Pesquisadores da Unicamp desenvolvem método de suporte para composição de música eletrônica

Dois homens aparecem em uma sala branca trabalhando. Um deles está sentado em uma mesa utilizando um computador que está projetando imagens em uma televisão. O outro está apontando com o dedo para a imagem projetada na televisão.

Tecnologia com pedido de patente depositado pela Inova Unicamp no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) permite criar sonoridades modernas e únicas a partir do controle do efeito Gate

Texto: Leonardo Scramin Florindo | Fotos: Pedro Amatuzzi

Um estudo desenvolvido por Tiago Fernandes Tavares e Gustavo Nishihara, pesquisadores do Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS), da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp, apresentou um método implementado por programa de computador de controle de efeito Gate em áudio. A tecnologia permite realizar a alternância do volume de saída de um ou mais canais de um áudio, manipulando automaticamente o timbre e desenvolvendo novas sonoridades, que se alteram ao longo do tempo.

O efeito Gate é uma técnica que permite silenciar uma faixa de áudio quando determinadas condições são atingidas. Em geral, é usada para controlar o ruído de gravações ou para criar alterações nas dinâmicas acústicas. No entanto, o método desenvolvido na Unicamp e com pedido de patente depositado pela Inova Unicamp no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) permite que o controle do efeito Gate seja feito de forma a criar sonoridades modernas e criativas, fugindo da uniformidade.

O grande diferencial da invenção é permitir que o próprio usuário, como um produtor musical, manipule as regras que levam à aplicação do Gate, o que a torna aplicável a diversas formas de transformação de timbre, como argumenta o professor Tiago Fernandes Tavares:

“A vantagem de usar o nosso processo é que você cria variedades e sonoridades menos programadas. Isso pode ajudar seu design sonoro a ficar interessante ao longo do tempo, por possuir maiores variações”.

Como o novo método funciona?

O método atua sobre faixas de áudio em duas etapas, ambas configuráveis pelo usuário. Na primeira, um modelo estatístico define intervalos de tempo em que a faixa será ou não silenciada, preservando durações típicas desses intervalos. Na segunda etapa, uma rampa de ganho evita que as transições entre intervalos de silêncio e não-silêncio sejam muito abruptas. Dessa forma, torna-se possível realizar entradas e saídas de áudio suaves, baseadas na densidade de sons ao longo do tempo.

Um homem branco, , o professor Tiago Fernandes Tavares, sentado em uma mesa, mostra com o dedo um programa de controle de efeito gato em um notebook.

Professor Tiago Fernandes Tavares mostra como funciona o método desenvolvido por pesquisadores da Unicamp.

“O objetivo é criar sonoridades usando modelos gerativos. É um processo diferente que pode ser explorado, e que auxilia a criar sonoridades exclusivas. Um processo de busca de novas sonoridades, que gera a possibilidade de criar variações do que você está produzindo”, explica Tavares.

Apesar de ser um método que exige conhecimentos prévios sobre seus parâmetros, ele pode ser uma ferramenta de suporte para o processo de composição musical. Dessa forma, é possível observar um ambiente propício para a nova tecnologia dentro do campo da música eletrônica, que está cada vez mais em alta no Brasil e no mundo.

Novas dinâmicas para a música eletrônica

Uma pesquisa da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, em inglês), revelou que a música eletrônica/dance é o terceiro estilo musical mais popular do mundo, com mais de 1 bilhão de ouvintes globais, ficando atrás apenas do pop e do rock.

A foto mostra dois homens: O professor Tiago Fernandes Tavares (à esquerda) e o pesquisador Gustavo Nishihara (à direita). Os dois homens estão próximos e olhando para a câmera. É possível ver ao fundo algumas árvores, em um ambiente de jardim.

Os pesquisadores Tiago Fernandes Tavares e Gustavo Nishihara.

O método desenvolvido por pesquisadores da Unicamp permite criar novas composições sonoras promovendo uma maior variação de produções musicais em um ambiente no qual a busca por novas sonoridades faz parte do processo de produção no tratamento de som, como destaca o professor:

“Quando você tem todo mundo produzindo música eletrônica, você tem um problema novo. Como eu vou fazer com que a minha música não seja igual à do outro? A partir desse cenário, o músico pode se diferenciar usando timbre, usando qualidades texturais”, finaliza Tavares.

 

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