natos”. “Eles se arriscam. Sabem que podem perder, mas fazem isso por gosto e não exclusivamente por dinheiro”, completou.

A Incamp (Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp) tem hoje 13 incubadas e já graduou outras 39. A Universidade Estadual de Campinas acumula na bagagem 257 empresas-filhas – nesses casos, o sócio fundador ou o atual são pessoas ligadas à universidade –, que criaram ao todo 12 mil postos de trabalho em Campinas e região.

Ao tratar do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp durante a palestra, o diretor-executivo da Inova reforçou as intenções de reproduzir em Campinas o projeto do Agropólis, que é um parque tecnológico orientado à pesquisa em Agricultura, Alimento, Biodiversidade e Meio Ambiente, localizado em Montpellier, na França.

O assunto, que ainda vêm sendo tratado nos bastidores, pretende estabelecer uma união de forças entre IAC, Unicamp e Prefeitura de Campinas, além de contar com o apoio de outros institutos interessados. “A ideia é implementar na cidade um polo de referência na América Latina para hospedar empresas inovadoras, no que diz respeito ao agronegócio. Nós podemos fazer isso unindo conhecimento produzido tanto pelo IAC quanto pela Unicamp.”

Além do professor Mori, participaram do evento o professor colaborador do Instituto de Ciências Biomédicas da USP (Universidade de São Paulo) e consultor técnico do CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos) Joaquim A. Machado, que tratou especificamente da transferência de tecnologia na agricultura; e a pesquisadora científica do IAC Mônica Ferreira de Abreu, que por sua vez falou sobre Acreditação ISO. O diretor do Instituto Agronômico, Sérgio Augusto Morais Carbonell, foi o mediador da mesa-redonda.

Em 127 anos de trabalho, o IAC acumula 1008 cultivares de plantas desenvolvidas, de 96 espécies. Outras 13 cultivares passam por processo de registro. Em 2013, foram desenvolvidas 21 novas. Há também 11 patentes como titular e mais quatro em cotitularidade com outras instituições, além de um registros de programa de computador.

“É preciso gerar e transferir ciência e tecnologia por meio de produção”, declarou Carbonell ao final do evento.

Para fechar as comemorações dos 127 anos, no período da tarde o Agronômico fez a entrega do Prêmio IAC e encerrou as atividades com o lançamento da 7.ª edição revisada do Boletim 200 – Instruções agrícolas para as principais culturas econômicas, que traz recomendações técnicas para 114 culturas.