Instituto de Biologia é destaque pela terceira vez na Proteção à Propriedade Intelectual

Texto por Ana Paula Palazi
Foto por Pedro Amatuzzi

Uma das unidades pioneiras na formação da Unicamp, o Instituto de Biologia (IB), é destaque na Proteção à Propriedade Intelectual pela terceira vez no Prêmio Inventores, da Agência de Inovação Inova Unicamp. Dos 67 pedidos de patentes feitos pela Universidade em 2019, 18 tiveram a participação de pesquisadores do IB, o que representa mais de um quarto do total. Os principais domínios tecnológicos são farmacêutico e biotecnologia. O IB também ganhou o prêmio nas edições de 2011 e 2018.

O IB é uma das três primeiras unidades criadas na Unicamp, no mesmo ano da fundação da Universidade, em 1966.  Na avaliação do diretor associado, Everardo Magalhães Carneiro, a colaboração multidisciplinar e multi-institucional também influencia no bom resultado. “O IB não vive sozinho, ele sempre teve interfaces muito importantes dentro e fora da Unicamp. Temos colaboração com a Faculdade de Ciências Médicas, com os Institutos de Química e Física, a Faculdade de Engenharia de Alimentos e outras universidades com inserção internacional, o que ao longo do tempo favorece maior produtividade e capacidade de gerar patentes”.

Prof. Dr. André Victor Lucci Freitas e Prof. Dr. Everardo Magalhães Carneiro

Desde 1997, pesquisadores do IB estiveram envolvidos em 210 patentes de invenções que foram protegidas, sendo que 67% delas continuam vigentes. Os dados levantados pela Inova mostram que o Instituto possui ainda 38 programas de computadores, num total de 179 ativos de Patentes de Invenção (PI). Quase a metade das PIs (43%) foram realizadas em colaboração. Dessas colaborações, 75% são com Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs), sendo 9% com ICTs internacionais. No país, a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Universidade de São Paulo (USP) são as instituições mais parceiras. Outros 25% das colaborações foram firmadas com empresas.

Freitas pontua, entretanto, que ainda existe um potencial inexplorado no Instituto de Biologia, inclusive na Extensão Universitária onde acontece o contato mais próximo entre a academia e a sociedade. O diretor cita como exemplo a área Ambiental, da qual faz parte como professor e pesquisador. “Nos falta ainda a cultura para entender que desenvolvemos tecnologias, no trabalho da área Ambiental, que também são passíveis de serem patenteadas. Precisamos abrir esse leque de possibilidades para que todo mundo esteja atento e não deixe passar”, pondera.

O IB conta com 29 empresas-filhas, sendo quatro spin-offs – criadas a partir dos resultados de uma pesquisa ou de um laboratório da Unidade. Atualmente, 17 contratos de licenciamento estão vigentes. Estes contratos incluem oito patentes, sendo que duas delas são patentes internacionais. Em 2019, 37% dos depósitos de patentes receberam fomento da FAPESP, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

Doenças emergentes

Uma das patentes do IB, protegida internacionalmente por PCT (do inglês, Patent Cooperation Treaty), é um método de diagnóstico precoce do Zika Vírus com foco em mulheres grávidas. Com apoio da FAPESP e da Pró-Reitoria de Pesquisa, os pesquisadores da Unicamp, em parceria com o Singapore Immunology Network (A*Star) – um dos principais centros de Pesquisa e Desenvolvimento em Imunologia com foco em doenças infecciosas da Ásia – identificaram biomarcadores associados a complicações provocadas pelo Zika Vírus, sobretudo durante a gravidez.

O professor do Instituto de Biologia da Unicamp, Fabio Trindade Maranhão Costa, explica a importância da tecnologia. “Além de conseguir fazer um diagnóstico diferencial entre Zika e Dengue, mapeamos os anticorpos para um diagnóstico preciso durante a gestação, nesse momento particular, em que o corpo tem profundas mudanças imunológicas”. O trabalho foi publicado no The Journal of Infectious Diseases, uma das mais importantes revistas científicas na área de doenças infecciosas.

No atual contexto, diante da pandemia de COVID-19 (doença causada pelo novo coronavírus) uma ideia vem sendo amadurecida no Instituto de Biologia: a criação de um Laboratório de Doenças Emergentes com participação em consórcio de outros Institutos, além da Inova e Reitoria. “A estrutura nós já temos. O que formaríamos é um contingente de pessoas que, num momento como esse, seria acionado para dar respostas de maneira imediata. Inclusive, envolvendo a iniciativa privada para gerar novos insumos e produtos que possam ser necessários”, explicou Everardo.

Segundo a direção, os cortes recentes para algumas pesquisas, e o redirecionamento de outras devem afetar a produtividade em 2020, principalmente em pesquisas de base. Contudo, há um processo de valorização interna que ganha fôlego. Outro projeto, a longo prazo, pretende aumentar o suporte para docentes em início de carreira, identificando necessidades e colocando em prática estratégias de estímulo local como a redução de aulas nos primeiros anos de contrato. “O objetivo é aproximar cada vez mais nosso nível de produção e de descobertas dos grandes centros do mundo e para isso precisamos subir todos juntos. Se não chegarmos lá, ainda assim teremos ido mais longe”, finaliza André.

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