Unicamp deposita a milésima patente

Texto: Juliana Ewers

A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) alcançou a marca de mil patentes ativas após o depósito junto ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) da tecnologia “Levedura industrial geneticamente modificada LVY127 com a via oxi-redutiva de conversão de xilose, cassetes de expressão gênica, processo de obtenção de etanol 2G e uso da levedura LVY127”.

A tecnologia, que contou com o apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e cujos inventores são o professor Gonçalo Amarante Guimarães Pereira, do Instituto de Biologia, e os alunos Leandro Vieira dos Santos e Renan Augusto Siqueira Pirolla, consiste em uma levedura modificada geneticamente capaz de aproveitar mais açúcares para a produção de etanol de segunda geração.

“É uma grande conquista chegarmos a mil patentes no ano em que a universidade completa 50 anos. A Agência de Inovação trabalha ativamente para não apenas proteger as tecnologias desenvolvidas no âmbito da universidade, mas também para levá-las até o mercado, impactando positivamente a sociedade a partir do oferecimento de produtos, processos e serviços melhores, de alto valor agregado. Sendo assim o nosso desafio está agora em licenciar essas patentes”, afirma o diretor-executivo da Agência de Inovação Inova Unicamp, professor Milton Mori.

A Unicamp tem hoje 1000 patentes ativas, no Brasil e no exterior. De acordo com o último levantamento da Agência de Inovação Inova Unicamp, que é o órgão responsável pela gestão da Propriedade Intelectual e da Transferência de Tecnologia dentro da universidade, 125 delas estão licenciadas para o mercado. Levantamento realizado pelo INPI no ano passado apontou que a Unicamp é a terceira maior patenteadora do País.

Entenda a tecnologia

Na primeira geração, o etanol é proveniente apenas da fermentação do caldo da cana de açúcar. Já na segunda geração, esse processo para obtenção do álcool é aplicado a palha, bagaço, folhas e caule, que são produtos secundares à cana, ou qualquer outro material lignocelulósico, nos quais o açúcar está presente em forma insolúvel.

Nesses materiais, são encontrados dois tipos de açúcares principais: a glicose, em 40%, e a xilose, em 25%. No entanto, as leveduras utilizadas nesses processos industriais eram capazes, até então, de fermentar apenas a glicose, desperdiçando a possibilidade de obtenção de etanol a partir da xilose.

A tecnologia desenvolvida na Unicamp, com a modificação genética da levedura, permite que esse açúcar não seja perdido. Em porcentagem, isso significa um aproveitamento 38,4% maior dos açúcares presentes nesses componentes.

“É como se tivéssemos uma plantação com 100 unidades de cana de açúcar e 38 delas não fosses aproveitadas. É uma quantidade muito grande. Nesse sentido, a tecnologia está ampliando nossos horizontes, nos permitindo maximizar o aproveitamento dessa terra”, afirma o professor Gonçalo Amarante Guimarães Pereira. “O Brasil produz muita ciência. A questão é que as pessoas só percebem esse conhecimento quando a tecnologia muda a vida delas. Esse é um trabalho de todos nós da Unicamp”, finaliza.

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