5 de janeiro de 2024 Jornal Nacional | Pesquisadores da Unicamp criam exame mais preciso para prevenir infarto
No exame de ultrassom, a inteligência artificial consegue identificar a camada mais interna da artéria e analisar a espessura das placas de gordura logo no início da formação.
Hipertensa aos 32 anos, Alessandra já teve quatro infartos e sofre com as sequelas. “Eu não dou conta de andar, não fico muito tempo em pé, eu sinto muita falta de ar”, conta ela.
O Ministério da Saúde estima que o infarto é responsável por 400 mil mortes por ano no Brasil. A principal causa do infarto é a “aterosclerose”, a formação de placas de gordura no interior das artérias que pode interromper o fluxo do sangue para o coração.
“Esse depósito de gordura se manifesta como um derrame, ou como infarto, e metade desses indivíduos não consegue chegar no hospital, morrem antes mesmo de serem atendidos”, diz Andrei Sposito, professor de cardiologia e coordenador da pesquisa da Unicamp.
As placas de gordura se formam por vários fatores como tabagismo, pressão alta, diabetes, má alimentação e obesidade. O estudo publicado por médicos da Unicamp em uma revista científica internacional relaciona o maior risco de infarto ao acúmulo de placas de gordura nas carótidas, as artérias que levam sangue do coração para o cérebro.
“O que a gente está vendo é uma artéria que está aqui no pescoço, que é muito fácil de você acessar. Mas olha que legal: eu consigo a partir daqui talvez imaginar o que está acontecendo aqui sem precisar estar vendo o coração”, diz Wilson Nadruz Junior, professor de Cardiologia da Unicamp.
Agora, pesquisadores da Unicamp desenvolveram uma tecnologia, a base de inteligência artificial, que consegue revelar as placas de gordura na região das carótidas logo no início, o que pode ajudar a prevenir o infarto. Seria um exame mais barato, utilizando o próprio equipamento de ultrassom que os hospitais normalmente já têm.
No exame de ultrassom, a inteligência artificial consegue identificar a camada mais interna da artéria, chamada de “íntima”, e analisar a espessura das placas de gordura logo no início da formação.
“Quando você tem a placa de gordura você está caminhando para um infarto, você está desenvolvendo a doença que vai gerar o infarto. Então, no momento que a gente detecta isso, um cuidado médico, com mudança do estilo de vida, medicações quando apropriado, pode paralisar esse processo e até regredir isso. Essa é uma oportunidade de ouro antes que aconteça um evento mais grave”, explica Andrei Sposito.
Matéria originalmente publicada no g1 e transmitida no Jornal Nacional
Leia mais:
Unicamp e UFSC desenvolvem método automático para apoio ao diagnóstico de aterosclerose