25 de maio de 2022 Unicamp desenvolve tecnologia para construções mais modernas e sustentáveis
Grupo da universidade desenvolveu uma técnica para produzir placas planas de concreto, que são menos densas e mais ecológicas, pois não utilizam água na construção.
Esta reportagem compõe a série Prêmio Inventores 2022 | Texto: Leonardo Scramin Florindo | Foto: Pedro Amatuzzi – Inova Unicamp
O cimento é o segundo material mais utilizado na construção civil, ingrediente básico do concreto e da argamassa, amplamente utilizado no Brasil. Entre os benefícios de seu uso está o baixo custo e a imensa versatilidade. Entretanto, existe uma grande liberação de gás carbônico (CO2) pelo cimento tradicional. Segundo o instituto britânico Chatham House, o cimento é fonte de aproximadamente 8% das emissões mundiais de CO2.
Diante desse cenário, e em busca de modernizar o sistema construtivo brasileiro e torná-lo mais sustentável, o professor Carlos Eduardo Marmorato Gomes, da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp (FEC), desenvolveu uma tecnologia que trabalha com um aglomerante alternativo para a construção civil, o já conhecido cimento magnesiano (Sorel).
O material foi utilizado para o desenvolvimento, nos laboratórios da Unicamp, de um composto aprimorado, que deu forma à primeira placa plana magnesiana no Brasil. A placa é menos densa que a tradicional, o que facilita o seu manuseio e utilização, e que permite um ganho de tempo e produtividade na obra, contribuindo para a industrialização do sistema de construção.
“Para a construção civil temos placas de gesso, placas com o tradicional cimento Portland e estamos desenvolvendo a primeira placa plana brasileira com o compósito a base de óxido de magnésio”, explica o docente.
A construção civil ainda utiliza formas artesanais de produção. A melhora no nível de industrialização é uma antiga carência do setor, que envolve mão de obra mais qualificada e sistemas construtivos mais industrializados, como o Light Steel Frame, técnica a base de aço galvanizado, e DryWall, um sistema de construção a seco.
“Focamos nos modelos de construção Light Steel Frame e DryWall. Estamos associando um produto inovador com um sistema construtivo alternativo pouco conhecido no Brasil, mas que eu acredito que é o futuro da construção civil”, afirma Marmorato.
Os modelos de construção mais modernos permitem um ganho no tempo de produção e finalização da obra. O professor destaca que essa vantagem poderia ser utilizada para acelerar o ritmo de construção de unidades habitacionais populares, como as moradias oferecidas pelo programa Casa Verde e Amarela e pela CDHU.
O custo de produção, que pode ser um pouco maior que no modelo de construção tradicional, é compensado pela redução no tempo da obra. Os gastos com mão de obra são menores devido à compensação do tempo.
Sustentabilidade em pauta
A tecnologia da Unicamp para desenvolvimento da placa plana também é mais ecológica, pois não utiliza água na construção ao adotar o modelo Light Steel Frame e DryWall, de construção a seco. Segundo o US Green Building Council, a construção civil é responsável por utilizar 21% da água tratada no planeta. Por esse motivo, economizar água é fundamental.
“Não utilizamos água na construção, pois não precisamos de argamassa ou concreto com as placas planas. A água é necessária apenas na produção do compósito, reduzindo significativamente seu uso no sistema construtivo”, justifica Marmorato.
Tecnologia no mercado
O know-how da tecnologia foi licenciado, com o auxílio da Agência de Inovação Inova Unicamp, para a Comptest Engenharia em 2021. Iara Ferreira, diretora de parcerias na Inova Unicamp, explica que a Agência tem expertise para transferir diversos tipos de tecnologia. De acordo com ela, com recorrência, os licenciamentos de patentes são mais conhecidos e divulgados, mas um conhecimento de interesse do setor industrial pode também ser transferido a partir de um licenciamento ou da cessão de um know-how.
“Quando um docente comunica o resultado de sua pesquisa para a Inova, nosso time avalia não somente a melhor estratégia de proteção – que pode ser por patente ou programa de computador, por exemplo – mas também a estratégia de oferta e transferência. Algumas tecnologias não podem ser protegidas por meio de patente, mas nem por isso deixam de ser interessantes para o setor empresarial. Nosso time, então, pode avaliar e estimular a transferência desse resultado por meio de um licenciamento de know-how”, afirma a diretora.
A Comptest conta atualmente com o financiamento do PIPE FAPESP para colocar a tecnologia no mercado e expandir a utilização das placas planas de cimento magnesiano no Brasil.
“Sabemos que um projeto é bom quando ele é aprovado pela FAPESP. Os resultados de pesquisa na fase 1 do PIPE FAPESP estão sendo bem satisfatórios. Agora pretendemos dar sequência na fase 2 e, em breve, colocar as placas planas de cimento magnesiano no mercado brasileiro”, explica Jeferson de Oliveira, gerente administrativo da Comptest Engenharia.
PRÊMIO INVENTORES 2022
INVENTOR PREMIADO NESTE LICENCIAMENTO:
Prof. Carlos Eduardo Marmorato Gomes (FEC) foi premiado na categoria Propriedade Intelectual Licenciada no Prêmio Inventores 2022.
PROGRAMAÇÃO DE HOMENAGENS
Essa matéria faz parte da série de reportagens produzida pela Inova Unicamp sobre algumas das tecnologias licenciadas, que podem ser lidas pelo site da Inova e também em formato ebook na Revista Prêmio Inventores (com lançamento previsto para junho). Também já está agendado um webinar com conteúdo sobre propriedade intelectual e transferência de tecnologia para o dia 08 de junho (inscrições abertas ao público geral).
Confira todos os premiados no site do Prêmio Inventores da Unicamp.
Os patrocinadores do Prêmio Inventores 2022 são: Pulse Hub; ClarkeModet; 3M; e Neger Telecom