FEA Unicamp se destaca na Proteção à Propriedade Intelectual e lança incentivo à comunicação de invenções

Foto colorida mostra homem branco à esquerda e mulher branca à direita. Ambos estão em um ambiente externo com vegetação e um edifício ao fundo e estão segurando, juntos, o troféu do Prêmio Inventores Unicamp 2024. Fim da descrição.
Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) foi a unidade da Unicamp com maior número de pedidos de patentes depositadas em 2023 e lançou um programa para estimular a proteção da propriedade intelectual gerada pelos seus pesquisadores.

 

logo do Prêmio Inventores nas cores verde claro e azul. O desenho são duas cabeças que formam uma lâmpada e embaixo o texto Prêmio Inventores UnicampEsta matéria compõe a série Prêmio Inventores 2024 | Texto: Christian Marra – Inova Unicamp | Fotos: Pedro Amatuzzi – Inova Unicamp

 

A Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (FEA Unicamp) conquistou pela terceira vez o título de Destaque na Proteção à Propriedade Intelectual no Prêmio Inventores da Unicamp, organizado pela Agência de Inovação Inova Unicamp, que, a cada nova premiação, reconhece e premia os principais resultados de proteção e licenciamento de tecnologias realizados no ano anterior na Universidade.

As outras ocasiões em que a FEA foi premiada nessa categoria haviam sido em 2019 e 2022. Desta vez, a unidade de ensino e pesquisa foi líder em patentes depositadas, respondendo por 15 de um total de 51 pedidos de depósito de patentes realizados pela Universidade em 2023, com apoio da Inova. Um índice que representa 29% dos depósitos de patentes realizados pela Unicamp no ano passado.

O Destaque à Proteção da Propriedade Intelectual é um reconhecimento realizado no escopo do Prêmio Inventores da Unicamp, ao qual a Inova Unicamp confere, anualmente, aos esforços de pesquisadores, professores, alunos e funcionários que se empenham na proteção e transferência de tecnologias desenvolvidas na Universidade. Em alusão a essa conquista, o professor Anderson Sant’Ana, diretor da FEA, ressalta que ela atesta o estímulo à cultura de proteção da propriedade intelectual (PI) que a FEA vem realizando nos últimos anos entre os seus pesquisadores. Ao mesmo tempo, esse destaque contribui para reforçar iniciativas que estão sendo lançadas com esse objetivo:

“A FEA tem uma produtividade em pesquisa muito alta. E, quanto mais a gente consegue transferir tecnologias para a sociedade a fim de se tornarem soluções inovadoras, mais os nossos objetivos da pesquisa são atingidos. Vemos esse reconhecimento com muitos bons olhos, é algo que nos enche de orgulho, e é um incentivo a mais em nosso empenho de proteger a propriedade intelectual, em um momento em que estamos lançando importantes incentivos nesse sentido”, comemora Sant’Ana.

 

Cultura de proteção à propriedade intelectual da FEA Unicamp

De forma complementar, a professora Ana Silvia Prata, diretora-associada da FEA, comenta que a unidade vem se esforçando em disseminar, entre os seus alunos e professores, a importância de assegurar a proteção à propriedade intelectual desde as fases iniciais dos projetos de pesquisa. “Estamos em uma trajetória crescente de conscientização dos pesquisadores para que, desde a fase de projeto, eles tenham essa preocupação de comunicar uma invenção e garantir a proteção da propriedade intelectual. Isso é algo que a Inova Unicamp sempre nos alerta, e que temos nos empenhado em consolidar em nossas rotinas de pesquisa ao longo dos últimos anos”, explica Prata.

 Foto colorida mostra uma placa prateada onde se lê FEA, Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, posicionada sobre uma praça com árvores e calçamentos. Ao fundo aparece dois dos prédios da FEA.

Fachada da FEA Unicamp

Além disso, ela detalha outras orientações que têm sido enfatizadas: “também criamos caminhos para facilitar que os pesquisadores façam buscas de patentes já depositadas durante a fase de projeto, e que procurem alcançar algo que possa se tornar uma inovação futura. Às vezes, a partir desse estudo prévio, basta um pequeno ajuste no projeto de pesquisa para que ele tenha um maior potencial de se tornar uma inovação. E, depois, respeitar cada detalhe que assegure que a comunicação da invenção seja efetuada conforme os critérios para a proteção. Tudo isso é possível quando realizado desde a concepção de um projeto”, comenta a professora.

A diretora-associada ainda acrescenta outra característica que favorece o desenvolvimento de novas patentes: “um fator interessante da FEA é a sua multidisciplinaridade. É comum trabalharmos em conjunto com outras unidades da Unicamp e com empresas do setor alimentício. Essa relação direta com outras áreas e com a sociedade favorece o surgimento de novas oportunidades de produzir tecnologias com potencial de inovação”, acrescenta Prata.

 

Mais estímulo à proteção da propriedade intelectual na FEA

No intuito de consolidar essa cultura de proteção da PI, a FEA aprovou, no meio deste ano, um programa de incentivo à proteção da propriedade intelectual, que conta com apoio da Inova Unicamp. A iniciativa oficializa as ações de fomento promovidas na FEA e vai de encontro à principal diretriz da Lei de Inovação Brasileira e à Política de Inovação da Unicamp.

“A ênfase desse programa será a comunicação das invenções. Vamos reforçar, junto aos alunos de graduação e pós-graduação, assim como pesquisadores da FEA e os que estão em estágio de pós-doutorado, servidores técnicos e docentes, que eles comuniquem nos canais da Inova as suas invenções resultantes de projetos, pesquisas e prestações de serviços. Como resultado, os programas de pós-graduação receberão incentivos financeiros oriundos de fontes diversas, incluindo royalties de patentes desenvolvidas na FEA”, explica Sant’Ana.

Ele comenta que os recursos originados terão como objetivo aumentar o financiamento das atividades de pesquisa: “Com esse estímulo, a ideia é aumentar as comunicações de invenções para a Inova analisar os resultados dos projetos e pesquisas e poder apontar se serão passíveis de algum tipo de proteção. Esperamos, assim, assegurar a propriedade intelectual do nosso know-how e de patentes, programas de computador, desenhos industriais, cultivares, modelos de utilidade, entre outros”, completa o diretor da FEA.

Para isso, será estimulado que a comunidade da FEA use o formulário “Comunique a sua Invenção”, disponível no site da Inova, para que os trâmites de proteção intelectual às pesquisas sejam iniciados antes de se tornarem públicos. Assim, a Inova poderá identificar e negociar oportunidades de transferência de tecnologia, licenciamento e outros meios de transferência para empresas, organizações não governamentais (ONGs) e órgãos governamentais.

“Com mais comunicações de invenções, esperamos que mais pesquisas se transformem em patentes ou em know-how para serem transferidas a empresas, governos etc., gerando recursos que serão aplicados para alimentar um ciclo virtuoso de inovação e de melhoria das atividades de ensino, pesquisa e extensão da unidade”, comenta o diretor. “É um programa voltado a toda comunidade da FEA para reforçar não só as atividades de pesquisa, mas também o ensino que está por trás. Todos serão envolvidos”, afirma Sant’Ana.

 

Nova patente pode proporcionar alimentos mais saudáveis

Tornar os alimentos consumidos no país mais saudáveis é um objetivo sempre presente nas linhas de pesquisa trabalhadas na FEA. Nesse sentido, entre as patentes depositadas ao longo do ano passado pela unidade, uma delas consistiu no desenvolvimento de um novo ingrediente para substituir a gordura animal saturada em produtos à base de carne suína, capaz de manter as propriedades tecnológicas e ainda agregar benefícios funcionais.

Foto colorida mostra mãos de quatro pessoas segurando amostras da matéria-prima, do ingrediente e do produto final com a tecnologia.

Tecnologia licenciada substitui gordura saturada em alimentos processados

Alimentos processados elaborados principalmente com carne suína, como salsichas, linguiças ou mortadelas, contêm entre os seus ingredientes a gordura de porco, que é rica em gordura saturada. Por isso, o seu consumo excessivo pode ser prejudicial à nossa saúde, ainda que sejam fontes de proteínas de alto valor biológico. No Brasil, seu consumo é elevado em função de sua praticidade, conveniência e custo inferior aos cortes de carne in natura.

“Começamos a pesquisar um ingrediente que pudesse substituir a gordura saturada em produtos cárneos e oferecer outras propriedades benéficas ao organismo. Foi assim que desenvolvemos uma emulsão gel prebiótica para essa finalidade, dotada das mesmas propriedades físicas da gordura suína, como textura, consistência, sabor etc., porém livre de gordura saturada e com outros benefícios adicionados”, explica Rosana Goldbeck, professora e pesquisadora da FEA responsável pela tecnologia.

Ela explica que a gordura suína foi escolhida como objeto de estudo em virtude de seu alto consumo pela população. Mas a emulsão gel prebiótica desenvolvida na FEA é um ingrediente com potencial de aplicação em outros produtos cárneos, que tenham origem em outros tipos de animais. Além disso, o ingrediente também pode ser incorporado na formulação produtos plant-based (sem origem animal) ou de produtos híbridos (uma mescla de ambos), que têm sido cada vez mais consumidos. A patente do invento foi depositada com apoio da Inova e pode ser licenciada pela indústria alimentícia.

 

O papel da Inova como facilitadora de processos

O professor Sant´Anna finaliza ressaltando a importância da assessoria da Agência de Inovação da Unicamp no papel de proteger a propriedade intelectual das pesquisas desenvolvidas e no de converter as invenções em inovações. De acordo com ele, a FEA dispõe de uma parceria fundamental em todos esses processos:

“Contamos muito com o auxílio da Inova. Nós somos pesquisadores, não dominamos os trâmites necessários para gerar patentes. Mas a Inova tem condições de avaliar se uma invenção é patenteável, se ela é relevante para o mercado ou como podemos fazer uma transferência de know-how. Além disso, ela oferece a expertise para realizar essas negociações com agentes externos, algo que não é do nosso domínio – e que confiamos totalmente à Agência. A gente vê que a Inova faz um trabalho muito sério, raro de ser visto em outras instituições e cada vez mais sofisticado ao longo dos anos. Um suporte assim é excelente”, conclui Sant’Ana. 

 

PRÊMIO INVENTORES 2024

Esta reportagem integra a série de reportagens especiais em celebração ao Prêmio Inventores 2024, que abordam algumas das tecnologias licenciadas, absorvidas pelo mercado e empresas spin-offs acadêmicas da Universidade Estadual de Campinas. Você pode acessar esses conteúdos pelo site da Inova  ou em formato de ebook na Revista Prêmio Inventores 2024 com lançamento previsto para este mês. A programação do Prêmio Inventores também incluiu o webinar sobre os 20 anos da Lei de Incentivo à Inovação e casos de sucesso de tecnologias da Unicamp absorvidas no mercado, que aconteceu no dia 10 de setembro. A gravação do webinar está disponível neste link.

Confira todos os premiados e homenageados no site Prêmio Inventores da Unicamp.

Os patrocinadores do Prêmio Inventores 2024 são: ClarkeModet e FM2S

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