Fiesp promove encontro em parceria com a Inova Unicamp para firmar ecossistema de inovação em Campinas

Texto e fotografias: Juliana Ewers

As condições notáveis para tornar Campinas um centro de excelência em empreendedorismo e inovação, comparável às experiências internacionais, motivaram o presidente do Conic (Conselho Superior de Inovação e Competitividade) Rodrigo Costa Rocha Loures, da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a reunir na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) os players do setor para discutir: “Como fomentar ecossistemas de classe mundial”. O encontro resultou na formação de um grupo que trabalhará na articulação das demandas da região, listadas pelos participantes.

Para Loures, a cidade está muito bem posicionada para assumir o papel de protagonista do País. “A Fiesp quer ser um facilitador dessas interações, por isso estamos tão interessados na experiência de Campinas. Visamos, inicialmente, prestar apoio à bioeconomia e aos ecossistemas temáticos, como a área da saúde. Além disso, pretendemos identificar outras cidades com potencial, para auxilia-las no desenvolvimento de seus próprios ecossistemas”, afirmou.

Inspirados no Vale do Silício, localizado na Califórnia (EUA), os participantes elencaram os primeiros passos necessários para que o ambiente de inovação avance, tais como: trazer jovens empreendedores para trabalhar junto com o grupo, buscar mais fundos de investimento, atrair o poder público para as iniciativas, rever marcos regulatórios, estruturar canais de comunicação, ampliar o fórum e criar uma agenda comum.

“Só quando a agenda comum foi mais importante do que a agenda individual é que conseguiremos avançar de verdade”, avaliou Taila Lemos, da ACS (Associação Campinas Startups).

A Experiência do Vale do Silício

Para orientar o debate, Marcos Schlemm, que é professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, apresentou parte de sua pesquisa sobre as práticas de inovação no Vale do Silício, que se formou há 60 anos impulsionado pelo pool de talentos das universidades.

Referência no que tange o conceito de inovação aberta, o Vale do Silício é símbolo da sinergia entre os steakholders do setor – pesquisadores, investidores, agentes públicos, empreendedores, incubadoras, corporações e prestadores de serviços –, o que possibilita a estruturação desse ecossistema dinâmico, de reinvenção permanente, e que se mantém em constante expansão.

“O grau de conectividade entre as pessoas é o que determina a maturidade de um ecossistema. E como o Vale do Silício, não há nada comparável no mundo todo”, disse Schlemm.

Capital de risco é outro fator que salta aos olhos: US$ 11,4 bilhões são destinados a essa modalidade de investimento, o que representa 40% de todo capital de risco dos Estados Unidos.

Ainda em relação a recursos, de acordo com Schlemm, uma prática que deve ser absorvida pelo Brasil são as doações (financial endowment). A universidade de Berkeley, por exemplo, recebeu US$ 3,5 bilhões em contribuições de ex-alunos apenas em 2013. E, diferentemente da experiência brasileira, Berkeley ainda tem uma análise distinta. “Lá, a métrica não é baseada em artigos indexados, mas sim em quantos CEOs de empresas são ex-alunos da universidade. ”

Rumo ao desenvolvimento

Para o professor Milton Mori, diretor-executivo da Agência de Inovação Inova Unicamp, o encontro foi muito produtivo e permitirá um avanço em todas as frentes relacionadas à inovação e empreendedorismo. “Como foi dito aqui, a inovação nasce no ecossistema. Precisamos compreender muito bem como o Vale do Silício se organiza para entendermos o que precisa ser feito aqui”, finalizou.

O evento contou com a participação da Fiesp, Ciesp, Senai, Agência de Inovação Inova Unicamp, CPqD, Ciatec, Prefeitura de Campinas, IMA, FGV, I-Systems, Instituto Eldorado, Baita, ACS (Associação Campinas Startups), Unicamp Ventures, Anpei, CTI, Bosch, IBQP, PUC-PR, Katapult Group, entre outros.

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