Pesquisa para Inovação | Empresas-filhas da Unicamp batem recorde de faturamento e geração de emprego

As empresas-filhas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) bateram recorde de faturamento anual, chegando a R$ 25,9 bilhões em 2023. A cifra representa um aumento de 32% em relação ao ano anterior.

Além do aumento em faturamento, também foi aferido incremento no número de empregos diretos, com a geração de 47.156 postos de trabalho em 2023 pelas 1.156 empresas-filhas ativas – um saldo de 2.532 novos empregos em comparação ao ano de 2022.

Os dados são da Agência de Inovação Inova Unicamp, levantados com base em perguntas do cadastro voluntário de empresas-filhas, e estão compilados no Relatório de Empresas-filhas da Unicamp 2023, disponível para download.

O documento reúne dados consolidados das empresas-filhas com análises e casos de sucesso de alguns empreendimentos fundados por alunos, ex-alunos, docentes ou funcionários da Unicamp, além de empresas criadas a partir de tecnologias da universidade – conhecidas como spin-offs – ou incubadas e graduadas pela Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp).

“O mapeamento de empresas-filhas da Unicamp teve seu início em 2006 e, desde então, a Inova Unicamp acompanha a progressão e o amadurecimento contínuo desse ecossistema empreendedor, representado principalmente pelos indicadores de faturamento e geração de empregos”, diz Ana Frattini, diretora-executiva da Inova Unicamp.

Neste ano, o levantamento da Inova mapeou um total de 1.387 empresas-filhas cadastradas, das quais 1.156 delas estão em atividade e gerando rendimento e empregos, em sua maioria próximas às cidades onde estão as unidades de ensino da Unicamp (Campinas, Paulínia, Limeira e Piracicaba).

Desse total de empresas, 93,1% estão sediadas na região Sudeste, das quais 95% no Estado de São Paulo, especialmente nas Regiões Metropolitanas de Campinas (57,6%) e Piracicaba (3,1%). A segunda maior concentração de empresas-filhas fica na Região Metropolitana de São Paulo (23%).

“Para nós, esse indicador da localização é muito importante por diversos motivos, como a constatação de geração de renda e empregos próximos à universidade e também em razão de que muitas dessas empresas continuam seu relacionamento com a Unicamp, seja em participação de eventos ou ainda em convênios de pesquisa e desenvolvimento [P&D] conjunto com a universidade”, analisa o professor Renato Lopes, diretor-executivo associado da Inova Unicamp.

Entre essas empresas-filhas que continuam se relacionando com a Unicamp está a SDAMed, apoiada pelo Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP.

Graduada pela Incamp e atuante no setor veterinário, a empresa, localizada em Paulínia, desenvolveu uma linha própria de produtos e licenciou neste ano uma tecnologia desenvolvida pelo professor Antônio Augusto Fasolo Quevedo e pelo pesquisador Carlos Alexandre Ferri, ambos da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (Feec) da Unicamp. Trata-se de um neurolocalizador para aplicação de anestesia regional em pacientes. Com a agulha do aparelho, o profissional diminui a corrente elétrica até saber onde está o nervo e, assim, aplicar o anestésico.

“Minha relação com a Unicamp nos ajuda muito. Quando temos um problema, busco colegas, professores e indicação de estudantes que possam nos ajudar. Como ex-aluno e ex-incubado, acredito que essa relação irá gerar ainda mais bons frutos”, avalia Glauco José Rizzanti Pereira, cofundador e diretor de desenvolvimento da SDAMed e ex-aluno da Feec-Unicamp.

Ações de ESG

Neste ano, o mapeamento das empresas-filhas da Unicamp incorporou uma nova categoria de análise: ações de Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG) das empresas.

No total, 101 empresas responderam a essas questões após a implementação da nova pergunta no cadastro voluntário. Delas, 58% afirmaram já possuir pelo menos uma iniciativa relacionada a ESG, enquanto 16,8% estão atualmente desenvolvendo projetos para implementar práticas nessa área.

“Estamos acompanhando a demanda no meio empreendedor de incentivo a mais empresas terem boas práticas de ESG, sendo que o primeiro passo é conhecer e divulgar casos de sucesso dessas empresas, até mesmo para que elas inspirem outras a incorporarem essas práticas. Vem sendo uma atividade interessante, até para conhecermos empresas que nasceram para atender demandas socioambientais”, explica Mariana Zanatta Inglez, coordenadora de empreendedorismo e ambientes de inovação da Inova Unicamp e responsável pelo mapeamento e análises de empresas-filhas da Unicamp.

Uma dessas empresas que nasceu com o objetivo de solucionar problemas e impactar positivamente o meio ambiente e a sociedade é a Atto Ambiental, fundada pela antropóloga Leslye Bombonatto Ursini, que cursou a graduação, mestrado e doutorado no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp.

A empresa presta serviços de assessoria e consultoria em projetos e estudos ambientais que envolvem povos indígenas e quilombolas.

“Somos chamados para pensarmos juntos na resolução de problemas sociais. Há algum tempo, por exemplo, era comum se pensar que comunidades que ocupavam locais onde projetos seriam implantados fossem removidas e se cogitava que antropólogos pudessem ajudar nesse processo. Hoje, a postura é bem diferente na forma de tratar as comunidades tradicionais e o incremento da legislação tem relação com isso. Nosso papel é conhecer as comunidades e encontrar a melhor solução. As comunidades tradicionais estão mais fortalecidas, conquistaram mais espaços”, afirma Ursini.

Relatório de Empresas-filhas da Unicamp 2023 está disponível para download no formato e-book em https://materiais.inovaunicamp.org/relatorio-empresas-filhas-2023.

 

Matéria publicada em FAPESP, com informações da Inova Unicamp.

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