1 de agosto de 2017 Novo diretor-executivo da Inova Unicamp, Newton Frateschi mira fortalecer parcerias para consolidar ecossistema
Texto: Juliana Ewers
Fotografia: Vanessa Fujihira
O professor Newton Frateschi assume a partir de hoje, 1º de agosto, a diretoria-executiva da Agência de Inovação Inova Unicamp. Com conhecimento nas interações com o setor empresarial e o dinamismo de empreendedores, Frateschi destaca a importância das parcerias para consolidar ainda mais o ecossistema ao redor da universidade. Confira agora a entrevista concedida pelo Professor Frateschi sobre suas expectativas à frente da Agência de Inovação Inova Unicamp.
A Unicamp ocupa hoje o 2º lugar no ranking do INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) em número de depósitos de patentes e tem cerca de 13% de suas tecnologias licenciadas ao mercado. Como o senhor analisa esse bom desempenho da universidade?
A Unicamp já nasceu com o DNA de inovação. A universidade tem um forte conteúdo fundamental e aplicado em suas atividades. E também tem uma forte atuação multi e interdisciplinar. Além disso, a Unicamp tem uma agência de inovação exemplar e estruturada, que é responsável por dar suporte a estas atividades. Sendo assim, é natural que em seu portfólio de pesquisa haja sempre elementos para a Propriedade Intelectual e mais: com o apoio da agência de Inovação, essas tecnologias são, de fato, efetivadas, chegando ao mercado para assim, trazerem retorno à sociedade a partir do aproveitamento deste conhecimento.
De acordo com o último levantamento realizado pela Agência de Inovação Inova Unicamp, chega a 434 o número de empresas-filhas da Unicamp ativas no mercado. Na visão do senhor, o que possibilitou a formação desse movimento empreendedor ao redor da universidade? Que tipo de ação o senhor tem em mente para manter sólida essa rede?
A pesquisa de excelência da Unicamp – tanto fundamental, como aplicada –, a natureza multidisciplinar e o grande potencial científico e tecnológico da nossa comunidade colocam a universidade como uma referência na geração de conhecimento e na capacidade de geração de novos negócios. Desta forma, esse ambiente ímpar levou a Unicamp a registrar um crescimento simbiótico nas parcerias, tanto com o setor público quanto com o privado.
Ao mesmo tempo que esse foi um caminho natural, proveniente do conceito de universidade que o Professor Zeferino Vaz se propôs a criar, outras ações colaboraram para esse fortalecimento, como a criação da Incamp (Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp) e do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp. Paralelamente, há um grande incentivo à cultura de inovação e empreendedorismo, que nos permitiu consolidar ainda mais o ecossistema no entorno da universidade e que hoje, vemos difundido no mundo.
Para a manutenção desta rede, temos que ter a garantia da continuidade destas ações indutoras; o pleno apoio à Propriedade Intelectual e ao estabelecimento de parcerias; a garantia de uma comunicação eficiente, tanto intra como extra muros da Universidade; e, por fim, a ampliação das estruturas responsáveis pela formação de novos empreendedores. Temos ainda que fomentar a interação com essas empresas do ecossistema, através de convênios de P&D e licenciamento de tecnologias, auxiliar na estruturação dessas novas empresas, e ter a possibilidade de abriga-las no Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, que é um grande celeiro para a inovação na universidade.
Ressalto ainda que a Agência de Inovação precisa se manter atuante no relacionamento e no estabelecimento deste forte elo com as empresas-filhas, buscando a promoção e o compartilhamento das experiências delas com a universidade.
– Desde 2016, o Parque Científico e Tecnológico da Unicamp pode receber startups, além de laboratórios de P&D de empresas. Como o senhor avalia que esses dois atores podem impulsionar a inovação?
Conforme comentei, é fundamental a coexistência de grandes empresas e startups no Parque Científico e Tecnológico da Unicamp. A possibilidade dessas empresas fazerem P&D em parceria com a universidade ou com empresas incubadas e startups do nosso ecossistema é um diferencial para nós, e todos têm a ganhar com isso. As empresas já estabelecidas se beneficiam da convivência com a grande flexibilidade e criatividade das startups, enquanto as startups se valem da experiência e o equilíbrio destas empresas. Este convívio leva tanto ao amadurecimento das startups como à renovação nas empresas.
– Focando agora na comunidade interna da universidade, como essas frentes de ação da Agência de Inovação Inova Unicamp podem resultar em benefícios para a comunidade Unicamp?
A disponibilidade de um apoio contundente à transformação de conhecimento em propriedade intelectual e eventual produto para a sociedade é essencial. Para isto, temos que cada vez mais aprimorar este apoio. E mais importante do que isto, creio que a difusão da cultura de inovação e de empreendedorismo dentro da comunidade universitária pode gerar transformações em todas as áreas de pesquisa, ensino e extensão da universidade. À medida que isso se fortifica, as atividades nascem ainda mais alinhadas às demandas de mercado e, de forma mais geral, da sociedade como um todo, a quem conseguimos impactar com mais benefícios. Nesse sentido, temos que cada vez mais levar a Inova à comunidade para trazer mais a comunidade à Inova.