15 de dezembro de 2014 Em busca de maior independência financeira, Inova Unicamp apresenta balanço das atividades de 2014
Texto: Juliana Ewers
Fotografia: Antônio Perri
Focada em captar recursos externos para ter maior independência do orçamento da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a Agência de Inovação Inova Unicamp apresentou em reunião junto ao Conselho Superior o balanço parcial das atividades desenvolvidas ao longo de 2014 e quais os gargalos a serem superados nesta gestão.
Atualmente, em relação ao custeio, a composição orçamentária da agência é constituída por 56% de repasses da reitoria, 39% de cooperação com empresas (Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, InovaSoft, Incamp e Royalties) e os 5% restantes são provenientes da Capes, Fapesp e CNPq. Com os 39% originados de empresas, a Inova Unicamp caminha para se tornar mais autossustentável, o que é um perfil pouco comum mesmo entre as agências de universidades em países em que a cultura da inovação é mais madura, como os EUA. O normal é depender prioritariamente de repasse da reitoria.
Uma das portas de entradas desses recursos é o Parque Científico e Tecnológico da universidade. Só este ano, 25 empresas e instituições foram recebidas no local para visitas. No entanto, segundo o diretor-executivo da Inova Unicamp, o limite de espaço físico disponível no parque é um entrave. “As empresas querem se instalar aqui, mas ninguém quer construir. Eles preferem alugar”, afirma.
Para tal, a Inova Unicamp busca recursos para serem investidos em infraestrutura. Inclusive, foi submetida uma proposta na área junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que ainda não obteve resposta. A solicitação foi redigida pela professora Maria Ester Dal Poz, que é assessora da diretoria-executiva da Inova. Para a elaboração da proposta, ela trabalhou conjuntamente com a diretoria e a equipe do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp.
Durante a apresentação, o diretor do Parque, Eduardo Gurgel, informou que o ideal é buscar recursos para a construção de 20 mil metros quadrados. “Dez mil metros quadrados já seriam de grande ajuda para começarmos a caminhar sozinhos. Mas estimamos que vinte mil metros serão o ponto de virada de tudo isso. Sem prédio, a gente não consegue andar”, explica.
A entrada no parque depende do estabelecimento de um convênio de P&D com alguma unidade da Unicamp. A partir disso, a empresa pode instalar seu laboratório dentro do parque. “O foco dessa instalação não é comercial. Por isso, a empresa pode ter um departamento administrativo apenas para dar suporte ao laboratório, mas o foco não é esse”, completa o diretor do parque.
Está em negociação a instalação da GranBio, Griaule, Eldorado e Motorola no Parque Científico e Tecnológico da Unicamp. A empresa Innova – Energias Renováveis foi a primeira empresa a submeter proposta ao edital PCT/Unicamp, e foi aprovada pelo Conselho Superior do Parque. Esta será a primeira empresa a construir.
Outra estratégia para ampliar transferência de tecnologia adotada pela Inova Unicamp foi através do Programa Bioen, da Fapesp. A agência de inovação fez um mapeamento de projetos e docentes que atuam na área de bioenergia para identificar tecnologias com alto potencial inovador. O foco está em fazer contato com empresas para ofertar as tecnologias disponíveis.
Este levantamento apontou que existem 29 docentes e 108 projetos nessa área, entretanto apenas sete têm patentes relacionadas. “Verificamos que a maior parte trata de ciência básica, em estágio de desenvolvimento. Esse mapeamento quis verificar quais as oportunidades de know-how, patentes ou qualquer outra forma de conhecimento disponíveis para transferência de tecnologia”, afirmou a diretora de Propriedade Intelectual da Inova, Patrícia Leal.
Números Inova Unicamp
Durante o encontro, foi feita a apresentação dos dados parciais referentes à Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia, que serão divulgados oficialmente no ano que vem.
A Incamp (Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp), por sua vez, já graduou 43 empresas desde 2001, tendo agora nove incubadas e outras três em fase de pré-incubação. Há ainda cinco aprovadas no novo edital, de fluxo contínuo.
A Unicamp detém hoje 326 empresas-filhas cadastradas. Do total, 254 delas estão ativas e são responsáveis pela geração 16.610 vagas de emprego. As empresas-filhas ativas atuam principalmente na área de Tecnologia de Informação, consultoria, engenharia, alimentos e bebidas, e energia. A maior parte delas – 95% – está localizada no Estado de São Paulo, sendo Campinas a cidade que abriga o maior número delas (68%). Na capital, estão 16%. E nas demais cidades da RMC (Região Metropolitana de Campinas), ficam 5%. Os 11% restantes estão espalhados por outras cidades do Estado.
Se somado, o faturamento anual das empresas-filhas é estimado em R$ 2 bilhões.
“É um orgulho para a Unicamp ter esse portfólio”, afirma Mori ao lembrar que foram feitos 20 licenciamentos para empresas-filhas. Deste total, 17 deles ainda estão ativos.
“Esses dados demonstram o protagonismo da Unicamp em inovação e empreendedorismo. Estamos todos muito satisfeitos com os resultados obtidos esse ano e na expectativa do que será alcançado nos próximos”, afirma o reitor da universidade José Tadeu Jorge.
A reunião do Conselho Superior da Inova Unicamp contou também com a presença de Mariana Zanatta, gerente do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp; Carlos Eduardo Calmanovici, diretor de desenvolvimento de processos da Odebrecht; Cesar Gon, ex-aluno e sócio-proprietário da CI&T; Ana Maria Fratini, da pró-reitoria de pós-graduação; Celso Morooka, representante da área de Engenharias; Daniel Pereira, representante da área de Ciências Exatas; João Armando Valente, representante da área de Ciências Humanas; e Marcelo Menossi, representante da área de Ciências Biológicas.