22 de janeiro de 2013 Investimento em inovação garante competitividade das micro e pequenas empresas
Agência Gestão CT&I – Gilmara Guedes
Em sete anos, uma casa com cinco cômodos tornou-se a pousada D’ Amoras, com vista para a Serra Fluminense, em Conservatória, no Rio de Janeiro. O empreendimento era um antigo sonho da jornalista e empresária Deolinda Saraiva que, para fazer diferença no mercado e tornar o negócio competitivo, buscou orientações junto a especialistas no processo de inovação.
Nessa pesquisa, contou com o auxílio dos Agentes Locais de Inovação (ALI), programa do Sistema Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que fornecem informações, consultoria e acompanhamento às organizações de pequeno porte. Uma das ideias que a empresária apostou – e que contou com a orientação dos ALIs em seu desenvolvimento – foi a implantação de um sistema de bonificação para estimular o trabalho cooperativo dos funcionários e, consequentemente, melhorar a qualidade do atendimento na pousada.
Pela inovação, Deolinda foi vencedora do prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2011, no Estado do Rio de Janeiro, na categoria Pequenos Negócios. “Na pousada, a iniciativa individual para melhorar algum processo, um elogio do cliente ou o reconhecimento por parte da direção de esforços individuais somam pontos que são revertidos em bônus adicionais sobre o salário mensal do funcionário”, explica.
Para a empresária, entre os maiores gargalos enfrentados ao longo de toda sua trajetória a frente da pousada D’ Amoras, ela destaca a dificuldade para a aprovação de crédito. Nos últimos cinco anos, a empreendedora aplicou o financiamento em produtos e serviços que triplicaram a capacidade da pousada, que atualmente possui 22 quartos e várias opções de lazer em uma área de 2.200 m².
Deolinda também investiu em captação de energia solar, coleta seletiva de lixo e séptica para tratamento de esgoto doméstico, além da capacitação da equipe. E não para por aí: ela ainda faz planos para a melhoria contínua do negócio. “Estamos com um projeto pronto para a construção de um estacionamento próprio e piscinas aquecidas. Ainda quero investir mais. Não há sucesso sem risco”, assegurou.
Concorrência
Dados do Sebrae demonstram que 49,4% dos micros e pequenos negócios fecham as portas antes de completar dois anos de existência. De acordo com a gerente adjunta da Unidade de Acesso à Inovação e Tecnologia do Sebrae Nacional, Gláucia Zoldan, isso se deve à concorrência de mercado, que está cada vez mais exigente e baseada em qualidade, requisitos ambientais, sociais e, preponderantemente, inovação.
“A inovação nas micro e pequenas empresas deve acontecer com base na capacitação em gestão da inovação e apoio continuado e estratégico de recursos públicos para P&D [pesquisa e desenvolvimento], além da ampliação da participação do setor privado nos investimentos no setor e uso estratégico de informações contidas em bancos de patentes”.
Segundo ela, os resultados dos investimentos diretos em inovação realizados em pequenas empresas por meio da subvenção (modalidade de financiamento viabilizada pela Lei de Inovação – Lei no. 10.973, de 2 de dezembro de 2004) ainda são recentes. “Há um processo de aprendizagem pelo lado das empresas e das entidades de financiamento. Os Estados ainda se mobilizam para criar as suas leis estaduais de inovação, que darão maior capilaridade e sustentação a esse processo de apoio público à P&D, especificamente para às micro e pequenas empresas”, afirmou.
Para o diretor de Relações Interinstitucionais da ABIPTI, Félix Silva, ainda falta informação sobre as possibilidades de como as empresas devem buscar recursos financeiros junto às agências de fomento. “Muitos projetos não são aprovadas devido à baixa qualidade técnica das propostas”.
Segundo ele, a maioria das empresas brasileiras nascem para competir com concorrentes nacionais e, esquecem que a competição é global. As MPEs , completa, devem ser capacitadas para se tornarem competitivas no mercado externo. “Países como China, Espanha e Itália têm uma participação significativa no processo de exportação. No Brasil, as micro e pequenas empresas contribuem com menos de 2% para o esforço de exportação no país”, afirmou.
Nesse impasse, ressalta Félix Silva, as MPEs abrigadas em incubadoras saem na frente pois contam com instrumentos de apoio e mecanismos de informações, desde a indicação de quais são os editais voltados para o perfil da empresa, capacitação até o aperfeiçoamento do plano de negócios.
Gláucia Zoldan, do Sebrae, reforça que o governo federal tem investido em mecanismos com vistas a impulsionar as forças produtivas para inovar como, por exemplo, o Plano Brasil Maior, por meio do Programa de Incentivo à Inovação nas Empresas Brasileiras, o Inova Brasil, promovido pela Finep. O programa pretende alavancar a competitividade nacional e internacional via parcerias, atividades de incentivo à pesquisa e apoio financeiro. No período de 2012-2011, a financiadora investiu R$ 160 milhões em MPEs.