9 de maio de 2023 Diário da Saúde | Pesquisadores da Unicamp desenvolvem desinfetante que gelifica para agir melhor
Gel bactericida
Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveram um desinfetante líquido que, ao ser aplicado sobre uma superfície, transforma-se imediatamente em gel.
Isso impede que o produto escorra rapidamente pela superfície, prolongando sua permanência e aumentando a eficiência no controle de microrganismos, principalmente bactérias.
Além disso, a variação de textura – ser aplicado como líquido e transformar-se em gel – possibilita que o desinfetante alcance frestas, poros e ranhuras que uma formulação com alta viscosidade dificilmente conseguiria penetrar.
O desinfetante em gel pode ser empregado na limpeza de diferentes superfícies – como metal, plástico, vidro, madeira e azulejos -, principalmente em superfícies mais porosas e inclinadas, nas quais é desejável que o produto mantenha sua atuação desinfetante por algum tempo sem escorrer.
“O objetivo da pesquisa foi desenvolver um desinfetante com alto poder bactericida que, ao ser aplicado na forma aquosa, reagisse no local formando instantaneamente um gel, com uma composição menos tóxica e menos corrosiva para a limpeza de ambientes e diferentes superfícies,” disse o professor Edvaldo Sabadini.
Desinfetante duplo
O invento se baseia em um dos fundamentos da química: “O mesmo mecanismo que levou à formação das membranas nos organismos mais primitivos que deram origem à vida, denominado ‘efeito hidrofóbico’, promove a formação do gel bactericida,” explicou Sabadini.
Trata-se da criação de micelas gigantes, agregados moleculares também conhecidos por seu formato alongado.
A nova formulação contém dois compostos muito conhecidos no mercado por seu poder bactericida, sendo usados em enxaguantes bucais, o cloreto de cetilpiridínio e o timol. “A literatura já relata a ação bactericida do cetilpiridínio e do timol há muito tempo. Acreditávamos que as duas substâncias bactericidas apresentavam todas as características estruturais necessárias para a formação das micelas gigantes em água,” contou Sabadini.
A formação dos hidrogéis ocorre quando as duas substâncias que se encontram dissolvidas em água, mas em compartimentos separados, são combinadas no spray. Separadas, elas apresentam a mesma viscosidade da água, mas, quando combinadas, formam rapidamente o gel. A malha formada é capaz de aprisionar uma grande quantidade de água, garantindo as características do gel bactericida.
A tecnologia está disponível para licenciamento de empresas que desejam colocar o gel bactericida no mercado.
Matéria original publicada em Diário da Saúde.