Micro e pequenas empresas não tem outra saída a não ser inovar

Não há outra saída para micro e pequenas empresas senão inovar. Essa é a palavra de ordem que abriu o Workshop Sebrae-Anpei – a primeira atividade da XIII Conferência da Anpei que acontece em Vitória (ES) até 5 de junho. Não adianta o pequeno empreendedor querer competir com grandes empresas, diz Carlos Alberto Santos, diretor técnico do Sebrae Nacional. “As grandes empresas possuem condições para investir em produtos padronizados, que vão atingir um grande número de pessoas”, diz. “É possível que a micro e pequena empresa consiga crescer e competir com as grandes, mas nem sempre esse é o melhor caminho.”

José Eugênio Vieira, superintendente do Sebrae Espírito Santo, disse que o Brasil poderia se beneficiar da inovação nos negócios de pequeno porte. “Foram as pequenas empresas que seguraram a crise financeira de 2009 no Espírito Santo”, diz. Vieira explicou que, na maioria dos casos, as grandes empresas brasileiras afetadas pela crise tinham seu capital voltado para o mercado externo. “As micro e pequenas cuidaram da demanda interna.”

De acordo com dados apresentados por Santos, o Brasil ocupa a 58ª posição no ranking de países mais inovadores do mundo. Entre os BRICs, só está à frente da Índia. Ao mesmo tempo, é um dos países que mais investem dinheiro público em pesquisa e desenvolvimento, mais que Japão e China. Contudo, o produto entre o casamento do dinheiro público e privado investido em inovação deixa muito a desejar. “Nosso setor empresarial ainda investe muito pouco”, diz Santos. O desafio então é alavancar investimentos privados, reinvestir na inovação e melhoria dos processos. “Estamos melhorando com programas de fomento e é isso que vai nos trazer produtividade e competitividade, mas não virá da noite para o dia”, diz Santos.

Mas como fazer isso? Muitas empresas brasileiras reclamam, com razão, da alta taxa de juros, muita burocracia e a carga de impostos abusiva. É muito difícil ter dinheiro em caixa para investir em inovação. “Empresários em praticamente todos os países reclamam das mesmas coisas”, diz Santos. Aqui no país, no entanto, há uma diferença. As empresas reclamam também, muitas vezes, da falta de clientes. “A boa notícia é que não existe falta de clientes no Brasil de hoje”, diz o diretor técnico do Sebrae Nacional.

De acordo com Santos, o Brasil vive um bom momento para os empreendedores. “Temos uma taxa de juros em declínio, um mercado aquecido e, principalmente, temos crédito, coisa que não tínhamos há algumas décadas.” É aí que entra a necessidade de se investir em inovação. Se o momento econômico do país é bom, os clientes existem e não faz sentido competir com grandes empresas, o que resta para as micro e pequenas? Investir em inovação, em todas as camadas do setor produtivo.

Santos dá o exemplo de uma cachaçaria artesanal que gostaria de competir com uma empresa que vende pinga industrializada. “O preço da pinga que chega ao mercado é entre 8 e 10 reais”, diz. A cachaça artesanal custa, em média, entre 30 e 50 reais. “É mais interessante o empresário investir em técnicas de inovação, buscando redução de custos, melhor relacionamento com cliente, diferenciação da marca e agregamento de valor, do que competir com o produto industrializado”, diz Santos. “O mesmo vale para um supermercado de bairro e tantos outros negócios que se aplicam nessa relação entre grandes e pequenas empresas”, explica.