27 de junho de 2013 Senai e MIT iniciam pesquisa sobre redes de inovação
O Serviço Nacional de Aprendizagem industrial (Senai) dá alguns passos adiante na parceria firmada com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) no ano passado. A partir do segundo semestre, a organização dá início a um projeto de pesquisa focado em ecossistemas brasileiros de inovação para o aumento da competitividade da indústria brasileira. Com duração de cinco anos, o projeto acompanha a instalação dos Institutos Senai de Inovação. Em execução há mais de um ano, a expectativa é de que em no máximo oito os institutos se tornem autossutentáveis. A iniciativa também conta com o apoio do instituto alemão Fraunhofer, que tem atuado para a criação dos planos de negócio dessas organizações.
Escalado para tomar a frente desse desafio, o especialista em Desenvolvimento Industrial, Marcelo Prim, conta que porque essa parceria será importante para o Brasil evoluir no entendimento sobre redes de inovação.
Wenobvate: De que forma será realizado o projeto de pesquisa? Ele acompanha a implantação dos institutos de inovação?
Prim: Serão dois professores titulares do MIT conduzindo uma pesquisa de cinco anos de duração, com envolvimento de estudantes de doutorado e mestrado. Haverá uma equipe no Brasil, e uma nos Estados Unidos simultaneamente. A equipe local irá analisar os ecossistemas regionais, as características das indústrias e das cadeias de valor, para então desenvolver os métodos a serem implantados. Já o MIT irá analisar o ambiente industrial brasileiro e desenvolver métodos para conectar a indústria com os Institutos Senai de Inovação e com os Institutos Senai de Tecnologia, que estão em desenvolvimento e implantação. O foco é promover a inovação pré-competitiva, integrando todo o sistema indústria (IEL, Sesi, Senai) em âmbito nacional.
Wenovate: Por que esse tema é tão relevante?
Prim: O tema é essencial, pois os Institutos Senai foram criados para conectar a academia – pesquisa básica e aplicada – com a indústria brasileira que realiza inovação. Essa ponte é determinada como inovação pré-competitiva, ou seja, desde a realização de testes até o desenvolvimento de novos produtos. Para tal, é fundamental desenvolver o capital intelectual: desenvolver infraestrutura (prédios, equipamentos); pessoas qualificadas e competências; e relacionamento. É neste último ponto que o MIT irá nos ajudar. Relacionada a esse trabalho está a construção de uma competência nacional em comunidades de startups, promovendo inovações disruptivas que ocorram na rede de inovação do Senai através do empreendedorismo.
Wenovate: Como funcionam os Institutos Senai de Inovação?
Prim: Os Institutos Senai irão promover a inovação da indústria, através de parcerias com empresas com forte relacionamento com as universidades, através de atendimento nacional e em rede. Os grandes desafios da sociedade, como energia, sustentabilidade e segurança, devem reunir competências complementares de ISI’s de competências diferentes, juntamente com a academia e a indústria.
Wenovate: De que forma o Senai e seus institutos de inovação se articulam?
Prim: Esse é o grande objetivo do projeto com o MIT e, portanto, a resposta está em construção. Atualmente, os Institutos estão desenvolvendo seus planos de negócio em conjunto para estruturar uma rede complementar de atendimento nacional à indústria, com tecnologias e temas diretamente alinhados com o programa Brasil Maior. Nesse meio tempo, novas ações colaborativas serão lançadas para promover a construção dessa rede nacional de inovação.
Wenovate: Quais são os desafios relacionados a essas redes?
Prim: O grande desafio é trabalhar de maneira colaborativa, não apenas competitiva. A competição será normal, dentro de um ecossistema, mas os grandes desafios precisam de uma rede estruturada para desenvolver soluções inovadoras para a indústria. Sem a rede, dificilmente chegaremos lá.
Wenovate: Quais são as dificuldades de criar uma rede nacional como é o caso do Senai? E por que investir nessa articulação é importante?
Prim: A primeira dificuldade é estrutural: precisamos prover estabelecimentos e equipamentos suficientes para realizar projetos estruturantes. A segunda é de recursos humanos: desenvolver e engajar massa crítica. A terceira é fomentar a criação de uma rede colaborativa entre Institutos Senai de competências e estados diferentes, integrando com as empresas e com universidades e institutos de ciência e tecnologia existentes. A colaboração é essencial para resolver grandes desafios, pois, sem ela, teremos a predominância de inovações incrementais. O foco é aumentar a competitividade da indústria brasileira como um todo, visando reverter o quadro da balança comercial desfavorável do Brasil.
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