8 de setembro de 2022 EPTV | Software desenvolvido na Unicamp usa inteligência artificial para diagnosticar risco de doenças do coração
Algoritmo aponta, a partir da análise de imagens comuns de ultrassonografia, alterações nas artérias que tornam o diagnóstico mais eficaz, rápido e barato. Criação do sistema foi em parceria com a UFSC.
Pesquisadores da Unicamp desenvolveram um sistema de computador capaz de analisar e apontar com precisão, a partir de imagens comuns de ultrassonografia, alterações nas artérias que antes só seriam possíveis em exames específicos e até invasivos. O avanço, graças ao uso de inteligência artificial, pode tornar o diagnóstico de doenças cardiovasculares mais eficaz, rápido e barato, além de acessível a mais pacientes.
“Acreditamos que essa tecnologia possa ter um enorme potencial na prevenção cardiovascular, tratamento precoce e redução de doenças cardiovasculares futuras”, diz o cardiologista e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Wilson Nadruz Júnior.
Na avaliação do coordenador do serviço de ecocardiografia do Hospital de Clínicas da Unicamp, José Roberto Matos Souza, o uso do algoritmo pode ajudar no combate da aterosclero, doença silenciosa, caracterizada pelo acúmulo de gordura nas artérias, que pode levar a infartos, derrames e morte súbida.
“Essa é uma doença de evolução lenta que costuma apresentar sintomas só em estágio avançado, o que pode ocorrer já em situação de emergência. Com novas formas para o diagnóstico precoce poderemos salvar muitas vidas”, defende Souza.
Somente neste ano, de janeiro a 5 de setembro, 275 mil pessoas morreram no Brasil por causas de doenças cardiovasculares, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Tecnologia
O software desenvolvido pelos pesquisadores conseguiu identificar de forma automática, analisando imagens comuns de ultrassom, alterações na espessura de uma subcamada da artéria carótida, que transporta sangue e oxigênio para o cérebro.
Segundo os pesquisadores, a detecção da aterosclerose é feita atualmente por métodos considerados invasivos, como o cateterismo, ou indiretos, como a ressonância magnética e a angiotomografia. A questão é que tais exames são mais caros e demorados, e nem todos os centros de saúde e hospitais dispõe desses equipamentos.
Por sua vez o exame de ultrassonografia é mais acessível e segundo os especialistas, ele permite a identificação de placas que elevam o risco de doenças cardiovasculares e permite a medida da parede da artéria carótida. Com a ajuda da inteligência artificial, é possível identificar alterações na camada mais íntima, que tem contato com o sangue, e que ajudaria a prevenir risco de doenças.
O trabalho desenvolvido por pesquisadores da Unicamp em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) já foi aceito e publicado em revista científica, teve o depósito de patente realizado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) e está disponível para ser licenciado junto ao Inova Unicamp.
Matéria publicada originalmente por EPTV 2 e G1 Campinas e Região