Insumo a base de urucum desenvolvido na Unicamp atua no controle de gordura no fígado

A imagem mostra cinco pessoas em um ambiente de armazém. As pessoas estão vestindo camisas pretas e vermelhas com um logotipo nelas, exceto por uma pessoa que está vestindo um jaleco branco. Elas estão em pé na frente de pilhas de caixas e outros materiais de armazém. As pessoas estão sorrindo. São quatro homens e uma mulher. A mulher está entre eles e veste um jaleco branco. Fim da descrição.
A tecnologia que deu origem ao insumo foi desenvolvida por pesquisadores da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp em parceria com a empresa-filha Rubian Extratos. O produto chamado Colliv atua no controle de gordura no fígado.

logo do Prêmio Inventores nas cores verde claro e azul. O desenho são duas cabeças que formam uma lâmpada e embaixo o texto Prêmio Inventores UnicampEsta matéria compõe a série Prêmio Inventores 2024 | Texto: Caroline Roxo – Inova Unicamp | Fotos: Pedro Amatuzzi – Inova Unicamp e Eduardo Aledo – Arquivo pessoal

De cor avermelhada, muito utilizada na culinária e de origem brasileira, a semente do urucum possui diversos benefícios para a saúde. Um desses benefícios foi identificado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para atuação no controle metabólico, como no nível de lipídios e acúmulo de gordura no fígado. A descoberta saiu da bancada da Unicamp para o mercado, com o licenciamento da tecnologia pela empresa-filha da Unicamp Rubian Extratos e o lançamento do insumo chamado Colliv. 

O Colliv é um pó feito a partir da extração e purificação de um complexo de substâncias presentes na semente do urucum capaz de atuar na redução da gordura no fígado, também conhecida como esteatose hepática não alcoólica. O produto é recomendado para pessoas que enfrentam a obesidade ou estão em situação de sobrepeso, uma vez que essa condição representa um fator de risco para o desenvolvimento de doenças hepáticas, como o acúmulo de gordura no fígado.

A tecnologia que deu origem ao Colliv foi desenvolvida por pesquisadores da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, liderada pelo professor Mário  Maróstica Júnior e com a participação das pesquisadoras Juliana Kelly e Milena Vuolo. A pesquisa teve recurso aprovado pelo Programa de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e foi patenteada com estratégia da Agência de Inovação Inova Unicamp

Homem branco com os braços fechados, vestindo uma blusa social escura. Localizado na frente de uma parede de tijolos. Fim da descrição.

Mário Maróstica Júnior é o inventor responsável pela tecnologia

“Atualmente, em um mundo onde a obesidade e problemas metabólicos são crescentes preocupações de saúde, a colaboração entre academia e indústria é essencial. Essa história de sucesso exemplifica como a ciência e a tecnologia podem se unir para criar soluções inovadoras que impactam positivamente a vida das pessoas”, expõe o pesquisador Mário Maróstica Júnior, que comemora a chegada de mais uma tecnologia da Unicamp ao acesso da população.

A chegada desse produto no mercado, capaz de auxiliar na regulação dos níveis de colesterol, reduzir gordura hepática e contribuir para a prevenção da diabetes tipo II, impacta positivamente o cenário atual de saúde pública relacionada à obesidade, em que, de acordo com o Atlas 2023 da Federação Mundial da Obesidade, há uma projeção de que, nos próximos 12 anos, mais de 4 bilhões de pessoas em todo o mundo estarão enfrentando problemas relacionados ao excesso de peso. 

“O fígado é central em nosso metabolismo. O centro do metabolismo fica prejudicado quando você está com aumento de gordura no fígado e isso leva a um mal funcionamento hepático, colocando em risco a vida dessas pessoas”, explica Maróstica Jr.

Segurança e sustentabilidade na tecnologia

O professor e pesquisador Mário Maróstica Jr. conduziu testes de toxicidade hepática para averiguar a segurança do produto e não encontrou qualquer indício que pudesse pôr em risco a saúde humana. Além disso, o produto não possui contraindicações e pode ser utilizado por qualquer pessoa que apresenta quadros de obesidade ou sobrepeso. No entanto, para fazer uso do insumo, Eduardo Aledo, co-fundador da Rubian Extratos, recomenda que seja procurado um médico para uma prescrição do profissional relacionada a dosagem adequada para cada paciente. O produto pode ser manipulado individualmente ou incluído junto a outros compostos, conforme a prescrição.

Na imagem estão comprimidos em cima de uma bancada cinza. Os comprimidos são de cor alaranjada e estão empilhados. Fim da descrição.

O insumo pode ser utilizado na manipulação de comprimidos de forma individualizada ou combinada com outros compostos

Aledo também explica que além da atuação sem prejuízo para a saúde, a tecnologia ainda usa um processo ambientalmente limpo. Para produzir o insumo, é preciso fazer uma extração e purificação de um complexo oleaginoso da semente do urucum, que é feito pela tecnologia de extração por fluido supercrítico. Esse processo extrai uma variedade de fitoquímicos do urucum, todos com propriedades benéficas para a redução da gordura hepática. 

“O dióxido de carbono (CO2) é utilizado como solvente, mantendo os principais fitoquímicos intactos do produto e oferecendo ainda uma extração sustentável, pois o CO2 é posteriormente recuperado para ser reutilizado”, comenta Aledo. 

Da bancada da Universidade para o acesso da população

Para uma pesquisa desenvolvida dentro de uma universidade chegar ao acesso da população ela precisa passar por etapas que envolvem a proteção da propriedade intelectual e também o licenciamento dessa tecnologia para uma empresa ou instituição que irá validar a tecnologia e seu potencial para se transformar em produto ou serviço para a sociedade. Ou seja, a Unicamp é responsável pelos resultados em nível laboratorial e possibilita que as empresas licenciem essas tecnologias para que elas escalem e cheguem ao mercado. 

Na Unicamp, a responsável pela gestão da propriedade intelectual da Universidade, com a disponibilidade de uma vitrine tecnológica no Portfólio de Tecnologias da Unicamp e também na intermediação do licenciamento das tecnologias para instituições interessadas é a Agência de Inovação Inova Unicamp, o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da Universidade. 

A partir da interação entre a Inova Unicamp e a Rubian Extratos, empresa-filha da Unicamp criada por ex-alunos da Universidade a partir da competição Desafio Unicamp e graduada na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp), possibilitou não apenas o licenciamento das tecnologias que deram origem ao insumo em pó, mas também a dois acordos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) entre a empresa e a Unicamp, em regime de licenciamento exclusivo.

“A empresa chegou a um extrato, um produto, com uma composição intrigante e conduzimos pesquisas para entender como esses compostos poderiam efetivamente contribuir no combate a doenças crônicas, como a obesidade. Os testes revelaram promissores resultados na redução do tecido adiposo”, relata Marostica.

O produto está sendo comercializado com apoio da farmacêutica Infinity Pharma, que entrou como parceira da Rubian Extratos no processo de distribuição para todo o Brasil através de farmácias de manipulação. O Colliv também está em processo para submissão e obtenção do registro na linha industrial solicitado junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para que possa ampliar a sua comercialização. 

Saiba mais sobre a Rubian Extratos

A Rubian Extratos é uma spin-off acadêmica da Unicamp que atua no desenvolvimento de produtos e processos inovadores na área de bem-estar e saúde e possui como principal objetivo levar tecnologias desenvolvidas na Universidade para a sociedade. A startup foi criada a partir da competição de empreendedorismo Desafio Unicamp, no ano de 2015. O programa, que acontece anualmente, estimula o desenvolvimento de modelos de negócio a partir de tecnologias protegidas da Unicamp, com capacitações gratuitas para seus participantes. 

A empresa já lançou dois produtos no mercado, o Metabody que é um extrato da casca da jabuticaba e um complexo antioxidante chamado Rejuvenate a partir do bagaço do maracujá, ambos com tecnologias da Unicamp. O Colliv é o terceiro produto desenvolvido pela empresa.

PRÊMIO INVENTORES 2024

INVENTORES PREMIADOS:

Mário Roberto Maróstica Junior (FEA), Eduardo Cesar Andreo Aledo (Rubian), Juliana Kelly Da Silva Maia (Rubian), Maria Angela De Almeida Meireles Petenate (FEA) e Carolina Lima Cavalcanti de Albuquerque (FEA) foram premiados na categoria Tecnologia Absorvida no Mercado no Prêmio Inventores 2024.

PROGRAMAÇÃO DE HOMENAGENS

Esta reportagem integra a série de matérias elaboradas pela Inova Unicamp que abordam algumas das tecnologias licenciadas, absorvidas pelo mercado e empresas spin-offs acadêmicas da Universidade Estadual de Campinas. Você pode acessar esses conteúdos pelo site da Inova e, em breve, em formato de ebook na Revista Prêmio Inventores. A programação do Prêmio Inventores da Unicamp 2024 também incluiu o webinar “20 anos da Lei de Incentivo à Inovação e casos de sucesso de tecnologias da Unicamp absorvidas no mercado”, que aconteceu em 10 de setembro. Saiba mais sobre o webinar aqui!

Não deixe de conferir todos os premiados no site Prêmio Inventores da Unicamp.

Os patrocinadores do Prêmio Inventores 2024 são: ClarkeModet e FM2S.

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