Tudo EP | Unicamp descobre código genético resistente à seca

Esta é uma imagem de uma paisagem árida e desolada. Mostra uma estrada de terra que leva ao horizonte. A paisagem é plana e há algumas árvores espalhadas ao redor. As árvores são altas e têm troncos finos. O céu é azul e há algumas nuvens à distância. A imagem transmite uma sensação de desolação e vazio.

Pesquisadores introduziram na soja um gene da cana-de-açúcar; pesquisa pode favorecer ainda mais produção do principal produto agrícola brasileiro

Redação do Tudo EP

A primeira semana da primavera deste ano nos fez ir atrás do ventilador, da garrafinha d’água e da sombra. Tendo isso em mente, como as culturas agrícolas, que não desfrutam de todos esses recursos, sobrevivem às elevadas temperaturas? Ainda mais se levarmos em consideração àquelas que compõem parte importante da economia brasileira, como a soja?

De acordo com a agrometeorologista Ludmila Bardin Camparotto, as elevadas temperaturas podem trazer efeitos negativos para o desenvolvimento da soja. “Elevadas temperaturas podem desidratar o colo da planta, prejudicar a floração e diminuir a capacidade de retenção das vagens”, ressaltou a especialista. Fato é que a soja é a maior produção agrícola brasileira em volume e área. Ou seja, ter a produção agrícola de soja prejudicada interfere diretamente na economia do país.

Pensando nisso, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) descobriram um código genético da cana-de-açúcar capaz de potencializar a capacidade da planta em responder a eventos extremos, como a seca. A descoberta segue para uma nova fase de estudos, com o objetivo de avaliar se é possível aplicar o mesmo código à soja, que é, atualmente, o principal produto de exportação do Brasil.

O pesquisador que coordenou a pesquisa, Marcelo Menossi, do Laboratório de Genoma Funcional do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, explicou que foram plantadas seis variedades de cana em campos experimentais de Alagoas, Pernambuco e São Paulo. Para comparar os resultados, metade das variedades possuía maior produtividade em condições de seca; enquanto a outra metade, menor produtividade. Além disso, elas foram cultivadas com irrigação e sem irrigação. Ou seja, o objetivo era aplicar diferentes estresses nas variedades e analisar os resultados obtidos.

Em um dos campos experimentais, os pesquisadores obtiveram os melhores resultados e, portanto, coletaram amostras dessas plantas e analisaram o código genético para, enfim, identificar qual gene (parte do código genético) tinha a melhor resposta em relação à seca. A partir da engenharia genética, o gene foi transferido para outras plantas e, depois, potencializado para obter melhores resultados no que se refere à seca. No momento, a pesquisa em relação à soja está em fase de introdução no campo e, depois, ainda precisa ser regulamentada para ser utilizada comercialmente, já que é uma planta transgênica.

“Em um ano que não tem problema de seca, a tecnologia não vai ter efeito, mas naqueles anos que tem problema com seca a tecnologia pode ter um impacto muito grande ainda mais em uma área tão extensa como o Brasil. E com esses eventos climáticos cada vez mais intensos, extremos e imprevisíveis, é claro que a tecnologia representa um potencial muito grande para a agricultura brasileira”, disse o pesquisador Marcelo Menossi.

As pesquisas são realizadas por meio de parceria entre o Instituto de Biologia (IB) da Unicamp e a empresa Novag, que obteve o licenciamento da tecnologia desenvolvida na Universidade com apoio da Agência de Inovação Inova Unicamp.

Texto publicado originalmente no portal Tudo EP

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