Antienvelhecimento guardado nas sementes do maracujá

Texto por Karen Canto
Foto por Thais Oliveira

A fruta que possui uma das flores mais belas da natureza, o maracujá, guarda em suas sementes compostos bioativos com potencial de prevenir o envelhecimento da pele, através de propriedades que ajudam na renovação celular e na produção de colágeno. A novidade vem da Rubian Extratos, uma startup que, segundo seu sócio-fundador Eduardo Aledo, tem a Unicamp em seu DNA. Incubada na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp) entre os anos de 2015 e 2018, a empresa já realizou quatro licenciamentos de tecnologia com o apoio da Agência de Inovação Inova Unicamp.

A formulação da emulsão de maracujá com propriedades antienvelhecimento começou quando, após o licenciamento de uma tecnologia de extração sequencial de bioativos a partir das sementes do maracujá em 2016, a empresa firmou uma parceria de pesquisa com o grupo liderado pelo professor Julian Martínez, da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp. Além de propriedades antioxidantes e de antienvelhecimento, a emulsão desenvolvida apresentou características sensoriais muito interessantes para a indústria cosmética.

Martínez explica que os extratos combinados, produto do desenvolvimento, são conhecidos como miniemulsões. Elas concentram, num único produto, as propriedades bioativas da parte lipídica e hidroetanólica do maracujá (Passiflora edulis). Estudos já realizados demonstram que os extratos obtidos possuem capacidade de inibição das enzimas responsáveis pela degradação da elastina e do colágeno e também revelam a capacidade de promover a proliferação de queratinócitos, que atuam na renovação celular.

Aledo conta que a empresa ficou muito confiante sobre as diversas possibilidades de aplicação da emulsão e que a segurança comprovada em testes de citotoxicidade, aliada a propriedades antioxidantes e de antienvelhecimento, levaram o time a empregá-la em produtos cosméticos, como séruns, loções de limpeza e de hidratação. “A previsão de lançamento destes produtos no mercado é até o final de 2021”, antecipa o empreendedor.

Pesquisa em parceria com a Unicamp

Entre as motivações para o trabalho conjunto com a Unicamp no desenvolvimento de novos produtos, Aledo destaca a qualidade da tecnologia, “são produtos limpos por design, não apenas retirados da natureza e colocados no mercado” e também o caráter de sustentabilidade dos processos empregados, já que os extratos são obtidos por extração supercrítica, sem utilização de solventes tóxicos e a partir da reutilização de resíduos de maracujá produzidos pela indústria de alimentos na produção de sucos.

Além do professor Martínez, o desenvolvimento da tecnologia teve a participação da pesquisadora Juliane Viganó, de Philipe dos Santos e Márcio Lopes. O projeto contou com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Sobre a Rubian Extratos

A Rubian Extratos atua na área de saúde e bem-estar desde 2015, com foco em tecnologias que permitam a extração de bioativos com funcionalidade a partir de matrizes vegetais. Além da extração sequencial das sementes de maracujá, a startup também obteve outros licenciamentos de tecnologias desenvolvidas na Unicamp, como a obtenção de óleo de urucum e sementes desengorduradas e a aplicação dos extratos da casca de jabuticaba no controle da obesidade, diabetes e outras comorbidades. A Rubian tem o apoio da Fapesp através do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), que no momento está em Fase 2, sendo que Fase 1 foi relativa ao desenvolvimento da patente em cotitularidade com a Universidade, direcionada à exploração do produto.

 

 

Karen Canto é graduada e mestre em química pela UFRGS, doutora em Ciências pela Unicamp, aluna do curso de especialização em jornalismo científico Labjor/Unicamp e bolsista Mídia Ciência (Fapesp).

 

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