“A ciência precisa de defensores”, afirma Jayshree Seth em encontro na Unicamp

Por Thais Oliveira

Aconteceu ontem (28) o evento Happy Inovação, uma palestra seguida por um Happy Hour  que trouxe à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) a engenheira química indiana Jayshree Seth. A cientista trabalha há 25 anos na 3M, empresa de tecnologia com atuação global, e lidera na empresa projetos de Desenvolvimento de Tecnologia Aplicada para a Divisão de Fitas e Adesivos Industriais, o maior negócio industrial da 3M globalmente. Jayshree possui 61 patentes nos EUA para uma variedade de inovações, e ontem apresentou a palestra “A ciência precisa de defensores”.

A palestra foi baseada em um estudo desenvolvido pela 3M chamado “Índice Anual do Estado da Ciência” (State of Science Index – SOSI), que teve o objetivo de discutir a percepção da população de diversos países em relação à ciência. A pesquisa foi realizada em 14 países, divididos em 2 categorias: Emergentes e Desenvolvidos. De uma forma geral, esse índice tem uma perspectiva positiva, já que 87% dos entrevistados caracterizam a ciência como algo fascinante e não chato. Os dados completos do índice podem ser encontrados aqui.

Entretanto, em uma análise mais profunda, cerca de 40% das pessoas não consegue avaliar o impacto que a ciência tem no cotidiano. Sobre isso, a cientista relatou que as pessoas estão cercadas e são beneficiadas todo o tempo pela tecnologia, porém, não se dão conta da relação entre ciência e tecnologia. Aliás, ela ressaltou que a tecnologia só se desenvolveu devido ao progresso da ciência.

De uma forma geral, os países desenvolvidos subestimam o poder da ciência, enquanto os emergentes, como o Brasil,  são esperançosos e acreditam que tempos bons na ciência ainda estão por vir. Seth demonstrou que de acordo com o estudo, o posicionamento brasileiro é muito positivo. Apesar do país ter uma população menos instruída ao comparar com outros desse índice, no Brasil há uma grande vontade de aprender mais sobre conhecimentos científicos. Além disso, a pesquisa também mostrou que o país incentiva as crianças a entenderem a ciência.

Imagem de um dos infográficos do estudo, relacionado ao Brasil. 95% dos pais brasileiros querem que seus filhos saibam mais sobre ciência.

Junto ao estudo, a 3M propôs mudanças para atrair as pessoas a se interessarem mais por esse campo, como o desenvolvimento de podcasts e artigos relevantes na mídia social LinkedIn, entre outras ações de divulgação científica.

Em um âmbito social, a multinacional 3M difundiu programas que ajudam a mudar o esteriótipo do que é ser cientista, criado através dos anos. Por exemplo, Jayshree Seth contou que muitas meninas, mulheres e negros não se identificam com a imagem que designa um cientista: Homem branco, “nerd” e gênio. Principalmente porque essas pessoas não se vêem representadas nas figuras dos cientistas, tanto na realidade quanto na ficção, ou seja, que podem ser bem sucedidos nesse campo também.

Como medidas, ela diz que a 3M já iniciou projetos nesse campo, como a iniciativa realizada na Arábia Saudita em promover a igualdade de gênero e incentivar mais meninas a investirem em carreiras científicas.

Seth disse que o ser humano é programado para aprender história. Então, talvez o que falte na sociedade é aprender sobre a história da ciência e compreender que sua incerteza faz parte de sua essência. Segundo a pesquisadora, apesar de o estudo ter apresentado percepções negativas relacionadas à ciência, é preciso focar no otimismo e na esperança que as pessoas ao redor do mundo têm, para que essas tomem para si o papel de defensoras da ciência.

 

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