Países emergentes quase alcançam G7 em patentes

Os países do grupo dos Bricks – as cinco maiores economias emergentes do mundo – já têm uma produção científica na mesma escala de grandeza da dos países do G7, as sete nações desenvolvidas mais influentes. Há 20 anos, a ciência de Brasil, Rússia, Índia, China e Coreia do Sul tinha menos de um décimo do tamanho daquela mostrada pelos países mais ricos do mundo.

Hoje, a publicação científica desses emergentes é um pouco menos da metade daquela do G7, e o número de patentes registradas já quase se iguala aos de EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Japão e Canadá.

Os dados são da divisão científica da multinacional de mídia Thomson Reuters, que produziu um relatório analisando a produção científica dos Bricks – incluindo o “K”, de Coreia do Sul em inglês.

O levantamento mostra que a ciência e a inovação desses países cresce não apenas em quantidade, mas também em qualidade.

“Vemos agora uma divisão mais equitativa da participação na ciência”, diz David Pendlebury, um dos autores do relatório. “Parte disso é consequência da globalização, mas é algo que também está ocorrendo na ciência de ponta. Nas próximas décadas, não nos surpreenderemos se mais prêmios Nobel forem concedidos à Asia e à América do Sul.”

A participação dos Bricks na ciência de alta qualidade foi avaliada pelo número de citações de estudos científicos. “Fizemos uma busca por estudos que, para seu ano de publicação, estiveram no grupo dos 1% mais citados de suas áreas”, explica Pendlebury. “Durante a última década, o numero desses estudo triplicou no Brasil.”

O aumento em números absolutos (de 56 para 168, entre 2002 e 2011) ainda é pequeno comparado à participação de gigantes como EUA e Reino Unido na elite científica. Mas esses estudos cresceram proporcionalmente no Brasil, indo de 0,42% da produção nacional a 0,50% – um aumento apreciável quando se trata de um grupo tão seleto de trabalhos.

O Brasil se destaca dos outros Bricks quando se analisam os campos da ciência que puxam o aumento da produtividade. “Nos ‘Ricks’, a física, a química, a engenharia e a ciência de materiais são as áreas líderes, mas no Brasil, que é uma ‘economia de conhecimento natural’, quem lidera o caminho são as ciências biológicas e ambientais”, afirma o documento.

Segundo Pendlebury, isso pode se dever ao fato de o Brasil ter um programa de investimento em ciência menos aplicado a metas de produção industrial, como ocorre na Coreia do Sul e na China.

Nesses países, o esforço científico é mais concentrado em áreas determinadas pelo Estado.
Apesar de não ter um governo tão “interventor” na ciência, o Brasil é um dos países onde o setor privado menos aproveita o espaço para investimento. Enquanto na China as empresas contribuem com três quartos da fatia, no Brasil o setor privado concede apenas metade.

“Os baixos gastos corporativos com pesquisa e desenvolvimento no Brasil parecem uma anomalia”, diz o relatório. Segundo o documento, a causa pode ser o nível alto de investimento público, especialmente por meio do apoio pelo regime de impostos na região de São Paulo.

Essa menor participação privada tem efeito no número de patentes registradas pelo Brasil, bem menor que os de outros emergentes (em 2011, foram registradas pouco mais de 20 mil patentes no país contra 170 mil da Coreia do Sul e 400 mil da China).

Para Pendlebury, isso parece preocupante em termos do retorno financeiro do investimento em ciência. Mas a escala do problema pode não ser tão grande quanto parece. “A China e a Coreia do Sul provavelmente estão exagerando no patenteamento.”

(Com informações da Folha de S. Paulo)

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