Alta produção de pesquisa leva o IB Unicamp a se destacar na Transferência de Tecnologia

Foto colorida mostra dois homens brancos em um ambiente externo com vegetação e um edifício ao fundo. O homem à esquerda segura o troféu do Prêmio Inventores Unicamp 2024. Fim da descrição.
 O volume elevado de pesquisas científicas, que geraram tecnologias protegidas da Unicamp, permitiu que o Instituto de Biologia se tornasse a unidade líder em Transferência de Tecnologia na Unicamp em 2023.

 

logo do Prêmio Inventores nas cores verde claro e azul. O desenho são duas cabeças que formam uma lâmpada e embaixo o texto Prêmio Inventores UnicampEsta matéria compõe a série Prêmio Inventores 2024 | Texto: Christian Marra – Inova Unicamp | Fotos: Pedro Amatuzzi – Inova Unicamp

 

O Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB Unicamp) alcançou pela segunda vez o título de Destaque em Transferência de Tecnologia do Prêmio Inventores Unicamp. Líder pela primeira vez em 2022, neste ano o IB volta ao primeiro lugar após estar envolvido em 6 das 26 transferências de tecnologias da Unicamp formalizadas ao longo do ano passado, com apoio da Agência de Inovação da Unicamp (Inova Unicamp).  As transferências de tecnologias formalizadas em 2023 incluem licenciamentos de patentes, programas de computador e know-how, assim como acordos de transferência de material.

O professor Hernandes Faustino de Carvalho, diretor do IB, comemora o feito e atribui ao volume de produção de pesquisa da unidade de ensino e pesquisa uma das razões para esse resultado: “Nós ficamos muito orgulhosos porque isso sinaliza que o nosso volume de pesquisa é relevante e gera soluções inovadoras para a sociedade. Esta é uma marca que nos deixa bastante felizes”, afirma Carvalho.

Ele vai além e ressalta que o fato de ter uma pesquisa forte, com vários tipos de ênfase – incluindo pesquisa básica e projetos de extensão –, permite ao IB ter uma sólida relação com a sociedade, o que abre oportunidades para a transferência de tecnologia:

“Nosso volume de pesquisa nos dá suporte para acomodar vários vieses. Um viés vai para a inovação, outro vai para a extensão, e assim por diante. E isso resulta em um alcance relevante na sociedade, pois permite a transferência de tecnologia para o setor produtivo. Dessa forma, conseguimos gerar impactos diretos na sociedade local e brasileira e, por que não dizer, também na mundial”, comenta Carvalho.

Ambiente de abertura à pesquisa proporciona a inovação

O IB Unicamp é uma unidade aberta às mais diversas linhas de pesquisa, com um volume considerável de produção científica. Dessa forma, uma parte relevante dessa produção alcança boas chances de se converter em inovação. O professor Alessandro dos Santos Farias, diretor-associado do IB, esclarece essa vocação: “A gente não deve direcionar toda nossa pesquisa diretamente à inovação. Temos que criar um ambiente onde as descobertas possam vir a ser patenteáveis, ou alvo de proteção intelectual, mas eu gosto da liberdade de pensamento, da liberdade de uma pesquisa que é básica ou não direcionada nos dados”, explica Farias. Ele vai além e acrescenta:

“Temos que apoiar a pesquisa de uma forma mais ampla e dela tirar os frutos que são relacionados à inovação, à proteção intelectual e à aplicação imediata. Nós vemos a inovação como uma consequência, não um fim em si”, comenta Farias.

Seguindo essa filosofia de liberdade de pesquisa, o diretor-associado pontua que essa mentalidade de abertura é inculcada nos alunos, que adquirem uma visão ampla dos vários caminhos a seguir no ambiente de pesquisa no IB. “Nossos alunos não precisam ficar presos à academia ou à pesquisa científica básica, que é uma das possibilidades. Nós também procuramos abrir a cabeça deles com várias ações, para que eles conheçam os vieses de pesquisa ou de ciência que nós fazemos. Nós acreditamos que a inovação é um dos ramos dessa árvore gigantesca que nós exploramos. Queremos deixar as portas abertas aos nossos alunos para que eles saiam daqui, também, voltados à criação de empresas, com essa visão alternativa”, explica Farias. 

Estímulo ao crescimento do ambiente de inovação

Foto colorida mostra totem prateado onde lê-se IB Instituto de Biologia. Ao fundo vê-se uma praça arborizada e parcialmente o prédio.

Fachada do Instituto de Biologia

Mesmo com essa amplitude de caminhos na pesquisa, fomentar o aumento da inovação é uma questão presente na agenda do IB. Carvalho justifica o avanço desse estímulo como algo impulsionado tanto pela Unicamp quanto pelos anseios dos alunos: “Nós respondemos a um estímulo geral da Universidade. A Unicamp, por meio da Inova, cria esse ambiente em que é comum falar, de uma forma geral, de patenteamento, transferência de tecnologia, impacto na sociedade, propriedade intelectual etc. Esse ambiente geral da Universidade fortalece a criação desse subdomínio aqui dentro”, afirma o diretor do IB. E ele acrescenta:

“Nós nos sentimos, assim, muito estimulados a fomentar a inovação ou a buscar esse lado mais aplicado das pesquisas. Mas nós não criamos amarras com isso. Fazemos uma pesquisa mais geral, e entre elas, nos deparamos com descobertas ou invenções”, explica Carvalho.

Nesse sentido, Farias complementa: “essa demanda pela inovação também está muito presente entre os alunos e, por isso, temos reforçado as iniciativas que favorecem o seu desenvolvimento. Eles podem usar o que aprenderam aqui para atuar em empresas ou até abrir startups. Esse é um desafio muito importante que também temos buscado cumprir”, acrescenta o diretor-associado.

Tecnologia desenvolvida no IB para testes rápidos do vírus HPV

Nesse conjunto de pesquisas, uma tecnologia com alto potencial de inovação, que já foi protegida e licenciada a uma empresa com apoio da Inova, foi um método desenvolvido no IB para a realização de testes rápidos para detectar a presença do vírus do papiloma humano (HPV, na sigla em inglês). Identificar a sua presença é uma necessidade vital à saúde humana, pois o HPV tem potencial de causar infecções e provocar o câncer de colo de útero, o segundo tipo de câncer com maior número de incidência no Brasil entre as mulheres.

 Foto colorida mostra pedaços de papel embebidos em uma solução líquida vermelha

Tecnologia licenciada para teste rápido de HPV

O professor André Ricardo de Lima Damasio, pesquisador do IB que participou dessa pesquisa, fornece mais detalhes sobre como surgiu a necessidade de se desenvolver um método para testes mais ágeis do HPV: “Para evitar o câncer de colo de útero, o exame preventivo de rotina é feito com o teste de Papanicolau. Mas o seu método para coleta de células é invasivo e precisa ser feito por especialistas. Temos, portanto, esses problemas de rotina. Nós imaginamos como esses problemas afetam o Sistema Único de Saúde (SUS), pois eles tornam a fila de exames maior e mais lenta. Aí veio a questão: não é possível desenvolver um teste mais rápido? E assim começamos a trabalhar em uma solução”, comenta Damasio.

Dessa forma, ao lado de outros pesquisadores e com o apoio de uma empresa, Damasio trabalhou no desenvolvimento de um método mais ágil e que se mostrou eficaz. Segundo ele, “nosso objetivo era encontrar um método para efetuar testes rápidos para a detecção do HPV. E dependendo dos resultados, caso eles chamassem a atenção, aí sim as pacientes fariam um teste mais invasivo, como o Papanicolau. Isso permitiria diminuir bastante o número de testes Papanicolau necessários. O método usa uma fita, similar às que foram aplicadas para testes rápidos da Covid durante a pandemia”, explica Damasio.

O método desenvolvido no IB ainda não está disponível no mercado, mas vem apresentando resultados positivos nos testes clínicos, que estão sendo conduzidos pela empresa que licenciou a tecnologia.

A Inova como um bem da Unicamp

O professor Carvalho conclui ressaltando a importância da Inova Unicamp nas tarefas de sistematizar os processos de transferência de tecnologia, algo que confere mais segurança aos pesquisadores: “O ambiente de inovação da Universidade fica muito mais seguro com a atuação da Inova. A gente se sente muito mais amparado no que se refere às nossas invenções e às nossas descobertas. Até para dizer o que não pode ser patenteado. Aprendemos que, nesses casos, podemos destinar outros fins a um invento. E essa busca é sempre muito salutar para o desenvolvimento da pesquisa”, finaliza o diretor do IB.

O professor Farias, por sua vez, sintetiza em uma frase a sua importância: “A Inova é um bem da Universidade. Ela levou a Unicamp a essa posição de protagonismo na inovação. Por isso, o IB estabelece muitas parcerias com a Inova, somos muito próximos. A Inova, sem dúvida, colocou a Unicamp em outro patamar em termos de inovação”, conclui o professor.

PRÊMIO INVENTORES 2024

Esta reportagem integra a série de reportagens especiais em celebração ao Prêmio Inventores 2024, que abordam algumas das tecnologias licenciadas, absorvidas pelo mercado e empresas spin-offs acadêmicas da Universidade Estadual de Campinas. Você pode acessar esses conteúdos pelo site da Inova  ou em formato de ebook na Revista Prêmio Inventores 2024 com lançamento previsto para este mês. A programação do Prêmio Inventores também incluiu o webinar sobre os 20 anos da Lei de Incentivo à Inovação e casos de sucesso de tecnologias da Unicamp absorvidas no mercado, que aconteceu no dia 10 de setembro. A gravação do webinar está disponível neste link.

Confira todos os premiados e homenageados no site Prêmio Inventores da Unicamp.

Os patrocinadores do Prêmio Inventores 2024 são: ClarkeModet e FM2S

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