26 de agosto de 2015 Parceria entre Brasil e Reino Unido para capacitação e internacionalização de startups brasileiras é anunciada na 15ª Conferência Anpei
No segundo dia da 15ª Conferência Anpei, o Secretário de Inovação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) Marcos Vinícius de Souza e o representante do Consulado-Geral Britânico no Recife Gareth Moore lançaram uma parceria entre Brasil e Reino Unido que deve ajudar startups brasileiras a se internacionalizarem. Eles anunciaram uma extensão do Programa InovAtiva Brasil, nomeada “UK Chapter”.
Criado em 2013 pelo MDIC, o InovAtiva Brasil oferece capacitação, mentoria e auxílio a empreendedores, para o estabelecimento de negócios inovadores. Ele é realizado em três fases, sendo a última delas de mentorias com empreendedores de sucesso, inclusive especialistas internacionais. Esta terceira edição do Programa terá até 100 startups finalistas, dentre as quais 30 serão selecionadas para participar, até o fim do ano, de mentorias e capacitações com especialistas britânicos, à distância.
A iniciativa “UK Chapter”, executada pela Anpei (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras) em parceria com a agência britânica UKTI (UK Trade & Investment), irá selecionar até 15 startups participantes do InovAtiva Brasil para uma temporada de três meses de mentorias e treinamentos em Londres, no início de 2016. São elegíveis as 95 participantes da primeira e segunda edição e as finalistas da terceira.
Secretário de Inovação do MDIC e representantes do Consulado e da embaixada britânica durante coletiva de imprensa
Para o Secretário de Inovação do MDIC, este tipo de iniciativa é crucial, pois os empreendedores brasileiros até identificam tecnologias e soluções boas, mas ainda não sabem fazer negócios. “Precisamos aprender a fazer negócios. As startups ainda focam apenas no mercado interno. É fundamental mirar o mercado global desde o início, nascer global”, pontua.
Em consonância, Filipe Cassapo, Diretor da Anpei e Gerente Executivo do Centro Internacional de Inovação do SENAI Paraná, problematiza o fato de que o Brasil ainda tem uma baixa participação no comércio internacional de produtos de alta intensidade tecnológica. “Infelizmente, ainda vivemos em uma situação em que produtos de alto valor agregado, que poderiam ser desenvolvidos aqui e exportados, acabam sendo importados. Com o 'UK Chapter' temos a oportunidade de reverter, de certa maneira, esse fenômeno”, reflete.
O Secretário de Inovação do MDIC acredita que essas experiências internacionais ajudam, principalmente, a mudar a mentalidade e a cultura dos empreendedores brasileiros. “É impressionante o efeito quando as startups voltam para o Brasil. Lá fora, elas passam por treinamentos práticos com mentores de alto nível, preparam-se para outras realidades”, comenta.
De acordo com o Gareth Moore, representante do Consulado-Geral Britânico no Recife, serão enviadas a Londres para receber apoio do UKTI empresas das áreas de TI, desenvolvimento sustentável, saúde e defesa.
Na seleção, serão considerados critérios como a escalabilidade do produto ou serviço, o potencial de mercado e a disponibilidade dos empreendedores para uma temporada Londres. Além disso, conforme destaca Filipe Cassapo , será avaliado o comportamento das startups no Brasil. “A empresa se relaciona com centros de P&D no Brasil? Ela está envolvida em ecossistemas de inovação no país e, a partir desse ambiente, é capaz de investir em produtos inovadores? Tudo isso nos faz perceber se a startup tem musculatura para criar não apenas um produto inovador, mas criar gerações e gerações de produtos inovadores”, enfatiza.
O interesse pelas startups brasileiras, segundo a Conselheira Econômica da Embaixada Britânica no Brasil Catherine Barber, justifica-se pela possibilidade de diversificar o mercado britânico com produtos e serviços de alta qualidade. Além disso, ela aponta como fatores positivos para a parceria a criatividade do empreendedor brasileiro, o interesse dos britânicos pelas indústrias criativas daqui e, também, a possibilidade de entenderem o mercado latino-americano a partir da proximidade com o Brasil.
O Reino Unido está investindo 150 mil libras na iniciativa. Já o MDIC, embora não tenha divulgado o valor investido exclusivamente no “UK Chapter”, informou que o aporte brasileiro até a terceira edição do Programa InovAtiva Brasil foi de R$ 7 milhões. Esta não será a primeira vez que o InovAtiva Brasil firma uma parceria neste formato. Em outra edição do Programa, 20 startups foram enviadas aos Estado Unidos para mentorias, treinamentos e networking com empresas e investidores.
Na visão de Filipe Cassapo, da Anpei, é importante compreender o “UK Chapter” como uma grande possibilidade. “É uma oportunidade de compreender e valorizar nossos empreendedores de grande impacto. Nós temos muitos deles aqui no Brasil, os quais têm possibilidades de se tornarem grandes empreendedores e exportarem seus produtos para o mundo todo. Ele precisam deste impulso”, finaliza.
Para saber mais sobre o Programa InovAtiva Brasil, acesse: www.inovativabrasil.com.br
Ganhar outros mercados é possível
Após o anúncio da parceria com o Reino Unido, foi realizado, ainda no segundo dia da Conferência Anpei (25), um painel de experiências de internacionalização das startups brasileiras. A atividade contou com apresentações simultâneas de cases da Toys Talk, Bliive, Ouro Negro e Tempest, empresa que oferece serviços especializados de segurança da informação.
Representantes da Tempest, Toys Talk, Bliive, Ouro Negro, no painel
Criada no Recife (PE) em 2000, incubada pelo CESAR a Tempest iniciou as operações no Reino Unido em 2012. Segundo Evandro Hora, um dos fundadores da empresa, para ter sucesso na internacionalização é preciso ter coragem de arriscar e capacidade de se adaptar a outras realidades. “É necessário pensar globalmente e não apenas agir globalmente, estar aberto a fazer adaptações no produto conforme a realidade do novo mercado”, ressalta.
Ele também fez questão de enfatizar que estar no Reino Unido ajuda a abrir mercados e que os britânicos são muito receptivos a quem “trabalha direito”. “O mercado de lá é receptivo e incentivador. Eles pedem mais, ajudam a construir, passam experiência. E se gostam do seu trabalho, recomendam”, conta.