Sistema informatizado para gestão de tecnologia em saúde beneficia hospitais

Texto: Adriana Arruda

Foto: Felipe Christ

Um sistema informatizado para gestão de tecnologia em saúde foi desenvolvido pelos pesquisadores do Centro de Engenharia Biomédica (CEB) da Unicamp: professor José Wilson Magalhães Bassani; Ana Cristina Bottura Éboli, aluna de doutorado e funcionária da CEB; e Eder Trevisoli da Silva, analista de sistemas e também funcionário do CEB. O programa de computador foi registrado em 2013 com o auxílio da Agência de Inovação Inova Unicamp e licenciado para o Hospital Municipal Doutor Mário Gatti no mesmo ano. De acordo com o professor Bassani, o papel da Inova foi importante na definição do tipo de convênio e licença de software que deveriam ser feitos.

O sistema intitulado GETS (Gerenciamento de Tecnologia para Saúde) engloba um inventário padronizado de equipamentos odonto-médico-hospitalares – como fluxos de manutenções e ciclo de vida dos equipamentos, processos de aquisição de equipamentos, peças, serviços, contratos e outros fluxos afins, como histórico e acompanhamento em tempo real e indicadores clássicos e novos de engenharia clínica. Segundo Bassani, atualmente o Brasil não apresenta condições de gerenciar adequadamente a tecnologia instalada nos estabelecimentos assistenciais de saúde da rede pública. “Não é possível, nas condições atuais, responder exatamente e de forma rápida onde estão, quantos são e quais as condições de funcionamento dos equipamentos instalados nos hospitais da rede pública. Nossa solução, portanto, foi criar um sistema que inclua a padronização de nomenclatura e de ações executadas pelas equipes que cuidam da tecnologia”, explica.

Segundo o engenheiro clínico do Mário Gatti, Luís Roberto Rodrigues Leite, o núcleo de Engenharia Clínica do Hospital Municipal não dispunha de um sistema com as características apresentadas pelo GETS. “As ferramentas especificamente desenvolvidas para a gestão da tecnologia na área da saúde englobam o grande diferencial do sistema. Considero o GETS o melhor sistema para gestão de tecnologia na área da saúde que já tive oportunidade de conhecer e utilizar. A maior parte dos sistemas que usei anteriormente derivava de aplicações industriais e não levava em consideração as especificidades inerentes aos equipamentos médicos e aos núcleos de engenharia clínica presentes nos hospitais e unidades de saúde”, ressalta.

O GETS é baseado em uma estrutura matemática que possibilita a criação de novos indicadores de produção, de custo e de acompanhamento, bem como o levantamento de alertas sobre comportamento inadequado de equipamentos individuais, grupos de equipamentos e setores do estabelecimento. O engenheiro Luís acredita que, com a utilização do GETS, o núcleo de Engenharia Clínica do Hospital Municipal Doutor Mário Gatti colabora para a formação de uma base de dados única, padronizada e de abrangência nacional sobre tecnologia em saúde. “As ferramentas disponibilizadas pelo sistema permitem melhor controle do parque de equipamentos médico-hospitalares da instituição, das ocorrências de manutenção corretiva e preventiva envolvendo estes equipamentos e, principalmente, o desenvolvimento de indicadores ligados à área de Engenharia Clínica, visando com isso a racionalização dos investimentos para a aparelhagem desta Unidade de Saúde e consequentemente o aprimoramento da assistência aos usuários de nossos serviços”.

De acordo com Bassani, o sistema foi e vem sendo financiado pelo Ministério da Saúde. “A princípio essa tecnologia interessa aos mais de 10 mil estabelecimentos de saúde na rede pública do país. Atualmente já existe uma versão em funcionamento nos hospitais da Unicamp e, além do Hospital Municipal Doutor Mário Gatti, o Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP), da Universidade Federal Fluminense, e o Centro de Hemoterapia e Hematologia do Estado do Pará (HEMOPA) já fazem uso do sistema”. A ideia é que o GETS seja instalado como licença gratuita nos estabelecimentos públicos de saúde mediante o convênio com a Unicamp que estabeleça as condições de implantação, definição de estrutura operacional, procedimentos e capacitação de pessoal para efetiva utilização da tecnologia e termo de licença do programa de computador.

Para o professor, há alguns obstáculos a serem superados para que outros hospitais possam aderir ao GETS e também implantar a tecnologia. “É preciso contratar recursos humanos para realizar a manutenção dos equipamentos e alimentar o sistema – não há restrições quanto à terceirização destas atividades. No entanto, isto pode ser um empecilho para alguns hospitais que não possuem a quantidade suficiente de profissionais e precisam contar com recursos financeiros limitados de origem governamental”, finaliza.

Sobre o Hospital Municipal Doutor Mário Gatti

O Hospital Municipal Dr. Mario Gatti é uma Autarquia Municipal inaugurada em 1974. Atualmente constitui um complexo hospitalar com oito edificações e aproximadamente 17.000 m2 e é mantido exclusivamente com recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Prefeitura Municipal de Campinas. É referência para atendimentos de urgência e emergência no Sistema Único de Saúde em Campinas e retaguarda para serviços de apoio ao diagnóstico, terapêutico e oncologia para a Região Metropolitana de Campinas. Reconhecido em 2004 como Hospital de Ensino e Pesquisa, oferece residência médica, residência odontológica, residência multiprofissional (enfermagem, fisioterapia e nutrição). Possui aproximadamente 220 leitos e sete salas cirúrgicas.

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