Ourofino (2014)

MICROPARTÍCULA PERMITE MELHORA NUTRICIONAL EM SUÍNOS

Pesquisadores do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) da Unicamp desenvolveram uma micropartícula que compreende uma composição de capim-limão e palmarosa, que pode ser empregada para o controle de doenças causadas por entobactérias, servindo como um aditivo à ração de suínos, em substituição aos antimicrobianos sintéticos utilizados como promotores do crescimento animal.

licenciamento ourofino unicamp

De acordo com Marta Cristina Teixeira Duarte, coordenadora da pesquisa e desenvolvimento da micropartícula de óleos essenciais, o grande diferencial da nova tecnologia é a obtenção natural do produto, a partir de plantas que contêm uma composição capaz de agir em diferentes alvos na célula microbiana e não apenas em um específico, como é a ação dos antibióticos empregados atualmente. Outra vantagem dessa solução tecnológica desenvolvida na Unicamp é o fato de o produto ser biodegradável. Para obtê-los, não é necessário o uso de solventes orgânicos, e os princípios ativos são de plantas facilmente cultiváveis – sem haver a necessidade de extrativismo. Estes fatores fazem com que a professora considere a tecnologia verde e sustentável.

“A nova tecnologia é um antimicrobiano para aplicação via ração que promove o controle de doenças entéricas e melhora a saúde intestinal dos animais, fazendo com que eles absorvam melhor os nutrientes da ração”, afirma Milenni Garcia Michels, coordenadora de Propriedade Intelectual da Ourofino Saúde Animal, empresa co-titular e licenciada que participou, por meio de parceria, do desenvolvimento da micropartícula. Os testes contaram ainda com o auxílio dos pesquisadores Glyn Mara Figueira, Mary Ann Foglio, Ana Lúcia Tasca Gois Ruiz, Rodney Alexandre Rodrigues, João Ernesto de Carvalho e Benício Pereira, todos do CPQBA. A pesquisa foi apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), no âmbito do programa PITE/Fapesp.

A tecnologia já foi testada na alimentação de suínos e demonstrou resultados positivos e satisfatórios. “Ensaios in vivo mostraram que quando óleos essenciais microencapsulados foram adicionados em baixas concentrações à dieta de leitões recém-desmamados, estes apresentaram desempenho superior ao dos animais tratados com antibióticos controles”, explica a professora Marta. Milenni conta que a micropartícula foi aprovada em testes prévios e que há interesse da indústria em registrar o produto no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e comercializá-lo. “Entretanto não há previsão de chegada ao mercado, pois ainda são necessários outros testes e a etapa de registro no MAPA”, revela a coordenadora da PI da Ourofino.

Na opinião de Milenni, a nova tecnologia é um importante salto tecnológico no setor de suínos, podendo ser aplicada também à criação de aves. “Os ativos de fonte natural estão de acordo com a tendência mundial, de novos aditivos alimentares”, avalia.

Por se tratar de uma tecnologia desenvolvida em conjunto, a Ourofino é cotitular da patente depositada em 2012 no Brasil e em 2013 no exterior. Assim, possui exclusividade na exploração comercial da micropartícula de cuja composição compreende óleos essenciais e agentes. “Os benefícios da parceria foram vários, dentre eles a interação com um importante grupo de pesquisa e a possibilidade de ter um produto inovador no nosso portfólio”, comenta Milenni.

A professora aponta também para a importância do relacionamento entre universidade e empresas, buscando o desenvolvimento de tecnologias inovadoras. “Trata-se do desenvolvimento de uma tecnologia nacional, o que demonstra que a interação universidade-empresa é imprescindível para gerar, em curto prazo, novos produtos e tecnologias. Espero que esta tecnologia seja um incentivo para que pesquisadores e alunos continuem na busca pela substituição de outros produtos sintéticos por produtos naturais”, aponta Marta.

A coordenadora de PI da Ourofino reitera que a Agência de Inovação Inova Unicamp teve um papel decisivo na tramitação da parceria e do licenciamento, desde os primeiros passos até o alinhamento de entendimentos sobre a relação entre universidade e empresa para aprovação do contrato de licenciamento: “a Agência tem modelos bem estruturados e consegue mediar as necessidades que envolvem essa relação”. Já Marta defende que o apoio da Inova foi essencial tanto na etapa de negociação do licenciamento com a empresa, como na fase de realização da busca de anterioridade, análise de patenteabilidade, redação de patente e proteção da tecnologia. “Isso só foi possível em curto prazo por podermos contar com profissionais especializados e atualizados em relação às leis de propriedade intelectual”, conclui a professora do CPQBA.

 

SOBRE A OUROFINO

Fundada pelos amigos de infância Norival Bonamichi e Jardel Massari, em 1987, a Ourofino Saúde Animal está localizada em Cravinhos, na região de Ribeirão Preto (SP). O objetivo inicial da empresa era distribuir insumos veterinários. Embora tenham sido as soluções para bovinos que alavancaram a indústria, o primeiro produto de fabricação própria foi o Trissulfin, voltado para avicultura e comercializado até hoje. Atualmente, a linha de produtos da Ourofino atende à sanidade de bovinos, equinos, aves, suínos e animais de estimação. Atende mais de 4.700 clientes, incluindo revendas, cooperativas, agroindústria e produtores rurais. A empresa conta com mais de 1.300 colaboradores. Em 2014, pela segunda vez consecutiva, foi eleita uma das cinco melhores companhias do setor farmacêutico para se trabalhar no Brasil, pela revista Você S/A. Também recebeu o título como uma das “Melhores empresas para trabalhar”, da Época, com classificação entre as 25 principais Grandes Empresas do país. Desde 2010, a Ourofino atua também no mercado de imunobiológicos, com a fabricação da vacina contra febre aftosa.

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