4 de abril de 2016 Sistema diminui tempo de execução de programas de computador
Texto: Carolina Octaviano
Foto: Thomaz Marostegan
Desenvolvida por pesquisadores do Instituto de Computação (IC) da Unicamp, a tecnologia intitulada “Método para paralelizar um loop de programa com dependência loop-carried” visa diminuir o tempo de execução de programas de computador e aplicativos – ou apps – em desktops, notebooks, smartphones e tablets. Este método foi desenvolvido a partir de um projeto colaborativo entre a Unicamp e a Samsung, empresa do segmento de produtos eletrônicos e que, recentemente, também efetuou o licenciamento do sistema.
Também chamado de BDX-Method, o sistema propõe um método mais eficiente de dividir a execução de partes de um programa entre os vários núcleos – denominados cores – de um processador, fazendo com que o programa seja executado mais rapidamente, segundo o professor Guido Costa Souza de Araújo, responsável pelo desenvolvimento da tecnologia. O professor conta que a diminuição da necessidade de comunicação entre os processadores do sistema é o principal diferencial da tecnologia, com relação às já existentes no mercado. “A tecnologia diminui a comunicação entre processadores, o que, consequentemente, gera um impacto menor no sistema, melhorando seu desempenho”, completa Araújo.
Ele explica ainda que, uma vez que um programa ou aplicativo é uma sequência de instruções que são executadas uma de cada vez, a tecnologia traz benefícios e reverte problemas como o consumo excessivo de bateria destas plataformas. “Quanto mais tempo um aplicativo executar em um celular, menos energia sobra na bateria. A maior parte do tempo de execução de um programa é gasta em pequenos trechos de instruções, denominados laços, que se repetem milhões de vezes. Assim sendo, acelerar a execução de laços é um problema muito importante quando se deseja diminuir o tempo de execução de um aplicativo”, afirma. Embora já se saiba que a tecnologia é capaz de diminuir o gasto de bateria, estudos ainda estão em andamento para mensurar essa economia.
O sistema foi desenvolvido durante o doutorado do aluno Divino César Soares Lucas e contou com a participação de Juan Salamanca Guillén, também aluno de doutorado, e Luis Felipe Mattos, aluno da Iniciação Científica. Araújo comenta que, desde o início das pesquisas, a equipe, além de buscar a geração de uma inovação tecnológica, já vislumbrava a aplicação da tecnologia no mercado. “A nossa ideia inicial era desenvolver um novo método que de fato ajudasse a acelerar a execução de programas usando de maneira mais eficiente os vários cores disponíveis nas arquiteturas de computadores modernos”, revela.
Do convênio de P&D ao licenciamento
A tecnologia descrita acima foi um dos resultados gerados pelo projeto chamado de “Paralelização de Laços para Regiões Quentes de Programa usando Software Pipeline Desacoplado e sua Aplicação a Problemas de Reconhecimento Robusto de Face”, previsto no Convênio de Cooperação Técnica e Científica firmado entre a Unicamp e a Samsung Eletronics em 4 de setembro de 2012, tendo como um dos resultados alcançados o depósito da patente em cotitularidade.
Interação entre Universidade e Empresa
A Samsung Electronics – que realiza projetos em parceria com a Unicamp voltados para inovação tecnológica – avalia positivamente a interação com a Unicamp para o desenvolvimento de novas tecnologias, reafirmando que as pesquisas são direcionadas a partir de uma necessidade de mercado. “A Samsung trabalha em vários projetos de pesquisa em conjunto com a Unicamp. Como resultados esperados desta parceria, há o desenvolvimento de novos métodos e tecnologias que podem ser aplicados a problemas do mercado”, diz Miguel Lizarraga, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Samsung.
Para ele, o apoio da Inova é fundamental para a formatação de projetos colaborativos e para o licenciamento de tecnologias. “A Inova Unicamp teve colaboração muito próxima à Samsung para chegarmos ao acordo sobre a forma que os resultados da pesquisa seriam tratados. Visto que o desenvolvimento destas tecnologias é feito em conjunto com a Unicamp, a patente possui co-titularidade para ambas as instituições e a Samsung possui o direito de exploração. O acordo assinado atende às necessidades das partes, focando em uma parceria de ganha-ganha entre as instituições”, corrobora.