Direcionando as lentes do setor de oftalmologia para a experiência do paciente

Foto em uma sala branca iluminada de Marcos Makoto Ikegame, um homem na faixa dos 30 anos asiático de cabelos curtos pretos e barba preta. Ele veste camisa social azul escura, usa óculos de grau e segura uma lente, a qual observa. Fim da descrição.
Logo Unicamp Ventures com o escrito e um arco com degradê do verde ao azul. Fim da descriçãoStartup fundada por ex-aluno da FEEC Unicamp é pioneira na venda de lentes para óculos a baixo custo e com experiência 100% digital no Brasil.

Esta matéria faz parte da série de reportagens produzidas pela Inova sobre as empresas que compõem o ecossistema empreendedor da Unicamp. Saiba que tipos de empresas podem integrar esse ecossistema e como se cadastrar na página de Vivência Empreendedora.

Texto: Kátia Kishi | Fotos: Divulgação Lenscope

Problemas de visão são tão comuns que a expectativa é de que pessoas com uma vida longa tenham, pelo menos, uma doença ocular durante a vida. Essa estimativa foi apresentada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no Relatório Mundial sobre a Visão do ano passado. Ainda segundo o documento existem, no mínimo, 2,2 bilhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual ou cegueira.

São diversas as doenças oculares cujos tratamentos podem ser mais invasivos, como uma cirurgia, ou mais simples e que só necessitam de um par de óculos para os pacientes voltarem a ter uma visão em alta definição.

É nesse último nicho que a empresa fundada pelo engenheiro de computação formado pela Faculdade de Engenharia de Elétrica e Computação da Universidade Estadual de Campinas (FEEC Unicamp), Marcos Makoto Ikegame, focou ao fundar Lenscope. A startup é a primeira healthtech que usa inteligência artificial para ajudar os pacientes na escolha das melhores lentes para seus óculos e com redução de custo que pode chegar a 70%, se comparado com as lentes tradicionalmente oferecidas no mercado.

“O propósito da Lenscope é levar para mais pessoas a visão perfeita da forma mais descomplicada e conveniente possível. Hoje, cumprimos esse papel focando em lentes para óculos porque elas representam entre 50% e 70% dos gastos anuais que alguém que usa óculos tem com a saúde dos olhos”, explica Ikegame sobre as motivações da empresa.

Outro diferencial do serviço oferecido pela empresa, que já atende todo o Brasil, está na comodidade do consumidor realizar o processo integralmente pela internet. O sistema da empresa mede a distância entre as pupilas (DNP) a partir de uma foto e oferece a armação dos óculos ou a opção de coleta e entrega das armações de óculos dos clientes.

“São quase 130 milhões de brasileiros que precisam de algum tipo de correção visual, ou seja, a maioria da nossa população. Mesmo sendo comum, comprar óculos ainda é um processo lento e caro. Mas aplicando tecnologias como visão computacional e aprendizado de máquina podemos tornar um par de óculos acessível e rápido para mais pessoas”, completa o ex-aluno da Unicamp.

 

De investidor a empreendedor em uma startup na área da saúde

Fundar a Lenscope não foi a primeira interação de Ikegame no mundo da inovação e do empreendedorismo. Ele recorda que sua trajetória começou ainda enquanto aluno da Unicamp, quando começou a se engajar no movimento das empresas juniores, tendo sido diretor-executivo da Federação das Empresas Juniores do Estado de São Paulo (FEJESP).

Logo após terminar a graduação, ele passou a atuar como analista de desenvolvimento de negócios para as empresas investidas por um grande fundo brasileiro de investimento de capital de risco:

“Foi uma experiência divertida porque esse fundo de investimento tinha a visão de ser bastante mão na massa e investia em empresas de tecnologia das mais diversas e em diferentes níveis de maturidade. Então foi a experiência de estar ao lado dos empreendedores, como ir no posto de gasolina para validar um modelo de negócio no setor de logística e ver se faz sentido”, lembra o empreendedor quando atuava do outro lado da mesa de negociação e apoio.

Além de sua imersão no mercado de investimento, Ikegame também teve experiências na academia, tendo passado por renomadas universidades ao redor do mundo como Sussex e Cambridge, no Reino Unido, e Tóquio, no Japão. Nessas experiências, ele conta que sempre participou de competições e desafios propostos na Universidade, quando surgiram as conexões para tirar a ideia do papel e empreender no ramo da Lenscope.

Foto posada de Marcos Makoto Ikegame, ex-aluno da Unicamp, CEO da Lenscope. Ele é um homem asiático na faixa dos 30 anos, usa uma camisa social branca com um sueter azul royal e óculos de grau. Fim da descrição.

Marcos Makoto Ikegame, ex-aluno da Unicamp e CEO da Lenscope | Foto Divulgação

“Durante o meu MBA, participei de uma competição da Universidade de Cambridge com um painel para investidores e o meu grupo ganhou. Nesse dia, conversei com diversas pessoas do auditório e um estudante começou a fazer várias perguntas. Ao final do processo, ele disse que se eu tivesse outras ideias poderíamos conversar. E quando comecei a montar um plano de negócios da Lenscope, lembrei dele e, como fiz com várias outras pessoas que conhecia, entrei em contato para ter feedbacks sobre a ideia que estava bem no início. Ele marcou uma reunião, ofereceu os feedbacks que pedi e no final disse que ele mesmo ia investir”, compartilha o empreendedor.

Hoje, além de compor o ecossistema empreendedor da Unicamp, a Lenscope está presente em diversos ambientes de inovação e empreendedorismo como o Itaú Cubo, a Incubadora de Startups do Einstein chamada Eretz.bio e do Parque Supera da Universidade de São Paulo (USP). Para viabilizar o desenvolvimento da tecnologia e do negócio, a Lenscope já recebeu investimento anjo e também financiamento do Samsung Creative Startups, além do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP.

“Uma dica que dou para os empreendedores e quem quer empreender, é desde o início se integrar aos ecossistemas de inovação e empreendedorismo. Todos os ecossistemas que fazemos parte trouxeram grande valor e principalmente conexões. Não necessariamente essas conexões serão para investir, mas com outros empreendedores que podem trocar informações, experiência e conhecimento. É muito importante ter canais para poder conversar com outras pessoas. Na pior das hipóteses, você vai ter uma aula de graça sobre o que essa pessoa achou da sua ideia ou negócio”, aconselha o empreendedor que já foi investidor.

 

Ecossistema empreendedor da Unicamp

Logo Unicamp Ventures com o escrito e um arco com degradê do verde ao azul. Fim da descriçãoUm dos ecossistemas empreendedores que a Lenscope faz parte é o Unicamp Ventures, fomentado pela Agência de Inovação Inova Unicamp, que produz conteúdo (como esta matéria) e eventos reunindo as empresas-filhas da Universidade.

Podem compor ao ecossistema os empreendimentos fundados por pessoas que têm ou tiveram vínculo com a Universidade, tais como alunos, ex-alunos, docentes e funcionários ou ex-funcionários. Além de startups que foram incubadas na Incamp ou criadas a partir de uma tecnologia desenvolvida na Universidade, as chamadas empresas spin-off.

A Inova Unicamp está com o cadastro aberto para mapear novas empresas de seu ecossistema. O cadastro é gratuito, acesse e faça parte em: https://www.inova.unicamp.br/cadastro-filhas/

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