17 set 20 anos da Lei de Inovação é tema de webinar do Prêmio Inventores 2024
Evento virtual reuniu profissionais em debate que mostrou casos de sucesso e fez balanço sobre avanços e novos desafios ao longo das duas últimas décadas
Texto: Isabele Scavassa – Inova Unicamp | Foto: Zoom
No escopo das comemorações do Prêmio Inventores 2024, a Agência Inovação da Universidade Estadual de Campinas (Inova Unicamp) promoveu, na última terça-feira (10), o webinar “20 anos da Lei de Incentivo à Inovação e casos de sucesso de tecnologias da Unicamp absorvidas no mercado”. O evento antecedeu a premiação de profissionais da Universidade, que foram premiados em cerimônia por seus esforços no desenvolvimento de tecnologias da Unicamp que foram licenciadas ou absorvidas no mercado com apoio da Inova Unicamp ao longo de 2023.
Durante o webinar, compuseram o painel de palestras docentes, empreendedores e gestores da Inova Unicamp. Moderado pela supervisora de comunicação da Agência de Inovação da Universidade Kátia Kishi, a conversa foi iniciada com a apresentação de Cláudio Castanheira, diretor geral da ClarkeModet na América Latina, que trouxe dados importantes sobre a evolução do cenário da inovação ao longo dos últimos 20 anos – desde a criação da Lei Brasileira de Incentivo à Inovação, em 2004.
Castanheira comentou sobre o crescimento do depósito de patentes nesse recorte temporal e destacou a atuação dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) como impulsionadores dos indicadores. O especialista também explicou que o número de patentes concedidas anualmente passou de quase zero para uma média anual superior a 800 dentro desses 20 anos. “Os números demonstram um amadurecimento”, explica, mas o “desafio segue”.
Outro destaque na exposição de Castanheira foi o de receitas geradas por Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs), cujos contratos firmados com o setor produtivo atingiram R$ 1 bilhão em 2022. Essas informações foram obtidas por meio do formulário de Política de Propriedade Intelectual das ICTs, coletado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, ligado ao governo federal brasileiro.
Já o diretor-executivo da Inova Unicamp, o professor Renato Lopes, trouxe a história dos 20 anos da Lei de Incentivo à Inovação pelas experiências da Unicamp, com uma linha do tempo que demarcou importantes passos da Universidade e também da Inova Unicamp, pioneira entre os NITs e criada antes da Lei de Inovação.
Lopes destacou a criação da Comissão Permanente de Propriedade Intelectual e do Escritório de Transferência de Tecnologia, fundados respectivamente em 1984 e 1990, antes mesmo da promulgação da referida lei. Também foram destacados o nascimento da Política de Propriedade Intelectual da Unicamp, em 2010, e o Grupo de Trabalho (GT) para a Política de Inovação Unicamp, em 2017.
“A história da Propriedade Intelectual na Unicamp começa um pouco antes da criação da Lei de Inovação e até antes da criação da Inova Unicamp, demonstrando que a inovação sempre foi um dos alicerces da Universidade. A exemplo disso, podemos comentar que estamos comemorando, em 2024, 40 anos da criação da Comissão Permanente de Propriedade Intelectual (CPPI), um dos primeiros órgãos ligados ao tema na Unicamp”, relembra Renato Lopes, diretor-executivo da Inova Unicamp.
Lei da Inovação completa duas décadas em 2024
O tema escolhido para o webinar neste ano, que abrange os 20 anos da Lei de Incentivo à Inovação no Brasil, abarca diretamente as atividades desenvolvidas pelos profissionais celebrados no Prêmio Inventores da Unicamp. Pensando nisso, a programação buscou proporcionar recortes importantes de números e casos de sucesso que contribuíram com a trajetória da Unicamp no âmbito da inovação ao longo dos últimos anos.
A Lei que chega aos 20 anos em 2024, reúne uma série de definições e práticas pertinentes às áreas que trabalham com essas ferramentas. A criação dela permitiu, segundo Castanheira, que houvesse uma evolução no âmbito da Propriedade Intelectual no país. Contudo, hoje o cenário reúne conquistas, mas traz desafios como a necessidade de “repensar estratégias de aproximação com empresas, mapeando as demandas do mercado”, de modo com que pesquisadores possam trabalhar alinhados com o que precisa ser criado e otimizado para obter avanços nos diversos setores.
O documento regulatório traz, em suas resoluções, a definição da palavra “inovação” como “introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social que resulte em novos produtos, processos ou serviços”. Nesse sentido, as empresas e os inventores convidados para o webinar aproveitaram o espaço para exemplificar como têm operado para implementar a definição de inovação na prática, como foi o caso das duas tecnologias expostas que chegaram efetivamente ao mercado.
Casos de sucesso exemplificam a inovação da Unicamp
Compartilhando sua experiência, o professor Jancarlo Gomes da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e do Instituto de Computação da Unicamp (IC), ambas unidades da Unicamp, conversou com o público sobre a trajetória de quatro tecnologias desenvolvidas por um grupo liderado por ele. A partir das pesquisas e desenvolvimento dessas tecnologias, foi criado um novo protocolo laboratorial para o processamento de amostras em exame parasitológico de fezes. O resultado desses estudos foi licenciado pela empresa Immunocamp, do grupo Bio Brasil, e já foi absorvido na sociedade.
Priscila Palhano, representante da Immunocamp, explicou que a conexão com o grupo de pesquisa da Unicamp foi importante para a empresa desenvolver funções que não poderiam ser feitas sem uma equipe “altamente especializada”, conta. Segundo ela, a expertise dos pesquisadores contribuiu para alcançar um resultado importante e um banco de dados capaz de despertar o interesse de concorrentes estrangeiros.
Também contribuíram para o debate Lucídio Fardelone, pesquisador da Faculdade de Engenharia Química (FEQ), e o professor Gustavo Paim, docente na mesma unidade. Juntos, eles falaram sobre uma tecnologia desenvolvida por eles e que é baseada na fermentação com microrganismos ou enzimas encapsuladas em esferas para viabilizar a obtenção de produtos variados. Versáteis, eles são aplicáveis em setores como o alimentício, o de energia e o de medicamentos.
O produto avançou a etapa de testes e deu origem à BioAcids, uma empresa spin-off, criada a partir de um conhecimento da Universidade. Hoje, ela é administrada por quatro pessoas, entre elas o Fardelone. O pesquisador-empreendedor comentou sobre sua experiência como um dos fundadores da startup responsável pelo licenciamento, enquanto Paim contou a história pela perspectiva de inventor responsável pelas pesquisas que culminaram em uma tecnologia licenciada.
Os inventores também relembraram que a trajetória da BioAcids teve a Unicamp como berço e, após sua criação, seguiu para outros espaços para além da FEQ, mas ainda na Universidade, e encontrou oportunidade de desenvolvimento na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp), sob gestão da Inova. Após graduar-se na Incubadora da Unicamp, a empresa passou a integrar o ecossistema do Parque Científico e Tecnológico, também gerenciado pela Inova Unicamp.
A programação do webinar foi concluída com um período de perguntas e respostas, que foram respondidas pelos painelistas e também pela coordenadora de negócios e inovação da Inova Unicamp, Iara Ferreira.
Os patrocinadores do Prêmio Inventores 2024 são: ClarkeModet e FM2S