Senai e MIT iniciam pesquisa sobre redes de inovação

Marcelo Prim: O grande desafio é trabalhar de maneira colaborativa, não apenas competitiva.

O Serviço Nacional de Aprendizagem industrial (Senai) dá alguns passos adiante na parceria firmada com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) no ano passado. A partir do segundo semestre, a organização dá início a um projeto de pesquisa focado em ecossistemas brasileiros de inovação para o aumento da competitividade da indústria brasileira. Com duração de cinco anos, o projeto acompanha a instalação dos Institutos Senai de Inovação. Em execução há mais de um ano,  a expectativa é de que em no máximo oito os institutos se tornem autossutentáveis. A iniciativa também conta com o apoio do instituto alemão Fraunhofer, que tem atuado para a criação dos planos de negócio dessas organizações.

 

Escalado para tomar a frente desse desafio, o especialista em Desenvolvimento Industrial, Marcelo Prim, conta que porque essa parceria será importante para o Brasil evoluir no entendimento sobre redes de inovação.

Wenobvate: De que forma será realizado o projeto de pesquisa? Ele acompanha a implantação dos institutos de inovação?

Prim: Serão dois professores titulares do MIT conduzindo uma pesquisa de cinco anos de duração, com envolvimento de estudantes de doutorado e mestrado. Haverá uma equipe no Brasil, e uma nos Estados Unidos simultaneamente. A equipe local irá analisar os ecossistemas regionais, as características das indústrias e das cadeias de valor, para então desenvolver os métodos a serem implantados. Já o MIT irá analisar o ambiente industrial brasileiro e desenvolver métodos para conectar a indústria com os Institutos Senai de Inovação e com os Institutos Senai de Tecnologia, que estão em desenvolvimento e implantação. O foco é promover a inovação pré-competitiva, integrando todo o sistema indústria (IEL, Sesi, Senai) em âmbito nacional.

Wenovate: Por que esse tema é tão relevante?

Prim: O tema é essencial, pois os Institutos Senai foram criados para conectar a academia – pesquisa básica e aplicada – com a indústria brasileira que realiza inovação. Essa ponte é determinada como inovação pré-competitiva, ou seja,  desde a realização de testes até o desenvolvimento de novos produtos. Para tal, é fundamental desenvolver o capital intelectual: desenvolver infraestrutura (prédios, equipamentos); pessoas qualificadas e competências; e relacionamento. É neste último ponto que o MIT irá nos ajudar. Relacionada a esse trabalho está a construção de uma competência nacional em comunidades de startups, promovendo inovações disruptivas que ocorram na rede de inovação do Senai através do empreendedorismo.

 

Senai de Inovação buscam modelo de trabalho em rede.

Wenovate: Como funcionam os Institutos Senai de Inovação?

 

Prim: Os Institutos Senai irão promover a inovação da indústria, através de parcerias com empresas com forte relacionamento com as universidades, através de atendimento nacional e em rede. Os grandes desafios da sociedade, como energia, sustentabilidade e segurança, devem reunir competências complementares de ISI’s de competências diferentes, juntamente com a academia e a indústria. 

Wenovate: De que forma o Senai e seus institutos de inovação se articulam?

Prim: Esse é o grande objetivo do projeto com o MIT e, portanto, a resposta está em construção. Atualmente, os Institutos estão desenvolvendo seus planos de negócio em conjunto para estruturar uma rede complementar de atendimento nacional à indústria, com tecnologias e temas diretamente alinhados com o programa Brasil Maior. Nesse meio tempo, novas ações colaborativas serão lançadas para promover a construção dessa rede nacional de inovação.

Wenovate: Quais são os desafios relacionados a essas redes?

Prim: O grande desafio é trabalhar de maneira colaborativa, não apenas competitiva. A competição será normal, dentro de um ecossistema, mas os grandes desafios precisam de uma rede estruturada para desenvolver soluções inovadoras para a indústria. Sem a rede, dificilmente chegaremos lá.

Wenovate: Quais são as dificuldades de criar uma rede nacional como é o caso do Senai? E por que investir nessa articulação é importante?

Prim: A primeira dificuldade é estrutural: precisamos prover estabelecimentos e equipamentos suficientes para realizar projetos estruturantes. A segunda é de recursos humanos: desenvolver e engajar massa crítica. A terceira é fomentar a criação de uma rede colaborativa entre Institutos Senai de competências e estados diferentes, integrando com as empresas e com universidades e institutos de ciência e tecnologia existentes. A colaboração é essencial para resolver grandes desafios, pois, sem ela, teremos a predominância de inovações incrementais. O foco é aumentar a competitividade da indústria brasileira como um todo, visando reverter o quadro da balança comercial desfavorável do Brasil.

Link: http://www.wenovate.org.br/boletim/2013_025_junho.html#entrevista

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