Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA)

Em primeiro plano, aparece o professor Julian, um homem de cerca de quarenta anos, branco, de cabelos castanhos separados ao meio. Ele veste uma camiseta polo de cor escura e calça jeans onde tem as mãos no bolso. Ao fundo e do lado esquerdo, tem um equipamento de estrutura metálica com tubos pretos, fios azuis, cilindros cinzas de diferentes tamanhos e alguns mostradores. No lado direito, tem um pôster de papel afixado na parede. Não é possível compreender o que se está escrito, mas dá para notar que se trata de um pôster científico, usado em congressos e apresentações de trabalhos científicos.

Processo de extração dos compostos foi licenciado pela Unicamp para Rubian, empresa incubada na Incamp

Licenciamento de Patente BR 10 2016 014976 2

A busca por novos produtos, em especial aqueles baseados na biodiversidade brasileira e com alto valor agregado é o que levou a startup Rubian a fechar o segundo contrato de licenciamento de tecnologia com a Unicamp. A empresa licenciou um processo de extração aplicado ao bagaço do maracujá, com foco na obtenção de vários compostos bioativos para aplicação no segmento de cosméticos.

A tecnologia licenciada trata-se de um processo de extração sequencial, desenvolvido pelos pesquisadores da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, o professor Julian Martínez e a então aluna do doutorado Juliane Viganó, e é objeto do pedido de patente BR10 2016 014976-2 depositado no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) pela Agência de Inovação Inova Unicamp.

Martinez esclarece que um dos benefícios da extração sequencial é que se pode obter diversos tipos de compostos a partir de uma mesma matéria prima. “O processo de extração sequencial consiste em modificar as condições de extração (pressão, temperatura, tipo de solvente) sequencialmente a partir de uma mesma matriz. Em geral, outras técnicas de extração são aplicadas em uma única condição, na qual se extrai praticamente todo o material. Na extração sequencial, cada condição é definida visando a um determinado tipo de composto”, explica o docente.

Como o maracujá contém uma grande variedade de compostos, o uso da extração sequencial no bagaço da fruta permitirá extrair, em cada etapa, diferentes produtos com características e aplicações específicas. Márcio Lopes, gerente de operações da Rubian, comenta que o processo de extração sequencial licenciado pela empresa será aplicado em duas fases. Na primeira, serão obtidos três produtos: carotenoides, ácidos graxos e vitamina E (tocotrienol). Já na segunda fase será obtido o complexo fenólico piceatannol, conhecido por suas propriedades antioxidades. É justamente na combinação do tocotrienol com o piceatannol que a empresa tem interesse, pois o objetivo é chegar a um sérum, um fluído voltado para a revitalização da pele, com propriedades antienvelhecimento.

Lopes afirma que a empresa avaliou o processo licenciado como mais seletivo e de maior segurança na extração dos compostos. “Como resultado, obtemos um material mais puro, que evita potenciais alergias quando aplicado à indústria de cosméticos ou mesmo na indústria farmacêutica.”

Eduardo Aledo, gerente geral da Rubian, conta que a proximidade com a Unicamp traz diversos benefícios para a startup, que atualmente é incubada na Incubadora de empresas de base tecnológica da Unicamp, Incamp. Segundo Aledo, além da oportunidade de associação de marca a uma das universidades mais destacadas no país, a empresa tem acesso ao que há de mais novo em termos de desenvolvimento tecnológico, como é o caso da tecnologia de extração sequencial.

A Rubian é uma empresa criada a partir do licenciamento de outro processo de extração supercrítica aplicado ao urucum. Aledo destaca que vislumbrou na nova licença a oportunidade de incorporar ao portfólio da Rubian produtos obtidos a partir de novas matrizes vegetais.  “Trabalhamos com o conceito Clear by Design Ingredients que significa dar segurança, transparência e rastreabilidade aos produtos que oferecemos às indústrias de insumos de alimentos, nutracêuticos  e de cosméticos”, esclarece Aledo.

Todo processo de oferta, intermediação e negociação com a empresa foi feito pela área de Parcerias da Agência de Inovação Inova Unicamp, que se preocupou com todos os detalhes para que os interesses da Universidade e da empresa fossem contemplados. “Negociar com empresas nascentes vem se tornando uma constante, pois a Unicamp faz parte de um ecossistema propício ao nascimento de Empresas de Base Tecnológica, como a Rubian. Outro ponto importante é mostrar que m nosso portfólio de patentes encontram-se tecnologias que podem ser desenvolvidas pelos mais diversos tipos e portes de empresas.” Iara Ferreira, Diretora de Parcerias

Rubian

A empresa brasileira iniciou suas atividades em 2015 com o propósito de desenvolver e produzir extratos vegetais de alta qualidade, a partir de processos inovadores  e sustentáveis. O objetivo da empresa é oferecer ingredientes superiores para as áreas de saúde e bem estar através de processos únicos e patenteados e utilizando-se de produtos da extensa biodiversidade do Brasil.

Inova Unicamp

A Agência de Inovação Inova Unicamp é o Núcleo de Inovação Tecnológica da Universidade Estadual de Campinas. Responsável por intermediar parcerias da universidade com empresas, instituições públicas e privadas, a Inova Unicamp está estruturada em quatro áreas principais. São elas: Propriedade Intelectual, Parcerias, Empreendedorismo e Parque Científico e Tecnológico da Unicamp.

 

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