Tecnologia desenvolvida na Unicamp é vencedora do Prêmio Tecnologias de Impacto

Universidade foi representada também por sistema que recebeu menção honrosa

Texto: Carolina Octaviano

Foto: Janaína César

Desenvolvido na Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp, um sistema voltado para monitoramento e controle de insetos e pragas agrícolas é um dos vencedores do Prêmio Tecnologias de Impacto, iniciativa da Qualcomm, com foco em novas soluções wireless e IoT. Já uma tecnologia desenvolvida na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) e que atende ao conceito de Cidades Inteligentes recebeu menção honrosa.

O anúncio dos vencedores foi feito hoje, dia 22 de novembro, em evento realizado em São Paulo. O objetivo do prêmio é reconhecer inventores brasileiros que desenvolveram tecnologias capazes de transformar a maneira com que as pessoas interagem entre si e com o mundo. Os responsáveis pelas 10 tecnologias vencedoras ganharão uma semana no programa Imersão em Ecossistemas de Inovação, que visitará laboratórios e centros de pesquisa e inovação na Califórnia, EUA.

Colaboradores da área de Propriedade Intelectual da Agência de Inovação Inova Unicamp atuaram na seleção de tecnologias para a competição, além de prestar apoio aos projetos participantes. A Inova Unicamp esteve representada na final da iniciativa por Janaína César, gerente de Propriedade Intelectual da Agência.

Baseada na Internet das coisas, tecnologia é capaz de prever o foco de infestações agrícolas

Responsáveis pela tecnologia desenvolvida na Feagri e vencedora do Prêmio Tecnologias de Impacto com Janaína César

Os números referentes aos estragos causados por pragas nas lavouras são alarmantes. Como exemplo disso, de acordo com o Instituto de Defesa Agropecuária do Mato Grosso (Indea-MT), a previsão de prejuízo estimada para a safra de 2017 é de R$1 bilhão para as lavouras de soja, milho e algodão. Tais culturas são fortemente afetadas pela Helicoverpa armigera, lagarta que se alimenta de cerca de 200 espécies vegetais.

“O que propomos é dar uma grande salto tecnológico no processo de monitoramento de pragas, ao desenvolver uma solução capaz de monitorar diariamente estas populações, sem a necessidade de mão de obra no campo e integrando os dados para formar uma rede de monitoramento em nível regional e nacional, atuando nas principais culturas afetadas por pragas”, conta Andrei Grespan, aluno da Feagri e um dos responsáveis pelo desenvolvimento do sistema.

O sistema funciona por meio da implantação de aparelhos inteligentes no campo, capazes de atrair as espécies para seu interior. Com o uso da inteligência artificial, as espécies atraídas são classificadas. Depois disso, os dados coletos no campo são enviados para a nuvem a partir da utilização de conceitos de internet das coisas (IoT). As informações coletadas são armazenadas e ficam disponíveis ao usuário por um aplicativo. “Com o uso de sensores microclimáticos embarcados no equipamento coletando dados climáticos e cruzando com o comportamento das espécies, a solução é capaz de predizer a ocorrência de novos focos de infestações”, completa.

De acordo com Grespan, a tecnologia tem como principais diferenciais o fato de possibilitar a identificação, não necessitar do deslocamento de uma equipe ao campo e de permitir o controle de pragas de maneira rápida e eficaz. “O monitoramento de pragas ainda é feito com o envio de pessoas ao campo, seja para fazer a identificação e contagem manual na cultura ou para a identificação e contagem de indivíduos capturados em armadilhas convencionais”, explica. Segundo ele, independentemente do método utilizado atualmente, a necessidade de envio de pessoal ao campo torna o processo ainda mais lento.

Ele ressalta ainda que a tecnologia vai ao encontro de novas demandas de mercado, uma vez que, com sua utilização, a proposta é não apenas diminuir a utilização de pesticidas na lavoura, mas também fomentar a utilização de tecnologia que visem a preservação do meio ambiente. “Tornou-se de entendimento comum entre as agências governamentais, instituições de pesquisa, indústrias e produtores que aplicações regulares de defensivos agrícolas, especialmente pesticidas, de amplo espectro devem ser minimizadas, pois esta prática resulta em uma série de questões econômicas, ambientais e sociais”, frisa.

O trabalho foi desenvolvido com a orientação do professor Angel Potin Garcia, com o apoio dos alunos Fabricio Theodoro Soares e Hugo Rafacho Fernandes. E, na opinião de Grespan, o fato de ter seu projeto como finalista no Prêmio é um estímulo pois demonstra a demanda de mercado pela tecnologia. “A participação como finalista no evento é também um excelente indicador do potencial de pesquisa subsequente a ser desenvolvida, além de demonstrar o potencial latente que o setor do agronegócio representa para novas soluções tecnológicas”, conclui.

Tecnologia vencedora do Desafio Smart Campus recebe menção honrosa

Paulo Garcez e Janaína César, gerente de PI da Inova

Desenvolvido na FEEC, um dispositivo integrado aos pontos de iluminação pública, que é capaz de identificar defeitos na lâmpada, monitorar seu tempo de uso e atuar no sistema de iluminação, acendendo e apagando as lâmpadas, foi agraciada com menção honrosa pela iniciativa. A tecnologia esteve também na Software Experience 2017 e foi também uma das vencedoras do Desafio Smart Campus, iniciativa da Prefeitura da Unicamp e da FEEC com o intuito de tornar o ambiente universitário mais amigável e agradável.

O sistema permite que cada ponto da rede seja um ativo cadastrado com sua localização geográfica bem definida, possibilitando o monitoramento de falhas e simplificando o trabalho o trabalho dos responsáveis pela manutenção da rede de iluminação. O sistema é capaz de proporcionar relatórios de funcionamento e fornecer dados em tempo real, bem como a atuação programada, e foi desenvolvido por Paulo Denis Garcez da Luz, Mauricio Martins Donatti, Lucas Amorim Salvador Astini, André Felipe Suzano Massa e Sírius Roberto da Costa Gomes.

“O principal diferencial do projeto proposto é estabelecer uma rede através da implementação de dispositivos de telegestão de iluminação pública. Dessa forma, cada poste atuaria como um roteador para os dispositivos conectados”, resume Garcez.

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