4 de fevereiro de 2025 Evento de inovação em biotecnologia busca aproximações entre Universidade e mercado
Agência de Inovação da Unicamp integrou agenda de palestras do I Encontro de Biotecnologia e Inovação e foi pauta nas mesas de discussão sobre o tema
Texto: Isabele Scavassa – Inova Unicamp | Fotos: Pedro Amatuzzi – Inova Unicamp
A aproximação entre a Universidade e o mercado foi uma das pautas discutidas no I Encontro de Inovação em Biotecnologia, realizado nesta quinta-feira (30), na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Promovido pelo Instituto de Biologia da Unicamp (IB), com apoio da empresa do setor alimentício e farmacêutico Kerry Pharma LATAM, o evento contemplou em sua agenda especialistas de dois lados da discussão para cada uma das quatro temáticas abarcadas: agricultura, farmacêutica, alimentos e vacina. Além desses eixos, o público também visualizou um panorama sobre deeptechs no Brasil em apresentação feita pela Emerge, empresa especializada na integração de tecnologias e soluções para esse tipo de empresa.
O professor Hernandes Carvalho, diretor do IB, abriu o evento destacando o papel da inovação na Universidade. Em seguida, o professor Renato Lopes, diretor-executivo da Agência de Inovação Inova Unicamp, ministrou a palestra de abertura, na qual abordou, entre outros temas, o envolvimento da Unicamp no desenvolvimento de grandes invenções, como a fibra óptica.
Lopes também apresentou a Inova Unicamp, Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da Unicamp, responsável por processos como comunicação de invenção, proteção de propriedade intelectual, transferência de tecnologia e formalização de convênios de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I).
Ao longo de sua apresentação, o diretor-executivo destacou o diferencial da Unicamp em relação a outras instituições de ensino: o gerenciamento do empreendedorismo dentro do ambiente da Universidade. As ações nesse sentido, disse Lopes, “são fomentadas em espaços como o Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, com apoio da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica (Incamp), que oferece um programa de incubação para empresas interessadas em desenvolverem seus negócios”.
Segundo Lopes, a Agência de Inovação busca “colocar óleo nas engrenagens que levam a inovação a completar seu ciclo”, otimizando as formas de levar tecnologias da Universidade ao mercado para transformá-las em inovação efetivamente. Essa fala serviu como ponto de partida para os painéis seguintes, que abordaram as atividades em desenvolvimento na indústria e na universidade, além das parcerias de PD&I.
Biotecnologia no setor primário: agricultura e indústria alimentícia
O primeiro painel teve a presença da professora Taicia Fill, do Instituto de Química da Unicamp (IQ), que expôs os avanços em seu estudo sobre bolor azul, causado pelo Penicillium italicum e que tem gerado alerta na produção de citros no país. Para representar o outro lado, o do mercado, a coordenadora de PD&I Isabela Gotti contou o que a Koppert, empresa que oferece proteção biológica para culturas agrícolas, tem feito para lidar com adversidades como essa.
Durante a discussão deste painel, foram mencionadas formas de interlocução entre Universidade e indústria no trato do avanço de pesquisas de relevância como a que foi mencionada na palestra de Fill. Segundo a docente, este campo de conexão entre os dois setores precisa de avanços, mas já conta com um suporte significativo, como “ações que são oferecidas pela Inova aos docentes”.
Outra área contemplada no encontro em biotecnologia foi a de alimentos, representada no painel pela professora Rosana Goldbeck, da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) e pelo Murilo Gonçalves, do Grupo Ajinomoto.
No campo acadêmico, foram discutidas pesquisas desenvolvidas na Unicamp que, alinhadas a preocupações globais de segurança alimentar, busca proteínas alternativas para a garantia da alimentação de qualidade da população mundial daqui alguns anos. Pela parte de Gonçalves, foi discutido o glutamato e suas aplicações na indústria alimentícia atualmente.
A imersão proporcionada pela mesa de discussão composta por Goldbeck e Gonçalves trouxe à tona questões abordadas na produção de proteínas que podem substituir as opções de origem animal. Alguns dos avanços obtidos na Universidade neste quesito se alinham com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), mas, para que essas pesquisas cheguem à sociedade e gerem impacto real, é fundamental que sejam divulgadas e acessíveis ao mercado.
Para atender essa necessidade, a Inova disponibiliza um Portfólio de Tecnologias da Unicamp, ferramenta que compila perfis tecnológicos de invenções protegidas da Universidade. O site contempla, inclusive, uma das invenções da docente palestrante, alinhada com a ODS de número 2: fome zero e agricultura sustentável. Confira aqui.
Biotecnologia aplicada à farmacêutica
No âmbito farmacêutico, Stefanie Kraschowetz, coordenadora de PD&I em biotecnologia, contou sobre os processos desenvolvidos na Libbs, empresa brasileira atuante no ramo, detalhando a dinâmica da produção de anticorpos monoclonais e biossimilares. Além de contextualizar o público sobre as particularidades dos produtos desse tipo, a coordenadora contou sobre alguns desafios, como a escalonamento deles e a obtenção de insumos para a produção.
No contraponto, representando a universidade, o professor André Damásio, do IB, explicou a “humanização” de microorganismos para produção de proteínas terapêuticas. O docente, que esteve à frente da organização do evento, contou o processo de pesquisa que tem desenvolvido para chegar a essa categoria de proteína, que pode ser utilizada para tratar doenças.
As duas palestras, que abordaram temas semelhantes sob diferentes ângulos, ilustram a fala do professor Damásio sobre a importância da interação entre universidade e empresa. Segundo ele, a conexão entre os dois pontos é fundamental, pois, ao passo que na Universidade existem desafios, como os de engenharia genética para otimização de células usadas na produção de biossimilares, o mercado também relata obstáculos, como o escalonamento de processos e a estabilidade para, de fato, gerar um bioproduto em escala comercial.
A imunização na perspectiva da biotecnologia
Para além do setor farmacêutico, a área de vacinas também foi contemplada, durante o último painel do dia. Nele, houve contribuições de perspectivas do Instituto Biológico e da Zoetis, representados por Ricardo Jordão e Carla Freitas, respectivamente. Parte da discussão do Instituto, que fica localizado no Parque Ibirapuera, em São Paulo capital, foi um dos projetos de locação de laboratório, com o objetivo de conferir um espaço de Inovação em Sanidade Animal com áreas para desenvolvimento de novos produtos, otimização de vacinas e outras atividades.
Já disponível para uso, o fruto do projeto chama-se LABinov, e carrega consigo o título de caso de sucesso da Procuradoria Geral de São Paulo, pois contou recursos previstos no Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) para sua realização. Isso foi possível após a implementação do Toolkit de Instrumentos Jurídicos para Inovação, viabilizado pela PG-SP, que dispõe de ferramentas legais otimizadas para a promoção da inovação com respaldo jurídico atualizado.
O documento mencionado tem sido pauta no setor jurídico da inovação e busca acelerar o progresso nesse âmbito, ampliando as possibilidades que anteriormente não eram utilizadas. Saiba mais sobre o tema na matéria elaborada pela Inova sobre o Toolkit.
📲 Os documentos disponibilizados no Toolkit já foram pauta de evento promovido pelo NIT da Unicamp. Clique aqui e confira a cobertura do workshop.
Ainda no âmbito de vacinas, Freitas trouxe dados sobre a evolução da vacina ao longo dos anos, os diferentes tipos de imunizantes disponíveis hoje e como eles funcionam. Ainda em apresentação, a gestora compartilhou alguns números da Zoetis, como o de funcionários destinados a PD&I na instituição, que somam mais 1.400, distribuídos entre os mais de 100 países em que a empresa atua.
O evento, foi encerrado com uma palestra da Emerge Brasil sobre o estudo realizado pela instituição que, entre outros aspectos, catalogou a quantidade e elaborou um panorama de deeptechs no Brasil. O estudo destacou, entre outras informações, a região com maior concentração de negócios do tipo: Sudeste no topo do ranking, com 70% do total, sendo que São Paulo agrega a maior parte – hospedando 55% delas.
Acompanhe as datas dos próximos eventos
Segundo Damásio, a expectativa é fazer do evento um encontro anual, com apoio de diferentes parceiros que compreendem a importância desse intercâmbio de informações, como foi neste ano com empresas como a fabricante de equipamentos para biotecnologia INFORS HT. Para saber de outros eventos como este, basta acompanhar a Inova Unicamp pela newsletter semanal ou diretamente na página de eventos, local destinado a divulgação de ações da própria Agência de Inovação ou de parceiros.
📸 Confira as fotos do evento aqui.