9 de abril de 2019 EPTV e G1: Convênios da Unicamp com iniciativa privada para desenvolvimento de tecnologias crescem 53% em 2018
Dados da Agência de Inovação da universidade mostram ainda aumento no número de patentes e no investimento para pesquisa e inovação.
O número de convênios firmados entre a Universidade Estadual de Campinas (SP) (Unicamp) e empresas do setor privado para o desenvolvimento de novos produtos ou tecnologias cresceu 53% no último ano, passando de 49 em 2017 para 75 em 2018, segundo a Agência de Inovação da universidade (Inova).
As licenças para novos produtos também cresceram: em 2017 foram 100 e em 2018, 115, um aumento de 15%. O valor recebido em royalties em razão do licenciamento de novas patentes também teve aumento, passando de R$1,39 milhão para R$1,70 milhão, valor que é dividido entre a reitora da Unicamp, o inventor e o instituto de pesquisa onde foi desenvolvido.
Contudo, o maior salto diz respeito ao valor investido: em 2017 foram investidos R$64 milhões e em 2018, R$134 milhões. Um aumento de 110% em pesquisa e desenvolvimento.
Vista aérea do campus da Unicamp, em Campinas (SP) — Foto: Reprodução/EPTV
Recorde
Em nível de proteção intelectual, a Unicamp atingiu o novo recorde de 71 patentes concedidas e 72 novos pedidos de patentes em 2018, atingindo 1027 grupos de patentes vigentes no portfólio da Unicamp.
Para a universidade, os resultados positivos demonstram o reconhecimento e relacionamento da Unicamp com a indústria, que tem utilizado os recursos da universidade para melhorar seus produtos e processos.
O diretor executivo da Inova, professor Newton Frateschi, diz que os números surpreenderam, e mostram que a universidade está cumprindo com o seu papel.
“Essas empresas, tendo melhores resultados, vão dar mais emprego, estão gerando mais impostos, melhorando o ambiente, o ecossistema socioeconômico da vizinhança, do país e do mundo como um todo. Então os resultados são bons pra todo mundo”, salienta.
Tese de doutorado que virou patente
Dentre os casos de sucesso está a empresa de Efraim Albrecht Neto e do sócio, que surgiu dentro de uma pequena sala da universidade quando eles ainda eram alunos e já possui mais de 50 funcionários. O desafio é encontrar soluções para facilitar e melhorar a produtividade das plantações na área da engenharia agrícola.
Foi lá que surgiu a ideia do dispositivo que funciona como uma espécie de balança que mede a quantidade de cana que está passando pela colhedora. A informação é processada por um sistema de computador que vai apontar como tratar a plantação em pontos específicos.
Dispositivo desenvolvido na Unicamp faz a pesagem da cana-de-açúcar que passa pela máquina de colheita — Foto: Reprodução/EPTV
A ideia começou como tese de doutorado e, diante do interesse de uma empresa de São Carlos (SP), foi patenteada e licenciada. Com esse e outros projetos concretizados no mercado, Neto consegue hoje se orgulhar de ser o proprietário da empresa com a qual sonhava na universidade.
“As vezes nós podemos ter uma ideia boa mas sem o suporte necessário pra gente conseguir transformar aquela ideia em um produto, uma solução, não vai adiantar muita coisa. Fora a parte acadêmica, você tem que ter uma parte profissional e foi nisso que a Unicamp ajudou a gente bastante no começo”
Mercado internacional
O professor Paulo Sergio Graziano Magalhães orientou o projeto, que começou como tese de doutorado na Unicamp — Foto: Reprodução/EPTV
O professor Paulo Sérgio Graziano Magalhães foi quem orientou o projeto ainda no início e quando viu que a ideia era viável, começou o trâmite. Ele conta que até existem outros mecanismos parecidos no mercado, mas a comercialização com países como a Colômbia e a Guatemala provam que o investimento valeu a pena.
“Nós sempre acreditamos que a parceria entre a universidade e a iniciativa privada é muito importante. Porque se não a gente começa a desenvolver soluções que não vão à prática porque a gente não tem a capacidade, como universidade, de desenvolver uma ideia até transformar num produto realmente comercial – colocar na prateleira, atender o usuário, conseguir dar assistência técnica”
“Tudo isso é muito importante e quem consegue fazer isso é a iniciativa privada. Nós estamos aqui pra desenvolver o produto, fazer um estudo básico, um estudo de viabilidade técnica, até um estudo econômico pra ver se aquela solução é economicamente viável”, explica Magalhães.