Mentores de diferentes perfis profissionais comentam suas trajetórias junto à Inova Unicamp

Texto por Thais Oliveira, foto por Pedro Amatuzzi

De acordo com a Endeavor, organização internacional que impulsiona empreendedores, mentor é aquele que dá suporte e encorajamento para que a outra pessoa gerencie seu próprio aprendizado e maximize seu potencial. A Inova Unicamp considera essencial a participação de mentores nas capacitações em empreendedorismo, portanto há mais de 10 anos os profissionais atuam de forma voluntária, compartilhando suas experiências e conselhos.

Durante todo o ano, e em vários programas de estímulo ao empreendedorismo, a Inova conta com a participação de mentores de diversos perfis. Especialistas, gestores e empreendedores podem aconselhar startups mais maduras na validação de seus modelos de negócios, ou orientar times de jovens alunos a compreender e ampliar as possibilidades para um negócio de base tecnológica. Já os profissionais da academia – como docentes e pós-graduandos – atuam no apoio técnico e tecnológico: no Desafio Unicamp, por exemplo, auxiliam os times a entenderem a tecnologia com a qual trabalham, buscando o olhar do mercado.

Até o dia 20 de agosto, a Inova Unicamp está com chamada aberta para novos mentores e também recadastrando os profissionais que já atuaram como mentores em anos anteriores uma plataforma articulada em parceria com a startup especializada em mentorias, Expertise Me. O foco é reunir os mentores para as duas iniciativas do segundo semestre: o Programa Inova Jovem (mentorias para alunos do ensino médio e técnico com foco em impacto social) e o Programa Global Partners (mentorias para startups vinculadas a universidades parceiras mundo afora). O cadastro pode ser feito pelo link. Mentores já cadastrados na plataforma não precisam se recadastrar.

Quer saber mais sobre a prática da mentoria? Nós contamos no texto abaixo sobre a experiência de quatro mentores: Martha Duarte, pesquisadora do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) da Unicamp; Stela Gigilas, especialista em marketing e mentora para empreendedores; Tiago Dias, especialista em Marketing na Bayer dos Estados Unidos; e Vital Yasumaru, coordenador da aceleradora do CPqD.

O descobrir-se mentora

Formada em publicidade e propaganda, Stella Gigilas trabalhou muitos anos no mercado corporativo e, após migrar para um negócio familiar, teve a oportunidade de começar a mentorar e se apaixonou pela atividade “É um privilégio saber que posso fazer diferença na vida das pessoas, meu papel não é mentorar para ser responsável pela criação de um projeto, mas para contribuir no voo do outro”, relatou Gigilas.

A mentora teve as suas primeiras experiências de mentoria no programa Inovativa Brasil (um projeto do Governo Federal de mentoria de startups), que lhe rendeu o conhecimento para apoiar equipes no Desafio Unicamp, competição de empreendedorismo da Inova Unicamp em que atua desde 2018 e já levou equipes à final.

A conexão pessoal de um mentor e seus mentorados

Já com  Tiago Dias, o caminho foi diferente. O engenheiro elétricista formado pela Unicamp contou que teve suas primeiras experiências com mentorias pouco tempo depois que se graduou. Dias conheceu o mundo das startups ainda na Universidade, criou empresas e usou esse conhecimento para ajudar universitários que o requisitavam como mentor.

Acostumado a compartilhar seus conhecimentos, Dias foi convidado pela Inova Unicamp em 2012 a participar como mentor do Desafio Unicamp, evento que ele apoia há oito anos. Inclusive, em 2020, o mentor apoiou algumas equipes, entre elas a equipe Natural Thymus, que chegou até a final.

“Quando faço mentorias, consigo me conectar aos mentorados porque já estive no lugar deles. Durante a faculdade, eu também criei startups e lidei com aprendizados e dificuldades sem ter a oportunidade de ter um mentor. Acredito que é muito gratificante impactar as pessoas, seja dando uma dica ou ideia, por isso nunca receberia por esse trabalho”, comentou Dias que apesar de morar nos EUA, continua participando ativamente.

Da pesquisa para a mentoria

Além da visão direta do mundo corporativo, profissionais da academia também têm um papel importante nos programas da Inova Unicamp, especialmente por se tratarem de programas de estímulo ao empreendedorismo inovador. A pesquisadora Martha Duarte, por exemplo, apoia o Desafio Unicamp como mentora acadêmica, auxiliando as equipes na parte técnica das tecnologias que participou como inventora.  Neste ano, o processo de apoiar na transformação da sua tecnologia em modelo de negócio, foi ainda mais intenso.

“Já tinha passado por outras mentorias, mas essa foi especial porque o time era muito engajado e se mostrou muito disposto no desenvolvimento. Temos um grupo no WhatsApp e apesar de a competição ter acabado, a equipe ainda me consulta para saber como conduzir a parte técnica do projeto”, expressou Duarte, que também foi mentora da finalista Natural Thymus.

Uma estreia de sucesso

Quem também contribuiu no desempenho da equipe finalista foi o mentor Vital Yasumaru. Estreante no Desafio, o profissional foi quem mais recebeu pedidos de mentoria durante a primeira fase da competição. Dos atendimentos realizados pelo aplicativo de reuniões da ExpertiseMe, 38,7% foram atendidas por ele.  Apesar de ter chegado há pouco em Campinas, Yasumaru quis conhecer o ecossistema local de empreendedorismo e inovação, já que ocupou no início do ano o cargo de coordenador da aceleradora de empresas do CPqD (empresa de inovação com foco em tecnologias da informação e comunicação).

“Eu já atuava como mentor do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e do Inovativa Brasil, mas tive uma experiência diferente no Desafio. Como mentor, meu trabalho foi além de aconselhar, tive que analisar junto as equipes como poderíamos extrair as soluções das tecnologias escolhidas. O meu maior desafio e maior aprendizado foi nessa parte, de realmente colocar a mão na massa com as equipes”, expressou Yasumaru.