Lux Educação Inclusiva: Tecnologia a favor da inclusão

Os sócios da Lux Educação Inclusiva, Maibí Mascarenhas à esquerda da imagem e Paulo Kussler, à direita, com uma caixa de papelão para recebimento de doações no centro.
Com foco na educação inclusiva, aluno de mestrado do Instituto de Computação da Unicamp e pedagoga criam aplicativos para capacitar educadores, gestores e famílias de pessoas com deficiência
Logo Unicamp Ventures com o escrito e um arco com degradê do verde ao azul. Fim da descrição

 

Esta matéria faz parte da série de reportagens produzidas pela Inova sobre as empresas que compõem o ecossistema empreendedor da Unicamp. Saiba que tipos de empresas podem integrar esse ecossistema e como se cadastrar na página de Vivência Empreendedora.

Texto: André Luis Gobi – Inova Unicamp | Foto de capa: Divulgação Lux Educação Inclusiva

A educação inclusiva é um direito e tema de crescente relevância no Brasil e no mundo. Promover a plena inclusão de alunos em ambientes escolares e profissionais com deficiência no mercado de trabalho ainda é um desafio e nem sempre empresas, escolas e profissionais estão preparados ou capacitados para a tarefa.

Este é o contexto no qual surge a Lux Educação Inclusiva, uma empresa-filha da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que atua com formação e treinamento de educadores, famílias, crianças, ongs e empresas para orientar práticas efetivas de inclusão para pessoas com deficiência, transtornos de aprendizagem e altas habilidades em instituições públicas e privadas. A empresa tem como sócios Paulo Kussler, profissional da área de tecnologia e mestrando em Ciências da Computação no Instituto de Computação (IC) da Unicamp e Maibí Mascarenhas, profissional da área de Educação.

A empresa foi fundada em 2015, por Maíbi, mas foi em 2023  que surgiu a parceria que alteraria a forma de atuação da startup. Paulo e Maibí se conheceram durante evento de empreendedorismo no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD), em Campinas,  promovido pela BU Education em pareceria com a Agência de Inovação da Unicamp (Inova Unicamp). Aproveitando o ambiente fértil de inovação promovido e fomentado no ecossistema da Unicamp, os empreendedores se uniram e transformaram a empresa em uma startup que une a expertise de seus sócios: práticas de educação inclusiva com tecnologia.

“Sempre líamos a respeito da Agência de Inovação da Unicamp e resolvemos fazer a disciplina de empreendedorismo. Nela, fizemos inúmeras parcerias e conseguimos adquirir muito conhecimento sobre startups e empreendedorismo, além de conhecer diversas pessoas”, conta Paulo.  Os empreendedores também descobriram que podiam participar de uma grande comunidade de empresas-filhas da Unicamp, formadas por outras pessoas com algum vínculo com a Universidade, como alunos, ex-alunos, pesquisadores, docentes ou docentes aposentados, funcionários e startups incubadas na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp).

“Decidimos nos cadastrar como empresa-filha da Unicamp, primeiro por todo conhecimento que ganhamos, e também pela proximidade com outras empresas e tudo o que o ecossistema de inovação da Unicamp oferece”. Os empreendimentos que integram a comunidade de empresas-filhas da Unicamp têm acesso a uma rede de apoio e podem participar de diversas atividades envolvendo parceiros, empreendedores e a comunidade acadêmica. Essas ações estão inseridas nas iniciativas da Inova Unicamp, que tem como objetivo impulsionar o ecossistema de inovação e empreendedorismo da Universidade.

Conhecimento acessível, a qualquer hora e em qualquer lugar

A proposta da Lux Educação Inclusiva é clara: utilizar a tecnologia para facilitar a inclusão de pessoas com deficiência no ambiente educacional e corporativo. O suporte oferecido pela startup tem foco em pessoas na função de fazer a inclusão do deficiente e é realizado tanto via web quanto por meio do aplicativo que leva o nome da empresa.

Tela do aplicativo Lux Educação Inclusiva com menu de opções na extremidade esquerda e galerias de conteúdos contendo fotos das profissionais responsáveis no restante da tela.

Interface da plataforma da Lux Educação Inclusiva. Foto: Lux Educação Inclusiva

“A Lux tem como core, parte principal, o aplicativo educacional que faz a mesma função do que é feito no presencial e no remoto. A pessoa entra e cadastra um aluno, colaborador ou familiar com deficiência, coloca se tem alguma deficiência ou característica ainda não fechada como deficiência e abre-se uma jornada para cada pessoa, alimentada regularmente com vídeos, documentos editáveis, legislações, área de mentorias que abarcam dúvidas que vêm dos usuários, diário de campo”, explica Mascarenhas a respeito do aplicativo educacional.

Além do suporte oferecido pelo aplicativo educacional, a Lux também está lançando um novo aplicativo, o Lux Comunidade, totalmente gratuito e focado em conectar grupos de professores, familiares, especialistas e demais profissionais que tenham em seu ambiente escolar, profissional ou familiar pessoas com algum tipo de deficiência. A ideia é que o grupo sirva como uma forma de apoio e troca de experiências, oferecendo plantões e formações específicas sem custos para os membros. Este segundo aplicativo está sendo desenvolvido por outra empresa-filha da Unicamp, a SayMe, que atua no ramo de tecnologia e da qual Paulo também é sócio. Toda a abordagem no aplicativo será explicada com vídeos e conteúdos ajustados de acordo com cada realidade do usuário, além de disponibilizar materiais de apoio com links e documentos digitais.

“Em conversa com a Maibí, vimos sinergias em algumas coisas, foi quando surgiu a questão da criação de um aplicativo para a comunidade, um aplicativo que ajude as pessoas a interagirem e conversarem sobre o assunto. Estamos construindo essa ferramenta em parceria de duas empresas-filhas da Unicamp”, ressalta Kussler, destacando a parceria entre Lux e a SayMe.

Ambos os aplicativos (educacional e comunidade) foram desenvolvidos para acesso tanto em sistemas Android quanto IOS (I-Phone), e aí está um dos grandes diferenciais da Lux. De acordo com os sócios, uma das grandes críticas de usuários deste tipo de serviço, especialmente de famílias, é que a maioria dos aplicativos da área de inclusão é basicamente desenvolvida para IOS, restringindo muito o acesso, uma vez que os aparelhos da Apple costumam ter preços mais elevados do que os de outras fabricantes que usam a plataforma Android como sistema operacional.

Aplicativos promovem a capacitação de profissionais com valor acessível

Tela do aplicativo Lux Comunidade apresentando um menu de opções de conteúdos disponíveis para os usuários acessarem.

Interface do aplicativo Lux Comunidade. Divulgação: Lux Educação Inclusiva.

O desenvolvimento dos aplicativos é um passo importante para expandir o alcance do conhecimento e dos atendimentos, uma vez que a educação inclusiva ainda se mostra bastante deficitária em ambientes educacionais e profissionais, seja por falta de recursos financeiros, humanos, ou mesmo por falta de conhecimento em como lidar com um caso de inclusão. Para suprir essas necessidades, os aplicativos atuariam como ferramentas importantes para auxiliar grupos que se encontram nessas condições.

“Com base em todos esses anos de conhecimento que a Maibí tinha, com números expressivos, a gente fez uma compilação de todo esse conhecimento dela, criando essa plataforma para que esse conhecimento fique acessível de maneira escalável, poder ajudar mais pessoas mundo afora”, explica Kussler.

Um dos grandes dilemas dos educadores em escolas é justamente a necessidade de inclusão de alunos com algum tipo de deficiência em um ambiente em que os professores não têm experiência ou capacitação para tal atividade. Nesses casos, a Lux seria uma alternativa com valor acessível para essa capacitação, dispondo ainda de conteúdos, orientações e esclarecimento de dúvidas sobre como agir nas mais diversas situações.

Atualmente, o aplicativo Lux Educação Inclusiva conta com mais de 300 conteúdos que são gravados por profissionais diversos, como fonoaudiólogo, neuropsicólogo, gestores de escolas, entre outros, além da própria Maibí. Entre os principais clientes da startup estão escolas, famílias e empresas, cada qual por motivos específicos.

Segundo dados do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), que são usados como base também no Brasil, 1 a cada 36 crianças é autista. “Não vai haver time (equipes no mercado de trabalho) sem deficiência em breve, então é preciso preparar todo mundo, não há outra alternativa”, conscientiza Mascarenhas.

Projetos de empreendedorismo social

Mas a Lux não atua apenas em plataforma web e aplicativo. No início do ano, a startup promoveu uma campanha de doação de livros e materiais didáticos para jovens indígenas Xavantes, do estado do Mato Grosso. A iniciativa, focada em fornecer recursos educacionais essenciais, arrecadou cerca de 1060 materiais, desde livros didáticos e de literatura até cadernos, lápis e outros instrumentos de estudo novos e usados.

O gesto solidário visa fortalecer a educação e proporcionar melhores oportunidades de aprendizado para comunidades que frequentemente enfrentam desafios no acesso a recursos de qualidade. “Foi lindo ver a quantidade de alunos que conseguimos atender, então vemos muitas possibilidades, uma abertura de diálogo muito boa e podemos fazer mais”, ressalta Mascararenhas.

A Lux ainda planeja para este ano o desenvolvimento de e-books e eventos focados na educação inclusiva, além da ampliação de recursos interativos e o desenvolvimento de parcerias com instituições de ensino e empresas em todo o Brasil.

Ecossistema empreendedor da Unicamp

Logo Unicamp Ventures com o escrito e um arco com degradê do verde ao azul. Fim da descriçãoA Lux Educação Inclusiva compõe o ecossistema empreendedor Unicamp Ventures, fomentado pela Agência de Inovação Inova Unicamp, que produz conteúdos (como esta matéria) e eventos reunindo as empresas-filhas da Universidade.

Podem fazer parte deste ecossistema os empreendimentos fundados por pessoas que têm ou tiveram vínculo com a Universidade, tais como alunos, ex-alunos, docentes, funcionários ou ex-funcionários, assim como startups que foram incubadas na Incamp ou criadas a partir de uma tecnologia desenvolvida na Universidade, as chamadas empresas spin-off.

A Inova Unicamp está com o cadastro aberto para mapear novas empresas de seu ecossistema. O cadastro é gratuito, acesse e faça da sua empresa uma filha da Unicamp em: https://www.inova.unicamp.br/cadastro-filhas/