Texto: Carolina Octaviano

Foto: divulgação

Com o projeto “Otimização de compostos líderes para tratamento de doenças parasitárias tropicais”, o Professor Luiz Carlos Dias, do Instituto de Química (IQ) da Unicamp, foi o vencedor do Prêmio Santander Universidades, na categoria Ciência e Inovação, que foi entregue no final do ano passado.Também participou da solenidade de entrega do prêmio a Professora Glaucia Maria Pastore, pró-reitora de Pesquisa da Unicamp. 

Dias conta que ficou muito satisfeito e também surpreso com a premiação. “Já fui contemplado com outros Prêmios, cada um com sua importância em determinado momento da minha vida, da minha carreira, mas este foi pela contribuição em uma área que sinto obrigação de atuar, de fazer meu melhor, ou de, pelo menos, tentar. Nosso objetivo nesta parceria não é só o de publicar bons trabalhos, melhorar currículo. O que queremos é contribuir decisivamente para salvar vidas”, afirma. Na opinião do Professor, além do projeto ser considerado inédito e inovador, ele também possibilitará um salto bastante significativo no combate a doenças parasitárias, no país. “Este modelo de projeto, inédito no Brasil, permitirá avançar na cadeia de descoberta de medicamentos para o tratamento de doenças tropicais parasitárias no país”, aponta Dias.

Um dos pontos principais do estudo são as colaborações e as parcerias – que tiveram início em março de 2013 – entre o Laboratório de Química Orgânica Sintética (LQOS) da Unicamp, a  Drugs for Neglected Diseases initiative (DNDi), a Medicines for Malaria Venture (MMV) e as seguintes instituições farmacêuticas mundiais: WuXi AppTec (China), a Universidade da Antuérpia (Bélgica), a Pfizer, a AbbVie, a Universidade da Califórnia (em San Diego, EUA), a Universidade de Monash (Austrália), A Sandexis LLP (Reino Unido), o Swiss tropical and public health institute (Suíça), o Colégio Imperial de Londres (Inglaterra), a Syngene (Índia), o Biomedical Primate Research Centre (Holanda), a Drug Discovery Unit (Reino Unido), a Astra Zeneca, e a Glaxo Smith Kline.

Dentre os principais objetivos do projeto, o Professor elenca o desenvolvimento de tecnologias para obtenção de medicamentos capazes de combater doenças como Chagas, leishmaniose visceral e malária, além do estabelecimento de um centro mundial de referência em pesquisas neste âmbito. “Este projeto tem potencial enorme de aplicação na área de saúde, para tratamento de doenças como Chagas, leishmaniose e malária. Além do impacto direto sobre a vida humana, os países com maior incidência destas doenças estão entre os mais pobres do mundo, e têm taxas de crescimento econômico muito baixas”, revela o Professor, mostrando também o apelo social da iniciativa. Segundo Dias, o principal desafio para o tratamento destas doenças é garantir o desenvolvimento de um forte pipeline com novas moléculas eficazes contra cepas resistentes para o controle de doenças e que sejam, ao mesmo tempo, seguras e acessíveis aos pacientes.

O Professor conta ainda que este tipo de reconhecimento é decisivo para a continuidade do projeto, dando mais visibilidade e ajudando na busca por financiamento para pesquisas futuras nesta área. Inclusive, ele diz que está elaborando uma proposta PITE que será submetida à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que consiste em um consórcio entre a Fapesp, a MMV, a DNDi, a Unicamp e a Universidade de São Paulo (USP), dando continuidade nas pesquisas com doenças parasitárias tropicais. 

Ele aponta também para a importância de parceria dentro da própria Universidade, como forma de alavancar os estudos e as pesquisas, além do apoio dado pela Agência de Inovação Inova Unicamp desde o início da parceria. Ele agradece também à Diretoria de Apoio Financeiro do IQ, que prestou apoio para a realização do projeto.  “Eu tenho absoluta confiança que nós vamos fazer a diferença no futuro. E venho recebendo todo o apoio por parte da Unicamp. O Professor João Frederico da Costa Azevedo Meyer da PREAC (Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários) tem sido um parceiro sensacional”, comenta o Professor do IQ.