21 de agosto de 2013 Adaptador facilita tratamento de canal
Patenteada, tecnologia desenvolvida na FOP permite fotoativação de materiais resinosos
Texto: Adriana Arruda – Especial para o JU / Fotos: César Maia / Edição de Imagens: Diana Melo
Pesquisadores da Faculdade de Odontologia da Unicamp (FOP) desenvolveram uma tecnologia inovadora que, se levada à indústria, pode ser uma grande aliada nas cimentações de pinos intrarradiculares em canais dentais. O professor Mário Alexandre Coelho Sinhoreti, o aluno de doutorado Victor Pinheiro Feitosa – ambos da Área Materiais Dentários da FOP – e o engenheiro de computação Tiago Porto Barbosa desenvolveram um adaptador para fotoativação de adesivos e cimentos resinosos que objetiva substituir os materiais ativados quimicamente ou com ativação dual (química e física) por resinas fotopolimerizáveis. “Essas resinas possuem melhores propriedades mecânicas e maior durabilidade se comparadas às resinas quimicamente ativadas”, explica Feitosa.
O adaptador desenvolvido pelos pesquisadores é feito de fibra óptica e com formato levemente cônico, sendo capaz de transportar a luz do aparelho fotoativador para regiões muito finas ou estreitas de forma a dissipar a luz em 360 graus – inclusive em regiões em que a luz emitida pelo aparelho fotoativador não alcançaria em condições normais, como o canal radicular de um dente. “O adaptador possui dezenas de microfibras ópticas dispostas em uma forma similar a um cone que se alinham e são incluídas em silicone de alta densidade transparente. Essas fibras transportam a luz dos aparelhos fotoativadores para dentro do canal radicular dental (região antes não alcançada) e permitem a polimerização de resinas odontológicas nessa região”, explica Sinhoreti.
Dessa maneira, a tecnologia permite o uso, em canais dentais, de resinas fotopolimerizáveis que apresentam melhores propriedades mecânicas, menor degradação e maior durabilidade que as resinas utilizadas atualmente e que são ativadas quimicamente. “Como o adaptador possui o formato cônico, leve flexibilidade e apresenta dimensões reduzidas, é possível utilizá-lo em cavidades finas ou estreitas”, explica Feitosa. Segundo o professor, não há atualmente no mercado aparelhos ou formas de fotoativar adequadamente resinas odontológicas dentro de canais tratados, o que torna o produto um grande diferencial na área. Além de ser aplicado em cimentações de pinos e procedimentos adesivos no canal dental, o adaptador pode chegar a regiões de difícil acesso.
Com seu doutorado em andamento, Feitosa refletiu sobre a deficiência no mercado de fotoativação de adesivos e resinas odontológicas dentro de canais radiculares. “Imaginei que seria possível o transporte da luz de forma eficiente através de algum adaptador. Idealizei o formato e a disposição do adaptador e entrei em contato com o Tiago para a possível utilização de fibras ópticas. A ideia inicial foi criar um dispositivo que promovesse a fotopolimerização adequada dentro dos canais radiculares dentais. Após o esboço do adaptador, conversei com o professor Sinhoreti e ele deu todo o suporte para a finalização do projeto”, lembra o pesquisador.
O pedido de patente foi depositado em 2012 com o auxílio direto da Agência de Inovação Inova Unicamp. Para Feitosa, “a contribuição da Inova foi essencial, já que nenhum dos inventores tinha conhecimento sobre redação e descrição técnica de patentes”. Segundo o pesquisador, os analistas da Inova Unicamp o auxiliaram desde o passo a passo da escrita até o depósito do pedido de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
PERSPECTIVAS
Os pesquisadores explicam que, neste momento, a busca por um parceiro comercial é importante para a continuidade do projeto. “As pesquisas sobre a tecnologia estão finalizadas. Temos perspectivas agora em relação à possível comercialização do produto e a publicação de artigos científicos em revistas de impacto”, afirma Feitosa.
A equipe pretende também realizar o depósito internacional da patente. Para isso, os pesquisadores buscarão parceiros no Brasil que tenham interesse pela tecnologia e venda do produto em outros países. O contato para possíveis parcerias com empresas interessadas no licenciamento da tecnologia é realizado diretamente pela Agência de Inovação Inova da Unicamp. Para mais informações, o e-mail de contato é o parcerias@inova.unicamp.br.