4 de novembro de 2021 Pesquisadores da Unicamp desenvolvem método de suporte para composição de música eletrônica
Tecnologia com pedido de patente depositado pela Inova Unicamp no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) permite criar sonoridades modernas e únicas a partir do controle do efeito Gate
Texto: Leonardo Scramin Florindo | Fotos: Pedro Amatuzzi
Um estudo desenvolvido por Tiago Fernandes Tavares e Gustavo Nishihara, pesquisadores do Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS), da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp, apresentou um método implementado por programa de computador de controle de efeito Gate em áudio. A tecnologia permite realizar a alternância do volume de saída de um ou mais canais de um áudio, manipulando automaticamente o timbre e desenvolvendo novas sonoridades, que se alteram ao longo do tempo.
O efeito Gate é uma técnica que permite silenciar uma faixa de áudio quando determinadas condições são atingidas. Em geral, é usada para controlar o ruído de gravações ou para criar alterações nas dinâmicas acústicas. No entanto, o método desenvolvido na Unicamp e com pedido de patente depositado pela Inova Unicamp no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) permite que o controle do efeito Gate seja feito de forma a criar sonoridades modernas e criativas, fugindo da uniformidade.
O grande diferencial da invenção é permitir que o próprio usuário, como um produtor musical, manipule as regras que levam à aplicação do Gate, o que a torna aplicável a diversas formas de transformação de timbre, como argumenta o professor Tiago Fernandes Tavares:
“A vantagem de usar o nosso processo é que você cria variedades e sonoridades menos programadas. Isso pode ajudar seu design sonoro a ficar interessante ao longo do tempo, por possuir maiores variações”.
Como o novo método funciona?
O método atua sobre faixas de áudio em duas etapas, ambas configuráveis pelo usuário. Na primeira, um modelo estatístico define intervalos de tempo em que a faixa será ou não silenciada, preservando durações típicas desses intervalos. Na segunda etapa, uma rampa de ganho evita que as transições entre intervalos de silêncio e não-silêncio sejam muito abruptas. Dessa forma, torna-se possível realizar entradas e saídas de áudio suaves, baseadas na densidade de sons ao longo do tempo.
“O objetivo é criar sonoridades usando modelos gerativos. É um processo diferente que pode ser explorado, e que auxilia a criar sonoridades exclusivas. Um processo de busca de novas sonoridades, que gera a possibilidade de criar variações do que você está produzindo”, explica Tavares.
Apesar de ser um método que exige conhecimentos prévios sobre seus parâmetros, ele pode ser uma ferramenta de suporte para o processo de composição musical. Dessa forma, é possível observar um ambiente propício para a nova tecnologia dentro do campo da música eletrônica, que está cada vez mais em alta no Brasil e no mundo.
Novas dinâmicas para a música eletrônica
Uma pesquisa da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, em inglês), revelou que a música eletrônica/dance é o terceiro estilo musical mais popular do mundo, com mais de 1 bilhão de ouvintes globais, ficando atrás apenas do pop e do rock.
O método desenvolvido por pesquisadores da Unicamp permite criar novas composições sonoras promovendo uma maior variação de produções musicais em um ambiente no qual a busca por novas sonoridades faz parte do processo de produção no tratamento de som, como destaca o professor:
“Quando você tem todo mundo produzindo música eletrônica, você tem um problema novo. Como eu vou fazer com que a minha música não seja igual à do outro? A partir desse cenário, o músico pode se diferenciar usando timbre, usando qualidades texturais”, finaliza Tavares.
Saiba mais sobre a tecnologia Sonoridades
- Para mais informações sobre essa e outras tecnologias da Universidade Estadual de Campinas acesse o Portfólio de Patentes e Softwares da Unicamp.
- O Relatório Anual completo da Agência de Inovação está disponível para download e consulta.
- Baixe também a Revista Prêmio Inventores e leia reportagens sobre tecnologias licenciadas da Unicamp para o mercado.
- Empresas interessadas no licenciamento podem entrar em contato com a Inova na área Conexão com Empresas.